Eu vivo com HIV/AIDS desde 1997. A minha história com o vírus você jamais verá nas mídias ditas e pseudo profissionais. Até porque as mesmas não se interessam por pessoas que, "como eu, fazem parte da maioria absoluta que não distorce a realidade", para lacrar, influenciar, ganhar notoriedade, likes e monetizar. Eu sou um vencedor!

TRATAMENTO DO HIV PODE PREVENIR INFECÇÃO PELA COVID EM PESSOAS QUE VIVEM COM O VÍRUS

Certos medicamentos usados ​​para tratar o HIV podem ter um papel na prevenção de infecções por SARS-CoV-2, de acordo com dados preliminares que podem ajudar a explicar, porque as pessoas que vivem com a doença não parecem estar em maior risco de COVID grave. apesar de serem geralmente mais vulneráveis às infecções.

Médicos na França estudaram mais de 500 pessoas com HIV, um terço das quais estava recebendo tratamento de longo prazo com medicamentos inibidores de protease como parte de sua terapia antiviral. Ao longo de um ano, infecções por SARS-CoV-2 foram diagnosticadas em 12% dos participantes que tomaram inibidores de protease e 22% daqueles que não receberam esses medicamentos. Quatro pacientes do grupo não inibidor de protease foram internados no hospital com COVID-19.

Depois de contabilizar outros fatores de risco, os indivíduos que tomam inibidores de protease foram 70% menos propensos a serem infectados com SARS-CoV-2 do que os pacientes que não estavam tomando esses medicamentos, de acordo com dados programados para apresentação no próximo mês no Congresso Europeu de Microbiologia Clínica e Doenças infecciosas.

Alguns novos tratamentos para o COVID-19 usam inibidores de protease, que impedem a multiplicação do vírus. "Os medicamentos inibidores de protease têm um longo histórico de uso, um bom perfil de segurança e geralmente são bem tolerados", disse o Dr. Steve Nguala, do Intercommunal Hospital Center de Villeneuve-Saint-Georges, em um comunicado. Eles têm o potencial "para evitar a propagação de infecções e mutação de variantes futuras", disse ele, acrescentando que são necessários estudos maiores para confirmar as descobertas.

Fonte: Reuters

POR QUE NÃO CONSEGUIMOS NOS LIVRAR DO HIV?

Um novo estudo revela o motivo pelo qual não conseguimos nos livrar totalmente do HIV mesmo após o tratamento intensivo com antirretrovirais. O estudo foi realizado pela Universidade de Alberta (Canadá) e publicado na revista científica PLOS Pathogens em 24/03/2022.

Como sabemos, o vírus HIV é o causador da AIDS, e pode ser adquirido de diversas formas, embora a mais predominante seja através da relação sexual sem preservativos (camisinha). Atualmente existem várias formas de tratamento, e, portanto, o diagnóstico não é mais uma sentença de morte. No entanto, ainda não é possível se livrar totalmente dele, pois partes do vírus ficam armazenadas em nossos tecidos, onde células de defesa do nosso organismo não conseguem encontrá-los. O novo estudo indica uma razão para que isso aconteça, tudo tem a ver com uma proteína, ou melhor, a falta dela.

Segundo o autor do estudo, o imunologista Shokrollah Elahi, em pacientes infectados pelo HIV havia pouco ou mesmo nenhuma presença de uma proteína chamada CD73. Essa proteína está relacionada à migração e movimento de células dentro de um tecido, e a falta dela impede as células T, que atuam no sistema imunológico com a função específica de matar células com vírus, de se moverem por esses tecidos para procurar, encontrar e destruir o HIV. "Esse mecanismo explica uma razão potencial pela qual o vírus HIV fica no tecido humano para sempre, e isso nos dá a oportunidade de criar novos tratamentos que podem ajudar as células T a melhor migrarem para áreas de acesso às células infectadas em diferentes tecidos", disse Shokrollah.

A queda da CD73 em pacientes infectados pelo HIV se dá pela infecção crônica que o vírus causa, este é um dos sintomas imunológicos enfrentados por quem é afetado por ele. "Após três anos de estudos, nós descobrimos que a inflamação crônica resulta em níveis ampliados de um tipo de RNA encontrado em células e no sangue, chamado 'microRNA'. Esse tipo de RNA é relativamente pequeno e pode se amarrar a RNAs mensageiros para impedi-los de criar mais proteína CD73. Nós descobrimos que isso vinha causando uma supressão do gene que produz a proteína".

"RNA" é a sigla em inglês para "ácido ribonucleico", uma molécula polimérica linear que intervém em várias funções biológicas importantes como a codificação genética, e a descodificação durante a tradução de proteínas, regulação e expressão dos genes. Paralelamente, o time descobriu que essa é a mesma razão pela qual pacientes de HIV têm menor risco de desenvolver esclerose múltipla: "nosso estudo sugere que a presença reduzida ou inexistente da CD73 pode ser benéfica para indivíduos infectados, protegendo-os da esclerose. Por isso, se atentar a essa proteína também pode trazer tratamentos inovadores para quem sofre dela".

O estudo não vai parar: Elahi disse que o próximo foco é identificar formas de manipular o gene que produz a proteína CD73, de forma que ele possa ser acionado em pacientes com HIV, mas desligado em pacientes com esclerose múltipla. Até lá, o especialista urge para que os métodos atuais de proteção e prevenção continuem sendo usados: "sempre usar a camisinha em relações sexuais, este ainda é o melhor método de prevenção, além de realizar exames regulares de testes para infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) e ter atenção especial à higiene, por onde pode se ter um diagnóstico antecipado de HIV ou outras infecções e, com isso, iniciar um tratamento antes de uma progressão mais severa".

Além disso, o Sistema Único de Saúde (SUS) já implementou práticas como Profilaxia Pré-exposição (PrEP) e Pós-exposição (PEP), que consiste na oferta de remédios antirretrovirais em caráter preventivo para não infectados, e de controle infeccional para quem já está infectado. Em ambos os casos, a manutenção do tratamento assegura uma capacidade de transmissão viral quase nula.

FONTES: PLOS PATHOGENS - OLHAR DIGITAL

TRATAMENTO INOVADOR DE PREVENÇÃO AO HIV SERÁ INTRODUZIDO NO BRASIL

"A organização internacional Unitaid vai financiar a introdução no Brasil e na África do Sul de um tratamento preventivo inovador para o HIV (tratamento injetável de ação prolongada)".

Este programa é direcionado a um público muito particular: adolescentes e mulheres jovens da África do Sul, por serem atualmente as primeiras afetadas pelo HIV, as pessoas trans e homens que fazem sexo com homens no Brasil, que são também segmentos da população altamente afetados. "Em comunicado, a Unitaid explica que esta versão injetável da profilaxia pré-exposição (PrEP), também chamada de cabotegravir de ação prolongada, é a mais recente inovação na prevenção do HIV". 

Os Estados Unidos e a Inglaterra acabaram de aprovar esse sistema, embora ainda não esteja disponível. O custo nos Estados Unidos é de 22.000 dólares ao ano (por pessoa). Obviamente, não podemos ter um custo de 22.000 dólares por ano nos países em desenvolvimento. É por isso que a Unitaid existe e é por isso que negociamos com as empresas farmacêuticas para ter os custos mais baratos possível. O diretor Executivo da Unitaid, Philippe Duneton, "acrescentou que precisamos de ação urgente para garantir que as pessoas em todos os lugares possam se beneficiar".

"O tratamento demonstrou ser entre 70% e 90% mais eficaz do que a PrEP oral diária na redução do risco de infecção pelo HIV e requer apenas seis injeções por ano, de acordo com a organização".

Em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) no Brasil e a Wits RHI na África do Sul, além de autoridades de saúde dos dois países, a Unitaid acabará incluindo esse tipo de tratamento nos programas nacionais de saúde sexual. Na África do Sul, as adolescentes e as mulheres jovens apresentam taxas de infecção desproporcionalmente altas. Na África Subsaariana, as mulheres jovens têm o dobro de chances de se infectar com HIV do que os homens jovens.

"Graças aos investimentos da Unitaid, as comunidades brasileiras desproporcionalmente afetadas pelo HIV serão as primeiras do mundo a se beneficiar deste novo tratamento preventivo", elogiou o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, no comunicado. No Brasil, 30% de transexuais e 18% dos homens que fazem sexo com homens vivem com HIV, segundo a Unitaid. A expectativa é que com mais opções de prevenção, seja expandida a cobertura para aqueles com maior risco de infecção pelo vírus.

De acordo com o diretor de Comunicação da Unitad no Brasil, Mauricio Cysne, as injeções proporcionam um método mais eficaz e mais discreto de prevenção do HIV, ajudando a reduzir o estigma e a discriminação que as pílulas podem causar. Para prevenir o HIV em grupos de alto risco, os investimentos da Unitaid no Brasil e na África do Sul possibilitarão alguns dos primeiros acessos ao novo medicamento de ação prolongada. O cabotegravir é um novo método alternativo de prevenção do HIV que substitui as pílulas diárias por uma injeção seis vezes por ano.

"A agência explica que a profilaxia pré-exposição oral, ou PrEP oral, pode prevenir a infecção pelo HIV em 99% dos casos, mas apenas quando tomada conforme prescrito".

DESAFIOS: Cysne afirma que, no Brasil, os programas visam atingir dois grupos com as maiores taxas de prevalência do vírus. Segundo as estimativas, 30% das pessoas trans e 18% dos homens que fazem sexo com homens  vivem com o HIV.  Assim, com mais opções de prevenção disponíveis, a Unitaid espera dar mais oportunidades para o uso de tratamentos preventivos e ajudar a reduzir a taxa de novas infecções pelo vírus da Aids em todo o mundo.

Segundo o Unitaid, o cabotegravir também auxilia nos desafios que os usuários enfrentam com as pílulas regulares, que reduzem o impacto da PrEP oral. O tratamento também ajuda a combater o estigma e a discriminação. O porta-voz do Unitaid, Hervé Verhoosel, afirmou que os novos produtos ampliam significativamente as opções oferecidas aos usuários, capacitando as pessoas a assumir o controle de sua saúde e selecionar o método mais adequado às suas preferências e estilo de vida.

A Unitaid é a agência especializada em criar acesso equitativo à inovação em saúde em países de baixa e média renda. Para esse projeto, e entidade fechou parceria com a Fiocruz no Brasil e com a Wits RHI, África do Sul. Também em colaboração com as autoridades locais de saúde, os parceiros integrarão produtos nos serviços de prevenção e saúde sexual existentes nos países participantes.

FONTE: ONU NEWS

DIAGNÓSTICO TARDIO DE HIV EM IDOSOS CRESCE E PREOCUPA NO MUNDO TODO

Entre as pessoas diagnosticadas com HIV com mais de 50 anos, a proporção diagnosticada em estágio tardio é maior do que entre as pessoas mais jovens, em quase todas as regiões globais examinadas pela professora Amy Justice da Universidade de Yale no The Lancet HIV. Embora as taxas de diagnóstico tardio tenham caído entre os mais jovens em muitas regiões nos últimos anos, houve menos progresso para os idosos.

Os dados provêm do consórcio International Epidemiology Databases to Evaluate AIDS (IeDEA), que agrupa sete grandes grupos de pessoas vivendo com HIV. Foram analisados ​​dados a partir do ano 2000, com particular incidência nos dados disponíveis mais recentes (2017 a 2019, consoante a região). As pessoas com contagem de células CD4 abaixo de 350 (quando o tratamento precisa ser iniciado sem demora) foram consideradas com diagnóstico tardio.

Os dados das pesquisas mais recentes mostram que uma proporção significativa de pessoas tinha mais de 50 anos quando foi diagnosticada com HIV: 24% na América do Norte, 19% na África Ocidental, 15% na Ásia-Pacífico, 13% na África Central, 12 % na África Oriental, 11% na América Latina e Caribe e 8% na África Austral. Nas coortes africanas, mais homens do que mulheres foram diagnosticados com mais de 50 anos, enquanto nas Américas foi o contrário.

O diagnóstico tardio foi comum entre pessoas com menos de 50 anos em todas as coortes, mas as taxas foram maiores em pessoas com idade entre 50 e 64 anos. As diferenças foram mais marcantes na África Oriental (54% das pessoas com menos de 50 anos foram diagnosticadas tardiamente, versus 67% das pessoas com mais de 50 anos), América Latina e Caribe (49% vs 61%) e região Ásia-Pacífico (69% vs. 81%). (A única região incluída na análise que não seguiu este padrão foi a África Ocidental (63% vs 62%)).

Além disso, as disparidades entre os mais jovens e os mais velhos estão piorando nessas regiões. No leste da África e na América Latina, até cerca de 2004, a contagem média de CD4 no diagnóstico era bastante semelhante para pessoas mais jovens e mais velhas, mas aumentou mais rapidamente para a faixa etária mais jovem desde então. Na Ásia-Pacífico, a diferença começou a aparecer depois de 2008.

Os autores sugerem que isso pode ocorrer porque as estratégias de teste e tratamento são frequentemente direcionadas a adultos mais jovens. "É hora de adaptar a linguagem e os meios de comunicação para alcançar os idosos de forma mais eficaz com as intervenções de prevenção, diagnóstico e tratamento do HIV", dizem Amy Justice e colegas.

Eles recomendam uma expansão dos programas universais de triagem de HIV em que todos os pacientes, e não aqueles com fatores de risco específicos, recebam testes de HIV. "Em muitos países, os indivíduos mais velhos não são vistos pelos profissionais de saúde, nem se veem como em risco de contrair o HIV", dizem os autores. A triagem universal seria menos estigmatizante, mas algumas diretrizes têm restrições de idade (por exemplo, a diretriz dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA, que inclui apenas pessoas de 13 a 64 anos).

Testes em resposta a "condições indicadoras" que podem estar ligadas ao HIV também devem ser ampliados. Um desafio é que algumas dessas condições são mais comuns em pessoas mais velhas e, portanto, podem não levar ao teste de HIV como fariam em pessoas mais jovens. Como tanto o teste universal quanto o teste de condição indicadora exigem que os médicos que não estão focados no HIV considerem a possibilidade de infecção pelo HIV, lembretes automáticos nos registros eletrônicos de saúde devem levá-los a solicitar um teste.

O autoteste de HIV deve ser promovido, pode ser especialmente benéfico para pessoas preocupadas com a privacidade, como pessoas que enfrentam o duplo estigma da idade e do status de minoria sexual. Os autores recomendam a discussão clínica de rotina sobre saúde sexual e uso de substâncias com os pacientes. Para aqueles em risco de HIV, a PrEP deve ser discutida, reconhecendo seus benefícios de prevenção e preocupações com a saúde renal e a polifarmácia.

É hora de incluir metas para reduzir diagnósticos tardios ao lado das metas 95-95-95 do UNAIDS para 2030? Pergunta um editorial de HIV da Lancet que acompanha a análise.

"Garantir o progresso exigirá prevenção e testes direcionados ao HIV naqueles em risco de diagnóstico tardio, entre os quais os idosos são uma proporção substancial. Todos que contraem o HIV se beneficiariam com o diagnóstico imediato e o início do tratamento, ideias preconcebidas sobre adultos mais velhos não devem ser uma barreira para os cuidados".

FONTE: AIDSMAP

3 NOVAS VACINAS CONTRA HIV ESTÃO SENDO TESTADAS NOS ESTADOS UNIDOS

Nos Estados Unidos, o Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas (Niaid) começa a testar três fórmulas diferentes de uma vacina de mRNA (RNA mensageiro) contra o HIV em humanos. Os imunizantes usam a mesma tecnologia das vacinas contra a covid-19 e foram desenvolvidos em parceria com a farmacêutica Moderna. 

Apelidado de HVTN 302, o estudo clínico de Fase 1 para uma vacina de mRNA contra o HIV deve ser concluído até o mês de julho de 2023. Inicialmente, cerca de 100 voluntários saudáveis devem ser recrutados para a pesquisa que busca imunizar contra o vírus da Aids.

“Encontrar uma vacina contra o HIV provou ser um desafio científico desafiador”, afirmou Anthony S. Fauci, diretor do Niaid, em comunicado. “Com o sucesso das vacinas seguras e altamente eficazes contra a covid-19, temos uma excelente oportunidade de aprender se a tecnologia de mRNA pode alcançar resultados semelhantes contra a infecção pelo HIV”, pontua sobre a pesquisa dos EUA.

De forma geral, uma vacina de mRNA entrega uma “fórmula” (o material genético) que instrui o corpo a produzir um fragmento de uma proteína específica de um agente infeccioso, como o vírus da covid-19 ou do HIV. Após a injeção, o sistema imunológico passa a reconhecer esse fragmento e, em caso de infecções futuras, pode gerar uma resposta imune contra o invasor. No atual estudo, serão examinadas a segurança e a capacidade de desencadear uma resposta imune de três vacinas contra o HIV:

- A fórmula mRNA BG505 MD39.3;

- A fórmula mRNA BG505 MD39.3 gp151;

- A fórmula mRNA BG505 MD39.3 gp151 CD4KO.

Pode parecer curioso o fato de três fórmulas diferentes serem testadas nos EUA, mas não é. Isso ocorre porque pesquisadores planejam testar fórmulas que atuam contra três proteínas específicas, e diferentes, do vírus da Aids. Estes três pontos interferem na capacidade do agente infeccioso em invadir as células humanas. A ideia é encontrar o ponto mais promissor. Vale ressaltar que nenhuma das fórmula envolve o vírus vivo ou fragmentos dele e todas contêm apenas informação genética (mRNA). Isso significa que, em nenhuma hipótese, podem causar a infecção. “Nenhuma das três vacinas candidatas pode causar infecção pelo HIV”, reforça o Niaid, em nota.

Na primeira etapa do estudo clínico de Fase 1, os voluntários serão divididos em três grupos, cada um com 18 participantes que não convivem com o HIV. Cada grupo receberá uma fórmula diferente da vacina de mRNA contra o vírus da Aids. No total, os voluntários devem receber três doses da vacina, através de injeções intramusculares de 100 microgramas.

Na segunda etapa, os cientistas norte-americanos só continuarão a testar aquelas fórmulas experimentais que foram seguras e que geraram alguma resposta imune. Novamente, serão recrutados três grupos, cada um com 18 voluntários. Os grupos devem receber fórmulas diferentes entre si com três doses, mas, agora, a concentração será diferente. As doses conterão 250 mcg da vacina.

Durante o estudo, as respostas imunológicas serão examinadas a partir de amostras de sangue dos voluntários. Além disso, os participantes serão acompanhados para que seja possível identificar possíveis efeitos adversos. “Esta fase deve ser concluída até julho de 2023”.

Por: Fidel Forato - Editado por Luciana Zaramela (CanalTech)

Fonte: NIH - National Institutes of Health

VAMOS TER UMA VACINA PARA ACABAR COM A PANDEMIA DE AIDS QUE JÁ DURA 40 ANOS?

Pandemia, passou de uma palavra quase esquecida para uma realidade diária, nos últimos dois anos. Contudo, ao voltarmos 40 anos no tempo além desses dois últimos, temos o início de outra pandemia que se arrasta há quatro décadas, transformando vidas, sistemas e visões de saúde, políticas públicas, tecnologia médica e a maneira como nos organizamos socialmente.

Desde que foi descrita na década de 80 como uma doença que acometia rapidamente indivíduos do sexo masculino e que levava o corpo a um estado de fragilidade e de consumo, possibilitando o aparecimento de doenças oportunistas, o vírus da imunodeficiência humana, HIV, modificou paradigmas da humanidade.

“O agente etiológico da síndrome da imunodeficiência humana adquirida (AIDS), foi descoberto por Gallo e Montagnier e passou a ser a letra escarlate das pessoas que passavam a viver com ele”.

Passando por períodos de grande estigmatização de pessoas homossexuais, que eram consideradas uma população de risco, a infecção pelo HIV foi fonte da maior parte da organização do sistema único de saúde, o SUS, ao longo da construção da política pública para controle desse agravo. Nesses últimos 40 anos de pandemia, um dos maiores avanços foi o entendimento de não haver grupos de risco, mas sim comportamentos de risco, como a presença de múltiplos parceiros e relações sexuais desprotegidas.  

Com cerca de 37 milhões de pessoas vivendo com o vírus ao redor do mundo, o Brasil ocupa destaque abrigando 966 mil pessoas nessa condição, atualmente. Infelizmente, após um breve período de estabilidade, a transmissão do vírus voltou a aumentar, especialmente entre homens jovens de 15 a 29 anos, uma população que desde que nasceu conviveu com o vírus como parte de sua realidade. É justamente essa convivência com o vírus, que graças a evolução nas formas de tratamento, de modo pacífico, que diminui o limiar de alerta para os riscos de saúde, associados à presença do HIV sem controle.  

Avanços terapêuticos e futuro do HIV:

Os avanços terapêuticos, que do objetivo de um tratamento único, monoterapêutico, passou para um tratamento múltiplo, objetivando o bloqueio de acesso do vírus ao sistema imune por diversas vias, tem gerado especulações grandes com relação ao futuro. De uma sentença de quase condenação na década de 80, saltamos hoje para uma esperança de cura, em que procedimentos análogos à transplantes têm gerado novo ânimo na comunidade científica, que vislumbra a possibilidade de existir uma cura para o HIV. 

Enquanto isso não se torna um fato concreto, o que sabemos é que as opções terapêuticas hoje disponíveis são capazes de tornar a carga viral um hospedeiro indetectável, o que é sinônimo de intransmissibilidade. De mesmo modo, o uso do preservativo como única forma de prevenção deu lugar à possibilidade de esquemas de profilaxia de pré e pós exposição, como estratégias de controle associadas à detecção e tratamento precoces. Os impactos disso podem ser observados no aumento da longevidade de pessoas que vivem com o HIV hoje ao redor de todo o mundo. Além disso o sopro de esperança de um mundo livre do HIV parece se tornar mais próximo quando pensamos nas possibilidades de prevenção primária para a transmissão do HIV: vacinas. 

Por sua grande mutabilidade, essa sempre foi uma das dificuldades de estabilizar um imunizante para esse vírus. Contudo, desde a prova de viabilidade realizada em amostras experimentais, no fim do ano passado, para um imunizante com tecnologia de RNA mensageiro semelhante à utilizada no combate à Covid-19, essa esperança parece, pouco a pouco, se materializar mais. Nesse último mês de janeiro, pesquisadores americanos ligados à farmacêutica Moderna, iniciaram um trial de fase 1 para teste da vacina contra o HIV. Nesse estudo, 56 pacientes saudáveis e sem o vírus irão receber esquemas com o imunizante, de forma que 48 receberão duas doses, 36 receberão doses de reforço em associação e 8 receberão apenas doses de reforço. No momento atual, a intenção dos pesquisadores é avaliar a segurança do imunizante, de modo direto, e de modo indireto sua eficácia, com um seguimento de seis meses.

“Nunca uma estratégia de prevenção primária esteve tão próxima de se tornar realidade para o HIV”.

Na prática, as estratégias de prevenção ainda continuam sendo: utilização de preservativos, detecção e tratamento precoces, educação em saúde, utilização de profilaxia pré exposição para grupos com comportamento de risco e profilaxia pós exposição para grupos com exposição de risco. Contudo, muito em breve esperamos trazer resultados parciais desse trial, tão logo estejam disponíveis. 

Autor: Dr. Marcelo Gobbo Jr.

 FONTE: PEBMED

TODA SEMANA 5000 MULHERES JOVENS SÃO INFECTADAS PELO HIV

Segundo o Unaids, 53% das pessoas que vivem com HIV/aids no mundo são mulheres. Os dados são de 2020 e mostraram que há 37,7 milhões de pessoas no total, infectadas pelo vírus. O fato de a maioria da população que vive com HIV ser composta por mulheres, mostra o nível de vulnerabilidade a qual elas estão expostas em todos os continentes. 

As novas infecções pelo HIV foram reduzidas em 52% desde o pico em 1997. Mulheres e meninas foram responsáveis por 50% de todas as novas infecções em 2020. A mesma pesquisa mostrou que 79% das mulheres adultas com 15 anos ou mais tinham acesso ao tratamento, e que 85% das mulheres grávidas vivendo com HIV tiveram acesso a medicamentos antirretrovirais para prevenir a transmissão do HIV para suas crianças em 2020. Isso mostra que, na maioria dos casos, as mulheres descobrem o HIV durante o pré-natal. Além disso, o risco de contrair HIV é considerado 26 vezes mais alto para as trabalhadoras do sexo. Já a mortalidade por aids, diminuiu em 53% entre mulheres e meninas desde 2010. 

Na África subsaariana, seis em cada sete novas infecções pelo HIV entre adolescentes de 15 a 19 anos de idade estão entre meninas. As jovens mulheres de 15 a 24 anos têm duas vezes mais probabilidade de estarem vivendo com o HIV do que os homens. Cerca de 4200 adolescentes e mulheres jovens entre 15 e 24 anos de idade foram infectadas com o HIV a cada semana em 2020. Mais de um terço (35%) das mulheres em todo o mundo já sofreram violência física e/ou sexual por um parceiro íntimo ou violência sexual por um não-parceiro em algum momento de suas vidas. 

Em algumas regiões, as mulheres que sofreram violência física ou sexual do parceiro íntimo têm 1,5 vezes mais probabilidade de adquirir o HIV do que as mulheres que não sofreram tal violência. Na África subsaariana, as mulheres e meninas responderam por 63% de todas as novas infecções pelo HIV em 2020. Neste contexto pode-se entender a relevância de datas simbólicas como o Dia Internacional da Mulher, celebrado em 8 de março.

As histórias que remetem à criação do Dia Internacional da Mulher alimentam o imaginário de que a data teria surgido a partir de um incêndio em uma fábrica têxtil de Nova York em 1911, quando cerca de 130 operárias morreram carbonizadas. Sem dúvida, o incidente ocorrido em 25 de março daquele ano marcou a trajetória das lutas feministas ao longo do século 20, mas os eventos que levaram à criação da data são bem anteriores a este acontecimento.

Desde o final do século 19, organizações femininas oriundas de movimentos operários protestavam em vários países da Europa e nos Estados Unidos. As jornadas de trabalho de aproximadamente 15 horas diárias e os salários medíocres introduzidos pela Revolução Industrial levaram as mulheres a greves para reivindicar melhores condições de trabalho e o fim do trabalho infantil, comum nas fábricas durante o período.

O primeiro Dia Nacional da Mulher foi celebrado em maio de 1908 nos Estados Unidos, quando cerca de 1500 mulheres aderiram a uma manifestação em prol da igualdade econômica e política no país. No ano seguinte, o Partido Socialista dos EUA oficializou a data como sendo 28 de fevereiro, com um protesto que reuniu mais de 3 mil pessoas no centro de Nova York e culminou, em novembro de 1909, em uma longa greve têxtil que fechou quase 500 fábricas americanas.

Com a Primeira Guerra Mundial (1914-1918) eclodiram ainda mais protestos em todo o mundo. Mas foi em 8 de março de 1917 (23 de fevereiro no calendário Juliano, adotado pela Rússia até então), quando aproximadamente 90 mil operárias manifestaram-se contra o Czar Nicolau II, as más condições de trabalho, a fome e a participação russa na guerra – em um protesto conhecido como “Pão e Paz” – que a data consagrou-se, embora tenha sido oficializada como Dia Internacional da Mulher, apenas em 1921.

Somente mais de 20 anos depois, em 1945, a Organização das Nações Unidas (ONU) assinou o primeiro acordo internacional que afirmava princípios de igualdade entre homens e mulheres. Nos anos 1960, o movimento feminista ganhou corpo, em 1975 comemorou-se oficialmente o Ano Internacional da Mulher e em 1977 o “8 de março” foi reconhecido oficialmente pelas Nações Unidas.

FONTES: UNAIDS - AGÊNCIA DE NOTICIAS DA AIDS

MEDICAMENTOS PARA HIV, DIABETES E HEPATITE SÃO EFICAZES CONTRA COVID

Diversos medicamentos aprovados pelo órgão regulatório dos EUA (FDA), incluindo para diabetes tipo 2, hepatite C e HIV, reduzem significativamente a capacidade da variante delta do Sars-CoV-2 de se espalhar pelo corpo humano.

Uma equipe liderada por cientistas da Universidade de Penn State descobriu que esses remédios inibem enzimas virais chamadas proteases, que são essenciais para a replicação do coronavírus nas células. “As vacinas para Sars-CoV-2 têm como alvo a spike, mas essa proteína está sob forte pressão de seleção e, como vimos com a ômicron, pode sofrer mutações significativas. Permanece uma necessidade urgente ter agentes terapêuticos que tenham como alvo partes do vírus, além da proteína spike, que não são tão prováveis de evoluir”, afirma Joyce Jose, professora-assistente de bioquímica e biologia molecular da Penn State e uma das autoras do estudo, publicado na revista Communications Biology.

Pesquisas anteriores demonstraram que duas proteases do Sars-CoV-2, a Mpro e a Plpro, são alvos promissores para o desenvolvimento de antivirais. Segundo Joyce José, essas enzimas são relativamente estáveis. Portanto, é improvável que desenvolvam mutações resistentes aos remédios rapidamente. O medicamento para covid-19 da Pfizer, o Paxlovid, por exemplo, tem como alvo a Mpro.

Katsuhiko Murakami, professor de bioquímica e biologia molecular da Penn State, explica que, devido à capacidade de clivar ou cortar proteínas, as proteases são essenciais para a replicação do Sars-CoV-2 em células infectadas. “O coronavírus produz proteínas longas de seu genoma de RNA, as poliproteínas, que, de maneira ordenada, devem ser clivadas em proteínas individuais por essas proteases, levando à formação de enzimas e proteínas virais funcionais para iniciar a replicação do vírus assim que ele entra na célula. Se você inibir uma dessas proteases, a disseminação do Sars-CoV-2 na pessoa infectada pode ser interrompida”.

Em busca desse efeito, a equipe projetou um ensaio para identificar rapidamente os inibidores das proteases Mpro e PLpro em células humanas vivas, o que os permitiu avaliar, também, toxicidade de possíveis inibidores. Para isso, testaram uma biblioteca de 64 compostos, incluindo inibidores das proteases do HIV e da hepatite C, proteases de cisteína, que ocorrem em certos parasitas protozoários, e dipeptidil peptidase, uma enzima humana envolvida no diabetes tipo 2, pela capacidade deles de inibir a Mpro ou a PLpro.

Dos 64 compostos, a equipe identificou 11 que afetaram a atividade de Mpro e cinco que afetaram a atividade de Plpro, tendo como base um corte de 50% de redução na atividade de protease com 90% de viabilidade celular. Em seguida, avaliou-se a atividade antiviral desses 16 inibidores contra o Sars-CoV-2 em células humanas vivas. “Descobrimos que, quando as células foram pré-tratadas com os inibidores selecionados, apenas o MG-101 afetou a entrada do vírus nas células”, conta Anoop Narayanan, professor-associado de pesquisa de bioquímica e biologia molecular da universidade americana.

Ao investigar mais a fundo o mecanismo pelo qual o MG-101 inibe a atividade da Mpro, os cientistas descobriram que esse inibidor imita a poliproteína e se liga de maneira semelhante à protease, bloqueando, assim, a sua ligação. “Ao entender como o MG-101 se liga ao sítio ativo, podemos projetar novos compostos que podem ser ainda mais eficazes”, aposta Murakami. Agora, a equipe está no processo de projetar novos compostos com base nas estruturas descobertas. Eles também planejam testar as drogas combinadas que já demonstraram ser eficazes em testes in vitro e em camundongos.

Embora os cientistas tenham estudado a variante delta, eles enfatizam que os medicamentos provavelmente serão eficazes contra a ômicron e cepas futuras, porque visam partes do vírus que, provavelmente, não sofrerão mutações significativas. “O desenvolvimento de medicamentos antivirais de amplo espectro contra uma gama extensa de coronavírus é a estratégia final de tratamento para infecções circulantes e emergentes por esse vírus”, enfatiza Joyce José. “Nossa pesquisa mostra que o redirecionamento de certos medicamentos aprovados pelo FDA que demonstram eficácia na inibição das atividades de Mpro e PLpro pode ser uma estratégia útil na luta contra o Sars-CoV-2”.

Um estudo divulgado no The Lancet Respiratory Medicine pela Providence, um dos maiores sistemas de saúde dos Estados Unidos, confirma a eficácia geral das vacinas na prevenção de infecções graves resultantes de hospitalização por covid-19, mas também mostra um declínio substancial na proteção após seis meses. Concluído por uma equipe de médicos e cientistas da Providence Research Network, a pesquisa examinou dados de quase 50 mil internações hospitalares entre abril e novembro de 2021, descobrindo que as vacinas foram 94% eficazes na prevenção da hospitalização de 50 a 100 dias após o recebimento da injeção, mas a efetividade caiu para 80,4% entre 200 e 250 dias depois, com declínios ainda mais rápido, acima desse prazo.

FONTE: O SUL