Eu vivo com HIV/AIDS desde 1997. A minha história com o vírus você jamais verá nas mídias ditas e pseudo profissionais. Até porque as mesmas não se interessam por pessoas que, "como eu, fazem parte da maioria absoluta que não distorce a realidade", para lacrar, influenciar, ganhar notoriedade, likes e monetizar. Eu sou um vencedor!

MULHERES COM HIV PODEM ENGRAVIDAR COM SEGURANÇA

O último boletim do Ministério da Saúde, divulgado no dia 1º de dezembro, Dia Mundial de Luta contra o HIV/Aids, aponta que, nos últimos 2 anos, a taxa de detecção do HIV em mulheres gestantes tem se estabilizado no Brasil. Em 2021, foram identificadas 8.323 gestantes com a infecção pelo vírus, o que representa um aumento de 2,7% comparado ao ano de 2020.

O especialista em reprodução humana e membro da Associação Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA), Waldemar Carvalho, explica que, atualmente, é possível uma mulher portadora do HIV engravidar, mas que cuidados precisam ser tomados para que não ocorra a transmissão da doença da mãe para o feto no útero ou recém-nascido durante o parto. Segundo Carvalho, hoje em dia não é necessário que uma mulher soropositiva, que deseja engravidar, realize o processo por alguma técnica de reprodução assistida. Entretanto, o especialista alerta que, para uma gestação e parto seguros, é necessária uma avaliação do quadro clínico.

“É possível que uma mulher infectada pelo vírus HIV engravide normalmente e, para isso, é importante que ela esteja com a imunidade adequada. São realizados exames para traçar um perfil imunológico que vão identificar se essa paciente está num estado imune adequado para uma gestação, como por exemplo a verificação das dosagens do CD4 e CD8, explica”.

A informação sobre a doença é fundamental. O ginecologista explica que antes de se falar em técnicas de reprodução assistida é necessário compreender que há uma diferença entre HIV e aids. “Primeiramente, é importante explicar que pessoas com HIV podem realizar um acompanhamento de reprodução assistida. Já pessoas que desenvolveram a aids e encontram-se num estado de comprometimento de imunidade elevado necessitam de tratamento adequado para a enfermidade, o que as torna não elegíveis”, afirma.

Os avanços farmacológicos dos medicamentos antirretrovirais têm permitido uma substancial melhora no controle clínico da imunodeficiência causada pelo HIV. Atualmente, com acompanhamento médico periódico e utilização adequada da profilaxia, é possível impedir a evolução da doença, aumentando expressivamente a sobrevida e, consequentemente, melhorando a qualidade de vida. Todavia, o especialista explica que, em muitos pacientes, há diminuição da fertilidade. “Quanto mais equilibrado estiver o sistema imunológico, menores serão esses efeitos negativos”, alerta.

Reprodução assistida para a mulher soropositiva: Quando as mulheres são portadoras do vírus e optam pela reprodução assistida para realizar uma gestação, utiliza-se a técnica de fertilização in vitro (FIV). Para isso, faz-se necessária a preparação de estimulação ovariana, a recuperação oocitária, o preparo do sêmen e realização de uma técnica chamada injeção intracitoplasmática de espermatozoides (ICSI), que consiste em depositar um único espermatozóide dentro de cada óvulo.

A embriologista e membro da SBRA, Íris Cabral, explica que uma limitação para mulheres soropositivas se dá no congelamento de óvulos e embriões. “Existe um risco, mesmo que baixo, de o material estar contaminado e, como é armazenado em um tanque comum, pode haver transmissão do vírus, já que o nitrogênio banha todos os embriões para preservá-los. Nesses casos, são indicados serviços que possuem tanques para patologias específicas, onde o armazenamento do material de casais sorodiscordantes é uma possibilidade”, salienta.

“Seja a gestação realizada por meio de tratamento de reprodução assistida ou de forma natural, a paciente deve ser acompanhada por um infectologista. A mãe fará uso regular da terapia antirretroviral durante a gravidez, além de ser impossibilitada de amamentar. Esse método reduz expressivamente o risco de transmissão do vírus HIV para a criança, que cai de 20% para 2%”.

Para o homem soropositivo: estes podem apresentar alterações no sêmen, o que pode dificultar ou impossibilitar uma gestação. A embriologista explica que o tratamento com o homem soropositivo é mais fácil de manejar em reprodução assistida graças ao processo de lavagem seminal. “Essa lavagem é uma filtragem feita em laboratório. Lavamos o sêmen e o separamos do líquido seminal para que fique apenas com a alíquota de células espermáticas. A partir da lavagem é possível retirar o vírus e filtrar uma parte de sêmen limpo. Em seguida, utilizamos uma técnica de baixa complexidade, a inseminação intrauterina, já sem o risco da transmissão. O médico deposita perto das trompas da paciente uma fração de sêmen lavado. Não temos relato na literatura de transmissão do vírus HIV por sêmen lavado”, detalha Íris.

Quando os dois são soropositivos: nesse caso, o tratamento é o mesmo e deve seguir as particularidades de cada paciente, já que o HIV acomete cada pessoa de formas diferentes. Sendo assim, para assegurar uma gestação segura é fundamental um trabalho em conjunto entre o especialista em reprodução humana e o infectologista durante o tratamento de FIV e a gestação.

FONTE: DELAS IG

4 MILHÕES DE PESSOAS NÃO SABEM QUE TEM HIV

Nesta quinta-feira, Dia Mundial do Combate à Aids, a Organização Mundial da Saúde (OMS) pede que líderes globais direcionem esforços para reduzir as desigualdades que impedem o progresso necessário para que a meta de acabar com a síndrome até 2030 seja atingida. A OMS, destaca que a Aids continua a ser um grande problema de saúde que afeta uma parcela considerável da população mundial.

"Segundo a organização, por exemplo, 4 milhões de pessoas vivem com o vírus do HIV e não foram diagnosticadas, o que representa mais de 10% do total de 38 milhões de infectados". Além disso, 5,9 milhões de indivíduos que sabem que vivem com o vírus não recebem o tratamento antiviral adequado, mais de 15% do total. A falta de acesso aos medicamentos é ainda pior entre os mais novos. Seis a cada dez crianças de 5 a 14 anos não utilizam os medicamentos, apontou um novo relatório publicado nesta terça-feira pelo agência da Organização das Nações Unidas para Aids (Unaids)".

O tratamento é responsável por manter o vírus sob controle e evitar que a infecção pelo HIV cause a síndrome da imunodeficiência humana, que é a Aids. Hoje, os remédios conseguem até mesmo levar o vírus a um estágio em que é indetectável e intransmissível". Com solidariedade global e liderança ousada, podemos garantir que todos recebam os cuidados de que precisam. O Dia Mundial da Aids é uma oportunidade para reafirmar e reorientar nosso compromisso compartilhado de acabar com a Aids como uma ameaça à saúde pública até 2030", afirma Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS, em comunicado.

Com apenas oito anos de distância para a meta, a OMS pede que as lideranças mundiais garantam o acesso aos serviços relacionados à prevenção e ao tratamento do HIV especialmente entre aqueles mais em risco de exposição, em maior necessidade de amparo, entre crianças infectadas e entre populações chave e seus parceiros. "Não se deve negar às pessoas os serviços de HIV, não importa quem sejam ou onde vivam, se quisermos alcançar a saúde para todos. Para acabar com a AIDS , precisamos acabar com as novas infecções entre crianças, acabar com a falta de acesso ao tratamento para elas e acabar com as barreiras estruturais, o estigma e a discriminação contra populações-chave em todos os países o mais rápido possível", diz Meg Doherty, diretora dos programas de HIV, Hepatite e IST da OMS.

O comunicado ressalta, por exemplo, "que 70% das novas infecções por HIV têm sido detectadas em grupos populacionais marginalizados e, muitas vezes, criminalizados". Além disso, aponta que, enquanto a transmissão do vírus caiu nos últimos 10 anos de um modo geral na África, continente com o maior número de casos, esse declínio não foi significativo entre homens que fazem sexo com outros homens, o que demanda ações direcionadas, sem criar estigmas ou reforçar preconceitos.

A organização menciona ainda a sobreposição da emergência de saúde pública da varíola dos macacos, recentemente renomeada para mpox, com o problema do HIV. Dados da OMS mostram que 52% dos contaminados com o vírus monkeypox são pessoas que vivem com HIV, e que aqueles sem o vírus sob controle estão mais suscetíveis a quadros graves de mpox.

FONTE: AGÊNCIA AIDS

AIDS MATOU QUASE 110 MIL CRIANÇAS E ADOLESCENTES NO ANO PASSADO

Cerca de 110 mil crianças e adolescentes, de zero a 19 anos morreram de causas relacionadas à Aids em 2021.

Atualmente, o número de jovens vivendo com HIV é de 2,7 milhões, com 310 mil novas infecções. Os dados são do mais recente relatório global do Fundo das Nações Unidas para Infância, Unicef. O documento foi divulgado às vésperas do Dia Mundial de Combate à Aids, marcado neste 1 de dezembro.

A agência alerta que o progresso na prevenção e tratamento do HIV em crianças, adolescentes e grávidas quase estagnou nos últimos três anos. "E muitas regiões permanecem sem cobertura e serviços de saúde após a pandemia". Enquanto o número total de crianças vivendo com HIV está diminuindo, a lacuna de tratamento entre crianças e adultos continua crescendo. Nos países mais afetados, a cobertura para crianças ficou em 56% em 2020, mas caiu para 54% no ano passado. Entre as razões para esse declínio estão a pandemia de Covid-19 e outras crises globais, que aumentaram a marginalização e pobreza, mas também é um reflexo da diminuição da vontade política e de uma resposta debilitada à Aids em crianças. "Globalmente, apenas 52% de crianças vivendo com HIV tiveram acesso ao tratamento, nos últimos anos".

Apesar de representarem apenas 7% do total de pessoas vivendo com HIV, crianças e adolescentes representaram 17% de todas as mortes relacionadas à Aids e 21% de novas infecções por HIV no ano passado. "Para o Unicef, a menos que as causas das desigualdades sejam abordadas, será difícil erradicar a doenças entre crianças e adolescentes". Novas infecções por HIV entre crianças mais novas, de zero a 14 anos, caíram 52% de 2010 a 2021, e novas notificações entre adolescentes, 15 a 19 anos, também caíram 40%. Da mesma forma, a cobertura do tratamento antirretroviral ao longo da vida entre grávidas vivendo com HIV aumentou de 46% para 81% em uma única década.

A chefe adjunta de HIV/Aids do Unicef, Anurita Bains, alerta que, embora as crianças tenham ficado muito atrás dos adultos na resposta à Aids, a estagnação observada nos últimos três anos é sem precedente, colocando muitos jovens em risco de doença e morte. "Para ela, a cada dia que passa sem progresso, mais de 300 crianças e adolescentes perdem a luta contra a Aids". A cobertura entre todos os adultos vivendo com HIV foi 20% maior do que entre as crianças. A diferença é ainda maior entre crianças e gestantes vivendo com HIV. Já a porcentagem de crianças entre 0 e 4 anos vivendo com HIV e não recebendo tratamento aumentou nos últimos sete anos, subindo para 72% em 2021, tão alto quanto em 2012. Anurita Bains acredita que com compromisso político renovado para atingir os mais vulneráveis, parceria estratégica e recursos para ampliar os programas, é possível acabar com a Aids em crianças, adolescentes e grávidas.

A cobertura de tratamento para gestantes e lactantes caiu em 2020 em muitas regiões. Entre elas, Ásia e Pacífico, Caribe, África Oriental e Austral, América Latina, Oriente Médio e Norte da África e África Ocidental e Central. Ásia e Pacífico, Oriente Médio e Norte da África registraram novos declínios no ano passado. Exceto pela África Ocidental e Central, que segue com a maior carga de transmissão vertical, a de mãe para filho, nenhuma das regiões mencionadas recuperou os níveis de cobertura alcançados em 2019. "Essas interrupções colocam a vida dos recém-nascidos em maior risco. No ano passado, mais de 75 mil novas infecções infantis ocorreram porque faltou diagnóstico para as gestantes e, por conseguinte, tratamento".

FONTE: ONU NEWS

TRATAMENTO PRECOCE DO HIV/AIDS TRAZ BONS RESULTADOS

Alguns avanços científicos têm possibilitado que pessoas com o vírus da imunodeficiência humana (HIV) tenham melhor qualidade de vida.

Reconhecido na década de 1980, o HIV é o causador da síndrome da imunodeficiência humana (Aids), que tem como característica o enfraquecimento do sistema imunológico e o desenvolvimento de doenças oportunistas especialmente nos pulmões, no trato intestinal, no cérebro e nos olhos.

Em 2021, de acordo com o Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (Unaids), 38,4 milhões de pessoas viviam com HIV em todo o mundo. Segundo dados divulgados em julho, no Brasil havia 960 mil acometidos. Até janeiro de 2022, conforme o Ministério da Saúde, 694 mil pessoas estavam em tratamento. No ano passado, 45 mil iniciaram a terapia antirretroviral, que age inibindo a multiplicação do vírus. Os indícios de que os antirretrovirais seriam relevantes também na prevenção da Aids, e não apenas no tratamento dela, começaram a surgir em 2008. A partir de 2012, foi adotada no País a recomendação de uso desses medicamentos quando a contagem de células de defesa (CD4) estivesse inferior a 500 por milímetro cúbico (500/mm³), taxa que, anteriormente, era de 350 por milímetro cúbico (350/mm³).

Agora, um novo estudo apresentado em outubro na IDWeek Conference in Washington, nos Estados Unidos, apontou que começar o tratamento quando a infecção pelo HIV está no início, ou seja, quando o sistema imunológico é mais forte, proporciona melhores resultados para a saúde. Na pesquisa, um grupo de participantes iniciou o tratamento quando a contagem das células estava acima de 500/mm³, com média de 648/mm³, e o outro grupo com 460/mm³. Foram acompanhadas 4.446 pessoas, e foi demonstrado na comparação entre os grupos que o tratamento precoce melhora de forma significativa a saúde, além de diminuir a possibilidade do desenvolvimento da Aids e de outros problemas graves.

Quais são os cuidados necessários para pacientes com HIV?

Além da importância do diagnóstico e do tratamento precoce, é fundamental que os pacientes façam uso dos antirretrovirais corretamente, sem esquecer ou abandonar a terapia, para que a doença não evolua e para garantir certa qualidade de vida. Também é necessário que tenham outros cuidados, como o acompanhamento por profissionais de Saúde, a realização de exames de rotina, a contagem de linfócitos CD4, uma alimentação equilibrada e a prática de exercícios físicos.

Não há cura para o HIV, mas se as orientações forem seguidas da maneira certa podem resultar no controle da infecção e na diminuição da carga viral no organismo para um nível denominado indetectável, o que significa que o vírus deixa de poder ser transmitido. A pessoa soropositiva pode não desenvolver Aids se realizar o tratamento adequado.

Quais são os sintomas e como é feito o diagnóstico?

A transmissão do HIV ocorre por meio de relações sexuais sem proteção, objetos perfurantes (como agulhas contaminadas), transfusão de sangue e de mãe para filho durante a gravidez, no parto ou na amamentação, quando não é feito o tratamento adequado. Após a infecção, a quantidade do vírus aumenta com rapidez, na fase que é classificada como aguda e pode durar semanas. Os sintomas possíveis são febre, perda de peso, dor de cabeça, dor de garganta, cansaço, diarreia, tosse seca e suores noturnos. Esses sinais muitas vezes são confundidos com gripe, portanto é preciso ter atenção.

A segunda fase é a de latência, que pode durar vários anos, inclusive sem sintomas. A terceira fase é quando, sem tratamento, o HIV evolui para a Aids. O diagnóstico é feito por meio da coleta de sangue ou por fluído oral, exames que podem ser feitos gratuitamente no Sistema Único de Saúde (SUS). O alerta é para que, diante de qualquer situação de risco a que tenha sido exposta, a pessoa faça o teste anti-HIV. Esses exames buscam anticorpos contra o vírus, e a infecção pode ser identificada em cerca de 30 dias após a exposição. A principal forma de prevenção contra o HIV e a Aids é o uso de preservativos, tanto o masculino quanto o feminino.

Fontes: Science Daily, Ministério da Saúde,

 Unaids, Fapesp

MEDICAMENTO INJETÁVEL CONTRA AIDS PODE SALVAR MILHÕES DE VIDAS

 Foto: UNAIDS

A empresa farmacêutica que produz o cabotegravir (CAB-LA), ViiV Healthcare, comprometeu-se em julho, durante a Conferência Internacional sobre AIDS em Montreal (AIDS 2022), a compartilhar sua tecnologia e garantir um preço acessível para o CAB-LA injetável de ação prolongada. 

Mais de 100 dias após o anúncio, ativistas da área pedem que a empresa dê os próximos passos fundamentais para salvar milhões de vidas, como por exemplo, informar qual será o novo preço do medicamento para um grupo de países de baixa e média renda. 

O diretor-executivo adjunto do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS), Matthew Kavanagh disse que as medidas corajosas que podem ser tomadas pela farmacêutica para salvar vidas incluem assegurar o registro junto às agências de medicamentos em todos os países com altas taxas de HIV, anunciar o menor preço e expandir o número de países permitidos no mercado de medicamentos genéricos.

Na Conferência Internacional sobre AIDS em Montreal (AIDS 2022), que ocorreu entre 29 de julho e 2 de agosto, a empresa farmacêutica que produz o cabotegravir (CAB-LA), ViiV Healthcare, comprometeu-se a compartilhar sua tecnologia e garantir um preço acessível para o cabotegravir injetável de ação prolongada. O anúncio gerou expectativa internacional, na medida em que o CAB-LA demonstrou ser uma ferramenta segura e eficaz de prevenção do HIV. Após 100 dias do anúncio, lideranças globais de saúde dizem que há uma necessidade urgente de que a ViiV dê os próximos passos fundamentais.

A ViiV comprometeu-se durante a Conferência em Montreal em reduzir o preço do CAB-LA para um grupo de países de baixa e média renda. No entanto, a farmacêutica ainda não informou qual será este novo preço. Ativistas que atuam no campo do HIV/AIDS defendem que o preço anual por pessoa precisa ser equivalente ao da PrEP oral, na faixa das dezenas de dólares, e não de centenas de dólares. Vários governos e agências financeiras indicaram interesse em comprar o CAB-LA para a PrEP se o medicamento for oferecido por um preço acessível. Ativistas demandam à ViiV que compartilhe de forma rápida e transparente os detalhes dos preços planejados.  

“A ViiV Healthcare precisa anunciar publicamente um plano de preços provisório, que priorize a acessibilidade a fim de que os países e os órgãos responsáveis pelas aquisições possam se planejar e comprar em larga escala”, disse o diretor nacional da The Clinton Health Access Initiative na África do Sul, Yogan Pillay. “Os governos e outras entidades compradoras só vão adquirir medicamentos injetáveis  de longa duração para o HIV em escala se estes forem acessíveis e se existir um cronograma claro sobre quando estarão disponíveis” .

Expansão - Embora o compromisso da ViiV de facilitar a produção genérica de CAB-LA por meio de um acordo com o Medicines Patent Pool (MPP) para uso em 90 países seja importante, especialistas sobre HIV estão pedindo à ViiV uma expansão de países habilitados a produzir o medicamento genérico a fim de acelerar o progresso no fornecimento do produto às pessoas que mais precisam. Pelo compromisso atual, 90 países de média e baixa renda estão habilitados, o que exclui dezenas de outros países de média renda, entre os quais alguns com altas taxas de infecção pelo HIV. Expandir a lista de países ajudaria a incentivar a produção genérica, ampliando o tamanho potencial do mercado.

“A ViiV Healthcare deveria permitir a produção e fornecimento de medicamentos genéricos em todos os países de média e baixa renda”, disse a diretora-executiva da International Community of Women Living with HIV East Africa (Comunidade Internacional de Mulheres Vivendo com HIV na África Oriental, em tradução livre para o português), Lilian Mworeko. “Qualquer coisa menos do que isso poderia significar que milhões de pessoas que precisam desses produtos não terão acesso a eles nos próximos anos. Cada dia de atraso representaria um fracasso na prevenção do HIV e nos afastaria ainda mais da meta de acabar com a AIDS como ameaça à saúde pública até 2030”, completa.

O diretor-executivo adjunto do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS), Matthew Kavanagh, chama a atenção para o fato de que na Conferência sobre AIDS em Montreal, a ViiV deu os primeiros passos importantes para permitir que esta nova e poderosa ferramenta de prevenção chegasse a muitas pessoas. Mas ele defende que agora é hora de a ViiV tomar medidas corajosas e adicionais. “Estas medidas incluem assegurar o registro junto às agências de medicamentos em todos os países com altas taxas de HIV, anunciar o menor preço e expandir o número de países permitidos no mercado de medicamentos genéricos. Ações corajosas da ViiV neste momento podem ajudar a salvar milhões de vidas”, finaliza.

FONTE: ONU

CONHEÇA A IMPORTÂNCIA DO CONCEITO INDETECTÁVEL IGUAL A INTRANSMISSÍVEL

Quando uma pessoa que convive com HIV passa seis meses consecutivos com a carga viral baixa, considera-se que ela está indetectável e não transmite mais o vírus!

Para quem convive com o vírus da imunodeficiência humana (HIV, na sigla em inglês) os termos indetectável e intransmissível são comuns. Entretanto, pessoas que não têm contato com estas palavras, frequentemente, constroem uma ideia errada do significado delas. Dessa forma, a Secretaria Municipal da Saúde (SMS), por meio da Coordenadoria de IST/Aids, "explica que ambos os vocábulos dizem respeito aos baixos níveis de carga viral no organismo e, consequentemente, a intransmissibilidade do vírus via relações sexuais".

Na capital, pessoas que convivem com o HIV recebem atendimento nos dez Centros de Testagem e Aconselhamento (CTAs), sendo um deles itinerante, e 17 Serviços de Atenção Especializada (SAEs). É neste último ambiente que consultas médicas e tratamentos são oferecidos à população. Além disso, nos SAEs, é possível dar continuidade ao tratamento feito com a terapia antirretroviral (TARV), iniciado em qualquer unidade da Rede Municipal Especializada (RME).

Terapia antirretroviral (TARV):

A TARV é o método que possibilita pessoas soropositivas viver com mais qualidade de vida e bem-estar. O uso desta terapia medicamentosa reduz as complicações relacionadas às infecções pelo HIV e a transmissão do vírus. No entanto, para melhor eficácia é necessário que o paciente realize a adesão completa ao tratamento e, para isso, a população pode contar com o acolhimento e o acompanhamento das equipes multidisciplinares da rede municipal de saúde.

De acordo com a coordenadoria, é a efetividade da TARV que possibilita a redução da carga viral no corpo até chegar a níveis indetectáveis. Isso acontece quando uma pessoa que convive com o HIV passa a realizar exames – por pelo menos seis meses consecutivos – e a carga viral se torna tão baixa que as avaliações não podem mais detectar o vírus. "Como resultado deste processo, a possibilidade de transmissão deixa de existir e o paciente se torna indetectável, ou seja, intransmissível".

Contudo, "a TARV não é uma proteção contra outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs)". Neste sentido, os CTAs da capital distribuem gratuitamente preservativos internos e externos, que são métodos de barreira altamente eficientes. Além disso, géis lubrificantes também são oferecidos e testes para o diagnóstico do vírus HIV, sífilis, gonorreia, hepatites B e C e clamídia são realizados para a população.

FONTE/LINK: SECRETARIA DA SAÚDE/SP

PESSOAS COM HIV NÃO RECEBEM MEDICAÇÃO PARA PREVENIR DOENÇAS CARDÍACAS APESAR DO ALTO RISCO

Quase metade de uma grande coorte europeia de pessoas com HIV estava em risco muito alto de ataque cardíaco em 2019, mas uma proporção substancial não estava recebendo medicação para baixar a pressão arterial ou os níveis de lipídios, relataram pesquisadores do estudo RESPOND no Congresso Internacional sobre Drogas. Terapia na infecção pelo HIV (HIV Glasgow).

Um terço das pessoas elegíveis para medicação para reduzir a pressão arterial não a estava recebendo em 2019 e 43% não estava recebendo medicação para reduzir os níveis de lipídios, segundo o estudo. Uma proporção semelhante não estava recebendo medicação para controlar o açúcar no sangue.

As diretrizes da European AIDS Clinical Society recomendam que todas as pessoas com HIV que tenham um risco superior a 10% de ataque cardíaco, acidente vascular cerebral ou cirurgia cardíaca de grande porte como resultado de doença cardíaca nos próximos dez anos, devem receber medicamentos hipolipemiantes, como um estatina. O tratamento para a pressão arterial elevada é especialmente recomendado para este grupo também. "As pessoas com HIV têm um risco maior de doenças cardiovasculares (doenças do coração e da circulação) do que outras da mesma idade, em parte devido ao HIV, mas também porque são mais propensas a fumar".

As diretrizes recomendam uma variedade de medidas para reduzir o risco de doenças cardiovasculares graves, mas estudos mostraram que as medidas individuais são aplicadas de forma desigual. No entanto, como a doença cardiovascular é causada por múltiplos fatores, é importante entender onde existem lacunas na redução do risco e se essas lacunas afetam desproporcionalmente grupos específicos de pessoas. A coorte RESPOND é uma grande colaboração de coorte internacional projetada para investigar os resultados de saúde a longo prazo em pessoas com HIV em tratamento antirretroviral na Europa e na Austrália. Os investigadores do RESPOND na Universidade de Copenhaga, Dinamarca, usaram os dados da coorte para analisar o uso de medidas preventivas contra doenças cardíacas em pessoas com HIV.

Os pesquisadores do estudo avaliaram se alguma das sete medidas preventivas foram adotadas para reduzir o risco cardiovascular em pessoas com risco muito alto de ataque cardíaco ou derrame. Um risco muito alto foi definido como um risco de 10% ou mais dentro de dez anos de um evento cardiovascular grave, como ataque cardíaco, acidente vascular cerebral ou morte por um evento cardiovascular grave, ou cirurgia para doença cardíaca grave causada por endurecimento das artérias ou bloqueios devido ao colesterol elevado.

As medidas preventivas foram:

* Perda de peso (> 7%) para pessoas com índice de massa corporal de 30 ou mais (obesidade clínica)

* Parar de fumar

* Descontinuação de antirretrovirais previamente associados a doenças cardiovasculares (lopinavir/ritonavir, darunavir ou abacavir)

* Uso de medicação para reduzir a pressão arterial em pessoas com pressão alta

* Uso de inibidores da ECA ou bloqueadores dos receptores da angiotensina (BRA) em pessoas com pressão alta e/ou diabetes

* Uso de medicação antidiabética em pessoas com diabetes

* Uso de medicamentos para baixar o colesterol ou triglicerídeos em pessoas com níveis lipídicos elevados.

O estudo analisou o risco de doença cardíaca e o uso de medidas preventivas em 22.050 participantes da coorte entre 2012 e 2019. O número absoluto de participantes diferiu ano a ano à medida que as pessoas entravam ou saíam das coortes. No geral, 75% dos participantes eram do sexo masculino, 45% tinham adquirido o HIV através de sexo entre homens e 14% através do uso de drogas injetáveis. Setenta e cinco por cento eram brancos. Quarenta e quatro por cento eram fumantes, 42% tinham lipídios elevados, 19% tinham pressão alta, 25% estavam acima do peso e 8% eram clinicamente obesos. Cinco por cento tinham diabetes. No início do estudo, 33% haviam sido expostos ao abacavir, 26% ao lopinavir e 16% ao darunavir.

A proporção com risco muito alto de doença cardíaca aumentou de 31% em 2012 para 49% em 2019. As pessoas com risco muito alto de doença cardíaca diferiam da coorte geral de várias maneiras. Eles eram mais propensos a ter níveis lipídicos elevados (63%), pressão alta (38%) e diabetes (15%) e eram mais fumantes (57%) do que a coorte como um todo. Eles eram mais propensos a terem sido expostos ao lopinavir (36%), abacavir (52%) e indinavir (33%) (um marcador de viver com HIV por mais tempo, já que o indinavir foi amplamente substituído por outros medicamentos após 2000). As pessoas com risco muito alto de doença cardíaca eram mais velhas do que a coorte como um todo (idade mediana de 55 anos versus 45 anos).

O uso de três medidas aumentou significativamente entre 2012 e 2019:

* Descontinuação de lopinavir/ritonavir

* Descontinuação de darunavir

* Descontinuação do abacavir após mais de seis meses de tratamento com o medicamento.

Mas não houve mudança significativa nas proporções que receberam medicamentos para tratar a pressão alta (66%) entre 2012 e 2019, nem na proporção que recebeu medicamentos hipolipemiantes (57%) ou inibidores da ECA ou BRA (42%). Não houve mudança na proporção de fumantes que pararam de fumar entre 2012 e 2019 (7%) e a proporção com perda de peso na verdade caiu ligeiramente no mesmo período (de 11,5% para 1o,5%), assim como a proporção que recebeu medicação para tratar diabetes (de 63% para 57%).

A análise multivariada das medidas preventivas por subgrupo mostrou que o uso de medicamentos foi mais comum em idosos, seja comparando maiores e menores de 50 anos ou maiores e menores de 40 anos. Mas não houve diferença relacionada à idade no uso de outras medidas preventivas. As mulheres eram menos propensas a receber inibidores da ECA ou BRA, mas por outro lado, não houve diferença de gênero no uso de medidas preventivas. Participantes com carga viral abaixo de 200 cópias/mL e pessoas que adquiriram HIV por meio do uso de drogas injetáveis apresentaram menor probabilidade de usar hipolipemiantes ou parar de fumar. Os pesquisadores do estudo dizem que suas descobertas destacam a necessidade de maior conscientização sobre as diretrizes para o gerenciamento de fatores de risco cardiovascular.

FONTE: AIDSMAP

ESTUDO DÁ GRANDE PASSO NA BUSCA DA CURA DO HIV

Embora o tratamento padrão para o HIV possa manter a doença sob controle, um novo estudo dinamarquês mostra como medicamentos experimentais podem aumentar a capacidade do próprio corpo de suprimir o vírus. Um passo importante para a cura, dizem os pesquisadores do estudo.

Por cerca de 40 anos, cientistas de todo o mundo tentaram sem sucesso encontrar uma cura para o HIV, mas agora uma equipe de pesquisadores da Universidade de Aarhus e do Hospital Universitário de Aarhus aparentemente encontrou um elemento importante na equação.

Assim diz o Dr. Ole Schmeltz Søgaard, Professor de Pesquisa Translacional Viral na Universidade de Aarhus, que é o autor sênior de um estudo inovador que acaba de ser publicado na revista Nature Medicine. “Este estudo é um dos primeiros a ser realizado em seres humanos em que demonstramos uma maneira de fortalecer a capacidade do próprio corpo de combater o HIV – mesmo quando o tratamento padrão de hoje é interrompido. Assim, consideramos o estudo como um passo importante na direção da cura”, afirma. O estudo foi realizado em estreita colaboração com pesquisadores do Reino Unido, EUA, Espanha e Canadá.

Embora não tenha sido possível encontrar uma cura ou uma vacina protetora contra o HIV, o tratamento padrão de hoje é muito eficaz para manter a doença sob controle. Hoje, as pessoas com HIV recebem a chamada terapia antirretroviral, que suprime a quantidade de vírus no sangue e restaura parcialmente o sistema imunológico. No entanto, se o tratamento padrão for descontinuado, a quantidade de vírus no sangue aumenta em semanas para o mesmo nível de antes do início do tratamento padrão - independentemente de o paciente ter 10 ou 20 anos de tratamento. Isso ocorre porque o HIV se esconde no genoma de algumas das células imunes do corpo, e são precisamente essas células que a intervenção visa no projeto de pesquisa liderado pela Dinamarca.

No estudo, os pesquisadores estudaram os efeitos de dois tipos de medicamentos experimentais em pessoas recentemente diagnosticadas com HIV. Os participantes do estudo da Dinamarca e do Reino Unido foram randomizados em quatro grupos, todos os quais receberam o tratamento padrão. Alguns deles também receberam o medicamento Romidepsin, que tinha como objetivo evitar que o vírus se escondesse nas células imunológicas do corpo, enquanto outros receberam anticorpos monoclonais contra o HIV, que podem eliminar as células infectadas e fortalecer o sistema imunológico. Um grupo recebeu o tratamento padrão sem medicamento experimental, enquanto o grupo final recebeu uma combinação do tratamento padrão e os dois tipos de medicamento experimental.

Os resultados do estudo são muito encorajadores, diz o Dr. Jesper Damsgaard Gunst, do Aarhus University Hospital – principal autor e outra das principais forças motrizes por trás do estudo. “Nosso estudo mostra que pessoas recém-diagnosticadas com HIV que recebem anticorpos monoclonais juntamente com seus medicamentos habituais para HIV mostram uma diminuição mais rápida na quantidade de vírus após o início do tratamento e desenvolvem melhor imunidade contra o HIV, e seu sistema imunológico pode suprimir parcial ou completamente o vírus se eles estiverem fazendo uma pausa em seus remédios habituais para o HIV”, explica ele.

A teoria por trás do experimento é que os anticorpos monoclonais ajudam o sistema imunológico a reconhecer e matar as células infectadas. Além disso, os anticorpos também se ligam em grandes complexos aos vírus que acabam nos gânglios linfáticos, onde, entre outras coisas, estimulam a capacidade de certas células do sistema imunológico de desenvolver imunidade ao HIV. Desta forma, o corpo pode controlar a propagação do vírus e “proteger-se” dos danos induzidos pela infecção pelo HIV. Ensaios clínicos anteriores com medicamentos experimentais não mostraram nenhum efeito significativo na imunidade das pessoas ao HIV ou na capacidade do sistema imunológico de suprimir a infecção se o tratamento padrão for interrompido.

Apesar dos resultados notáveis, no entanto, ainda há algum caminho a percorrer antes de vermos uma cura para o HIV, enfatiza o Dr. Søgaard. Primeiro, os pesquisadores precisam encontrar uma maneira de otimizar o tratamento e amplificar seu efeito. O estudo dinamarquês já atraiu considerável atenção no exterior e aumentou o interesse em testes experimentais em pessoas com infecção por HIV recém-diagnosticada. Entre outras coisas, o Departamento de Saúde dos EUA recentemente destinou uma grande quantidade de dinheiro para pesquisas nessa área.

Além disso, a Fundação Bill e Melinda Gates e uma grande rede de pesquisa tomaram a iniciativa de realizar um sucessor do estudo dinamarquês na África. O grupo de pesquisa do Dr. Søgaards está trabalhando em um grande estudo a ser realizado em toda a Europa para otimizar o novo tratamento experimental. “Especulamos que o tratamento otimizado terá um efeito ainda mais forte tanto no vírus quanto na imunidade dos participantes. Dessa forma, esperamos aumentar a capacidade do sistema imunológico de suprimir permanentemente o vírus restante”

FONTE/LINK: EUREKALERT

IDOSOS COM HIV TÊM PERFIS E NECESSIDADES DIFERENTES

Embora considerados igualmente “idosos com HIV”, os sobreviventes de longo prazo e as pessoas com HIV com mais de 65 anos têm características e necessidades relacionadas marcadamente diferentes. É o que descobriu um estudo espanhol publicado no PLOS ONE, confirmando que as pessoas que envelhecem com HIV são um grupo heterogêneo.

Hoje, metade das pessoas com HIV tem mais de 50 anos e essa população não para de crescer. Isso se deve ao sucesso da terapia antirretroviral e ao aumento de novos diagnósticos de HIV nessa faixa etária. Idosos com HIV podem ter condições de saúde adicionais (comorbidades) que, no entanto, muitas vezes se apresentam de forma diferente entre os indivíduos.

Até que ponto essas diferenças importam?

A Dra. Fátima Brañas, do Hospital Universitário Infanta Leonor, em Madrid, e colegas avaliaram as diferenças entre os idosos com HIV tendo em conta a idade e o tempo de diagnóstico. Os pesquisadores analisaram dados de 801 participantes recrutados em 2018-2019 no FUNCFRAIL, um estudo de coorte espanhol de pessoas com HIV com cinquenta anos ou mais.

Os participantes foram estratificados em três grupos de acordo com a idade cronológica (quanto tempo de vida da pessoa) ao ingressar no estudo: mais jovens (50-54), intermediários (55-64) e mais velhos (acima de 65 anos). Eles também foram estratificados em dois grupos, com base em quando foram diagnosticados com HIV: sobreviventes de HIV de longo prazo (antes de 1996) e participantes da era HAART (a partir de 1996, quando a terapia antirretroviral altamente ativa se tornou amplamente disponível na Espanha).

Foram registrados dados sobre o perfil sociodemográfico dos participantes, infecção pelo HIV, polifarmácia (cinco ou mais medicamentos além dos antirretrovirais) e comorbidades: hipertensão, diabetes, dislipidemia, doença coronariana, acidente vascular cerebral, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), doença renal crônica, câncer (menos de cinco anos após o diagnóstico), história de câncer (mais de cinco anos após o diagnóstico), depressão, distúrbios psiquiátricos e doença osteoarticular (por exemplo, artrite).

Cada participante passou por uma avaliação geriátrica, incluindo avaliação de fragilidade, quedas, força, velocidade da marcha e equilíbrio. (A fragilidade é uma síndrome que inclui encolhimento do corpo, fraqueza, baixa resistência, baixa energia, lentidão e atividade física limitada que é prevalente em adultos mais velhos.) Questionários específicos testaram comprometimento cognitivo, depressão, qualidade de vida e dor. Dos 801 participantes, 195 (25%) eram mulheres. A idade mediana foi de 57 anos, com 36% entre 50 e 54 anos, 49% entre 55 e 64 anos e 15% com 65 anos ou mais. Quase metade (47%) eram sobreviventes de HIV de longo prazo.

A análise por idade cronológica revelou que os participantes com 65 anos ou mais eram, em média, vinte anos mais velhos do que os mais jovens no momento do diagnóstico do HIV (53 anos vs 31; p < 0,001). Eles viviam com HIV conhecido há menos anos (17 vs 21 e 23 nos grupos mais jovem e intermediário, respectivamente; p <0,001) e significativamente mais deles eram homens gays e bissexuais do que nos outros grupos (48% vs 31% e 25% nos grupos mais jovens e intermediários, respectivamente; p 0,001). Mais participantes com 65 anos ou mais moravam sozinhos (49% vs 33% e 38%, p = 0,007). Em relação à resposta virológica e imunológica à terapia antirretroviral, não houve diferenças entre as faixas etárias.

Em comparação com o grupo mais jovem, mais participantes com 65 anos ou mais tinham três ou quatro comorbidades (34% vs 22%; p = 0,001), com os maiores de 65 anos carregando o peso da hipertensão (42% vs 24% nos mais jovens), diabetes (25% vs 9%) e dislipidemia (51% vs 35%). No entanto, a depressão foi mais prevalente nos grupos mais jovens e intermediários (15% e 18%, respectivamente) do que no grupo mais velho (8%).

Nos grupos mais jovens e intermediários, o tabagismo atual foi o triplo da taxa de 16% encontrada entre os 65 anos ou mais (52% e 48%, respectivamente; p < 0,001). A polifarmácia foi significativamente maior entre os participantes mais velhos (35%) do que nas outras faixas etárias (cerca de 25%). A fragilidade foi mais de duas vezes mais prevalente na faixa etária mais avançada (11% vs 4% e 5% nos 50-54 e 55-64, respectivamente). A proporção de participantes com 65 anos ou mais com comprometimento funcional foi o dobro das demais faixas etárias (32% vs 12% e 15%). Entre aqueles com 65 anos ou mais, o comprometimento cognitivo foi duas vezes mais prevalente (22%) do que nos 50-54 (9%) e 55-64 (11%). Não houve diferenças entre as faixas etárias quanto à qualidade de vida.

Comparando pessoas diagnosticadas antes e depois de 1996:

Voltando à análise por período de diagnóstico de HIV, os pesquisadores descobriram que as mulheres representavam 31% dos sobreviventes de HIV a longo prazo, mas apenas 19% do grupo da era HAART (p <0,001). Dos sobreviventes de HIV a longo prazo, 56% tinham 55-64 anos e 9% tinham 65 anos ou mais quando entraram no estudo. Vinte por cento dos participantes da era HAART tinham 65 anos ou mais quando se juntaram ao estudo – o dobro da proporção de sobreviventes de HIV a longo prazo.

Houve diferenças significativas na forma como as pessoas adquiriram o HIV: 61% dos sobreviventes de longo prazo usaram ou usaram drogas injetáveis, em comparação com 14% dos participantes da era HAART. A transmissão sexual foi menos comum nos sobreviventes de longo prazo (34%) do que entre os participantes da era HAART (76%). Embora essas diferenças sejam marcantes, os pesquisadores disseram ao aidsmap.com que a rota de aquisição não estava associada à fragilidade, comorbidades ou multimorbidade.

“Os sobreviventes de HIV de longo prazo têm as maiores taxas de comorbidades, incluindo aquelas que afetam a qualidade de vida”.

Significativamente, mais participantes da era HAART do que sobreviventes de HIV a longo prazo viviam sozinhos (44% vs 31%, p <0,001). Não foram observadas diferenças em relação aos resultados virológicos e imunológicos. O número médio de comorbidades foi significativamente maior entre os sobreviventes de HIV de longo prazo (2,6 vs 1,8 no grupo da era HAART), assim como a proporção de participantes com cinco ou mais comorbidades (16% vs 8%). Mas, embora algumas comorbidades (por exemplo, depressão, DPOC) fossem mais prevalentes em sobreviventes de HIV de longo prazo, esse não era o caso de algumas outras (por exemplo, hipertensão, diabetes, ataque cardíaco).

Mais sobreviventes de HIV a longo prazo fumaram do que no grupo da era HAART (54% vs 37%; p <0,001). Da mesma forma, a polifarmácia foi mais prevalente em sobreviventes de longo prazo do HIV (31% vs 22%, p <0,001), assim como o uso de neurolépticos (17% vs 7%; p <0,001), benzodiazepínicos (27% vs 15%; p<0,001) e hipnóticos (32% vs 3%; p<0,001). Não foram observadas diferenças significativas entre os sobreviventes de longo prazo do HIV e os indivíduos da era HAART em termos de fragilidade (5% vs 6%) ou quedas (18% vs 14%). No entanto, o comprometimento cognitivo foi menor entre os sobreviventes de longo prazo (9% vs 14%).

A qualidade de vida foi significativamente pior em sobreviventes de HIV de longo prazo, em comparação com participantes da era HAART (qualidade de vida regular ou ruim relatada por 63% vs 52%; p <0,01). É importante ressaltar que a dor foi mais prevalente em sobreviventes de longo prazo (41% vs 31%).

Maiores taxas de comorbidades:

Claramente, o estudo mostra que os sobreviventes de longo prazo do HIV apresentam as maiores taxas de comorbidades, incluindo aquelas conhecidas por terem um impacto negativo mais forte na qualidade de vida, como DPOC, câncer, depressão e dor. No entanto, não surgiram diferenças entre os sobreviventes de HIV de longo prazo e os indivíduos da era HAART em termos de fragilidade, demonstrando que, embora fragilidade e comorbidades sejam frequentes em sobreviventes de HIV de longo prazo, elas não estão necessariamente conectadas.

Brañas e colegas dizem que seus resultados são interessantes “porque os prestadores de cuidados de HIV, quando se referem aos idosos com HIV, geralmente assumem que esse grupo é formado principalmente por aqueles diagnosticados antes de 1996”. Na verdade, o cuidado de idosos com HIV não pode se basear em tais equívocos. Em vez disso, deve basear-se em uma compreensão abrangente das muitas diferenças nessa população reveladas por este estudo.

FONTE: AIDSMAP

NOVO TRATAMENTO CONTRA HIV PERMITE QUE PACIENTE VIVA SEM NECESSIDADE DE USAR ANTIRRETROVIRAIS

Pesquisadores da Escola de Medicina da Universidade de Temple e da empresa de terapia gênica Excision BioTherapeutics, ambas instituições norte-americanas, estão trabalhando em um tratamento promissor contra o HIV.

Tanto o vírus quanto a AIDS, doença que leva ao enfraquecimento do sistema imunológico do paciente, são conhecidos há 40 anos, embora a cura nunca tenha sido encontrada. 

A nova terapia recebe o nome de EBT-101. Uma injeção de dose única baseada em uma tecnologia de edição de genes conhecida como CRISPR.

“Em teoria, o composto deve remover o DNA viral do HIV das células, erradicando a infecção e permitindo que os pacientes vivam sem a necessidade de antirretrovirais”.

Os antirretrovirais começaram a ser usados na década de 1980. Eles não destroem o vírus, mas ajudam a evitar sua replicação e, consequentemente, permitem que a pessoa com HIV tenha uma maior qualidade de vida. O principal problema é que, em algumas situações, o vírus pode se esconder em reservatórios teciduais, escapando do sistema imunológico e atrapalhando a função do medicamento. O tratamento EBT-101 contra o HIV já passou por testes em animais e agora deve ser aplicada em humanos.

“O primeiro paciente, que não foi identificado, já recebeu sua dose única por meio de infusão intravenosa e deve ser avaliado em breve para que os cientistas decidam se irão suspender ou não o uso de antirretrovirais”.

“O extenso trabalho pré-clínico de nossas equipes de pesquisa em Temple demonstrou a eficácia do EBT-101 na remoção do DNA do HIV de células infectadas e lançou as bases para estudos clínicos”, disse Tricia H. Burdo, uma das autoras do estudo, em comunicado. É realmente emocionante para nós ver a Excision BioTherapeutics levar essa terapia potencialmente curativa para os ensaios clínicos de Fase 1/2.

FONTE/LINK: GLOBE NEWS WIRE

MILITAR COM HIV, MESMO ASSINTOMÁTICO, TEM DIREITO À REFORMA POR INCAPACIDADE

​Em julgamento de recurso repetitivo (Tema 1.088), a Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ) estabeleceu que: “o militar de carreira ou temporário, este último antes da alteração promovida pela Lei 13.954/2019, diagnosticado como portador do vírus HIV, tem direito à reforma ex officio por incapacidade definitiva para o serviço ativo das Forças Armadas”.

A decisão fixou o entendimento de que esse direito do militar é reconhecido “independentemente do grau de desenvolvimento da Síndrome de Imunodeficiência Adquirida (Sida/Aids), porém, sem a remuneração calculada com base no soldo correspondente ao grau hierárquico imediatamente superior ao que possuía na ativa, se não estiver impossibilitado total e permanentemente para qualquer trabalho, na forma do artigo 110, parágrafo 1º, da Lei 6.880/1980”.

Por maioria, o colegiado acompanhou a relatora, ministra Assusete Magalhães, para quem não é necessária a modulação dos efeitos no repetitivo, uma vez que o direito à saúde, assegurado constitucionalmente, “resta resguardado na reafirmação do posicionamento anterior do STJ, ao conceder a reforma ao militar diagnosticado com o vírus HIV, ainda que assintomático, por incapacidade definitiva para o serviço ativo das Forças Armadas, mas com remuneração calculada com base no soldo percebido na ativa”.

Segundo a relatora, a principal norma que disciplina a carreira militar é a Lei 6.880/1980, que, nos artigos 104 a 111, define a reforma como a passagem definitiva para a inatividade. No artigo 108 da Lei 6.880/1980, ressaltou, estão relacionadas as hipóteses de incapacidade definitiva, entre elas, doenças especialmente graves, com ou sem causalidade com o serviço militar (inciso V); bem como há a previsão de que outras leis especifiquem outras moléstias, como é o caso da Aids, mencionada no artigo 1º, I, “c”, da Lei 7.670/1988. “A relatora explicou que a controvérsia do repetitivo dizia respeito à situação do portador assintomático do vírus HIV, ou seja, aquele em que a doença ainda não se manifestou”.

De acordo com a magistrada, dadas as peculiaridades da carreira militar, e apesar dos avanços médico-científicos no tratamento da doença, ainda considerada incurável, o STJ, a partir do julgamento dos EREsp 670.744 pela Terceira Seção, tem mantido o entendimento de que o membro das Forças Armadas portador do vírus tem direito à reforma ex officio, por incapacidade definitiva para o serviço ativo, ainda que assintomático e independentemente do grau de desenvolvimento da doença.

A ministra destacou que, antes da alteração promovida pela Lei 13.954/2019, impõe-se o reconhecimento do direito à reforma do militar, de carreira ou temporário, na hipótese de ser portador do vírus HIV, por incapacidade definitiva para o serviço ativo, conforme os artigos 106, II, 108, V, e 109 da Lei 6.880/80, combinados com o artigo 1º, I, “c”, da Lei 7.670/1988. O advento da Lei 13.954/2019, contudo, trouxe o acréscimo do inciso II-A ao artigo 106 da Lei 6.880/1980, criando uma diferenciação, para fins de reforma, entre militares de carreira e temporários: enquanto, para os temporários, exige-se a invalidez, para os de carreira basta a incapacidade definitiva para o serviço ativo.

“Portanto, a reforma do militar temporário, com fundamento no artigo 108, V, da Lei 6.880/1980 (doenças), somente após o advento da Lei 13.954, de 16/12/2019, passou a exigir a invalidez, requisito não preenchido pelo portador assintomático do vírus HIV. Essa perspectiva da ausência de invalidez, no caso, já era reconhecida pela jurisprudência do STJ, ao afirmar que o direito à reforma do militar portador do vírus HIV, independentemente do grau de desenvolvimento da doença, dava-se por incapacidade definitiva para o serviço ativo das Forças Armadas, ou seja, por incapacidade apenas para o serviço militar”, disse.

Assusete Magalhães lembrou que, segundo a Lei 6.880/1980, a reforma por incapacidade definitiva deve ser concedida com base no soldo do grau hierárquico superior, apenas e tão somente nas hipóteses dos incisos I e II do artigo 108 da Lei 6.880/1980, ferimento ou enfermidade contraída em campanha ou na manutenção da ordem pública. Nas hipóteses dos incisos III, IV e V do mesmo artigo 108 (acidente em serviço; doença relacionada ao serviço e doenças previstas na legislação), exige-se, para a reforma com base no soldo correspondente ao grau hierárquico imediatamente superior, que, além da incapacidade definitiva para o serviço ativo, o militar seja considerado inválido, ou seja, que ele esteja “impossibilitado total ou permanentemente para qualquer trabalho”, na vida castrense ou civil, concluiu a ministra.

FONTE: SOCIEDADE MILITAR

COMO É O TRABALHO DE MÉDICOS QUE DÃO O DIAGNÓSTICO DE HIV POSITIVO?

“Contar para o paciente que ele tem uma infecção que não tem cura e que ainda é carregada de estigmas e preconceitos na sociedade. Essa é uma das funções do infectologista, médico responsável pelo tratamento e acompanhamento de pessoas que vivem com HIV”.

Para Rico Vasconcelos, o profissional que trabalha nesta área tem de atuar de maneira multiprofissional sendo uma pessoa só. “Digo isso porque, além da parte técnica envolvendo o vírus, a saúde orgânica, os exames e a prescrição de medicamentos antirretrovirais, existe também uma parte psicológica, de acolhimento das angústias do paciente, e de comunicador, uma vez que precisamos transmitir muitas informações sobre HIV/aids de modo compreensível”, afirma o infectologista da FMUSP (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo), do Núcleo de Medicina Afetiva (NuMA), e colunista de Viva Bem.

Bruno Ishigami, que atua na saúde prisional de Pernambuco e na Clínica do Homem, em Recife, pela AHF Brasil (Aids Healthcare Foundation), organização global voltada à prevenção, diagnóstico e tratamento de HIV/aids, diz que nos dois serviços têm a responsabilidade de conversar com pacientes diagnosticados com HIV. “Na maioria das vezes, recebo pessoas que já foram testadas positivamente. Meu trabalho consiste em acolher suas dores, tentar entender o que elas enxergam do diagnóstico e mostrar que ser positivo para HIV não vai mudar quem elas são em sua essência”, aformou o infectologista Bruno.

Com 30 anos de experiência como infectologista, a presidente da Sobai (Sociedade Baiana de Infectologia), Miralba Freire, afirma que o acolhimento inicial, sem julgamentos, é fundamental para estabelecer uma boa relação médico-paciente. “É importante ser claro em relação ao diagnóstico, ouvir os questionamentos do paciente, esclarecer suas dúvidas, incentivar sua autoestima, combater o preconceito, ter uma postura otimista e tranquilizadora para uma melhor adesão e continuidade do tratamento”, comenta a ex-diretora do Cedap (Centro Estadual Especializado em Diagnóstico, Assistência e Pesquisa) – Centro de Referência para Tratamento de IST/HIV/Aids no âmbito da Secretaria da Saúde da Bahia.

Vasconcelos diz que o senso comum coloca o HIV/aids num lugar de catástrofe, sofrimento e morte. Segundo ele, essa percepção vem do imaginário criado pelos casos graves da doença no período pré-tratamento antirretroviral, nas décadas de 1980 e 1990. Nesse sentido, ele pondera que é preciso trazer o paciente para 2022 e mostrar que hoje existem tratamentos capazes de mantê-los saudáveis e longe do adoecimento. “É importante passar o conceito de que fazendo o acompanhamento recomendado, o vírus não fará mal para a saúde do indivíduo e nem para as pessoas com quem ele se relacionar. Quem vive com HIV em tratamento antirretroviral adequado não tem risco de transmissão do seu vírus por via sexual, ainda que tenha relações sem preservativo. Essa informação é libertadora e precisa sempre ser reforçada”, alerta o infectologista da USP, que tem 18 anos de experiência na área.

Ishigami afirma que o maior cuidado que tem ao dar um diagnóstico é estar presente no momento da conversa. “Me esforço conscientemente para me conectar com o paciente. Por mais que eu dê vários diagnósticos ao longo de uma semana, é preciso lembrar que o diagnóstico é daquela pessoa que está na minha frente, é um dia de extrema importância para ela”. Ele diz que inicia as consultas perguntando se o paciente conhece alguém que vive com HIV para lembrá-lo de que é possível ter uma vida normal, e se ele tem algum medo específico em relação à infecção, com frequência o maior medo é que alguém descubra sua sorologia e que ele sofra preconceito.

“Abordo ponto a ponto para que a pessoa entenda que muitos dos medos e angústias são resultado dos estigmas e da falta de informação. Pergunto se o paciente está interessado em saber algum detalhe sobre a infecção ou se prefere um tempo para pensar e ficar sozinho. Se ele se sentir à vontade, explico como funciona o mecanismo de infecção pelo HIV, as repercussões no corpo e o que podemos fazer para um melhor controle e uma melhor convivência com o vírus. Mais importante do que essa parte técnica, é mostrar para a pessoa que ela não está sozinha e que existe uma rede dentro do sistema de saúde que está apta a cuidar dela levando em consideração sua individualidade e autonomia”, reforça o médico do Recife.

O colunista de Viva Bem conta que os casos mais marcantes para ele são os de mulheres gestantes que descobrem ter HIV durante o pré-natal: “Um processo que normalmente é de alegria, é atravessado por um assunto que é tratado pela sociedade com uma carga muito grande de discriminação”. Vasconcelos relembra a história de uma grávida que viveu meses de angústia e chorou em todas as consultas até depois do parto quando saiu o resultado do exame que confirmava que seu filho não havia se infectado. “Nesses casos, além de cuidar da saúde da gestante, é preciso deixar claro que o bebê terá sua saúde assegurada e que é possível zerar a transmissão materno-infantil do HIV com o tratamento adequado”, explica o médico da FMUSP.

Miralba diz que um caso recente que chamou sua atenção foi a de um adulto jovem que relatou com tristeza desconhecer a PrEP (Profilaxia Pré-Exposição). “Ele disse que se soubesse, não teria adquirido a infecção pelo HIV. Infelizmente, essa situação se repete, porque as alternativas de prevenção ainda não são conhecidas e não estão ao alcance de todos. Tanto a divulgação quanto o acesso estão aquém do desejado”, lamenta a também professora da Faculdade de Medicina da Bahia da UFBA (Universidade Federal da Bahia).

Trabalhando há cinco anos na área, Ishigami conta que já ouviu relatos de pacientes que sofreram preconceito no momento do diagnóstico. “Isso é péssimo em vários sentidos. É fundamental que profissionais que ocupam essa posição trabalhem os próprios preconceitos para que conduzam uma conversa leve e sem gerar nenhum sentimento de culpa no paciente”.

FONTE: VIVA BEM UOL

AUMENTAM CASOS DE DIABETES EM PESSOAS QUE VIVEM COM HIV

À medida que as taxas de diabetes continuam aumentando em pacientes com HIV, é necessária pesquisa para abordar os fatores de risco modificáveis e relacionados a esse aumento.

"Adultos com HIV têm maior risco de desenvolver diabetes tipo 2 (T2D) em comparação com alguém nunca diagnosticado com HIV", observa Dra. Amanda Willig, PhD*.

No entanto, os medicamentos usados para tratar diabetes nem sempre controlam o açúcar no sangue também para alguém com HIV. "Identificar fatores associados ao risco de diabetes semelhantes à população em geral, bem como aqueles que são exclusivos do HIV, pode ajudar os médicos a fornecer o melhor cuidado preventivo para esses".

Em um estudo publicado, a Dra. Willig e colegas procuraram examinar a incidência de T2D entre pessoas com HIV e fatores de risco relacionados. Eles realizaram um estudo retrospectivo de coorte em uma clínica acadêmica de HIV no sudeste dos Estados Unidos, obtendo dados sobre demografia e características clínicas. "Estudamos mais de 4.000 pacientes elegíveis com dados de EMR disponíveis que receberam atendimento em nossa clínica de tratamento do HIV, explica". Para entender o papel que vários fatores de risco desempenham na era atual do tratamento, limitamos nossa investigação a um período de "10 anos de 2008 a 2018". Os pesquisadores definiram o diabetes utilizando três categorias: valores A1C iguais ou superiores a 6,5% e/ou dois resultados de glicose superiores a 200 mg/dL com intervalo mínimo de 30 dias; diagnóstico de diabetes no EMR; ou exposição a medicamentos para diabetes.

Características do paciente e fatores associados ao HIV influenciam o risco de diabetes:

Ficamos surpresos ao ver um aumento tão rápido na incidência e prevalência de diabetes em apenas 10 anos, diz a Dra. Willig. "A trajetória crescente de carga de diabetes em pessoas com HIV destaca a necessidade crítica de acesso ao cuidado com a prevenção do diabetes nessa população. Os pesquisadores identificaram 252 casos de diabetes em 4.113 pessoas com HIV. A incidência de diabetes aumentou de 1,04 por 1.000 pessoas-ano em 2008 para 1,55 por 1.000 pessoas-ano em 2018". Os fatores relacionados ao diabetes incidente incluíram IMC (HR, 10,5), doença hepática (HR, 1,9), exposição a esteroides (HR, 1,5) e uso de inibidores de integração (HR, 1,5). Outros fatores relacionados incluíram menores contagens de células CD4+, duração da infecção pelo HIV, exposição a não estatina, terapia de redução lipídica e dislipidemia.

A forte associação de baixo e alto peso corporal com risco de diabetes indica que programas de controle de peso para pessoas com HIV podem desempenhar um papel crucial na prevenção do diabetes, diz ela. "Os inibidores da Integrase também podem impactar o peso corporal, e a associação potencial dessa classe de medicamentos com incidência de diabetes destaca a necessidade de aconselhamento preventivo de estilo de vida para minimizar o impacto potencial desses medicamentos, juntamente com a consideração de regimes adequados de TARV em populações de maior risco para diabetes. É necessário cautela na prescrição e utilização de esteroides em pessoas com HIV, com monitoramento próximo de possíveis efeitos colaterais".

Fatores de Risco Modificáveis, Determinantes Sociais da Saúde e COVID-19:

À medida que os pacientes com HIV vivem mais tempo, médicos e pesquisadores precisam focar os cuidados não apenas na melhoria da longevidade, mas na manutenção da boa qualidade de vida, observa a Dra. Willig. Fatores de risco modificáveis, como o peso corporal, certamente desempenham um papel no risco de diabetes, e uma maior ênfase na modificação do estilo de vida para a prevenção do diabetes é necessária para retardar a trajetória de aumento da prevalência de diabetes, diz ela. "No entanto, o impacto da infecção pelo HIV e certos regimes de TARV no risco de diabetes indicam que esses programas devem ser adaptados para abordar os fatores de risco únicos daqueles com HIV, incluindo a identificação de pacientes inseguros com alimentos que possam precisar de assistência para atender às necessidades nutricionais e fornecer terapia nutricional médica".

Dra. Willig apontou para múltiplas áreas para futuras pesquisas destacadas pelo presente estudo:

Outras equipes de pesquisa mostraram que o tratamento farmacêutico para o controle do diabetes pode levar mais tempo para ter impacto equivalente para alguém com HIV, observa. No entanto, não sabemos se intervenções de estilo de vida como nutrição e exercício também precisam ser fornecidas para intervalos mais longos ou precisamente como a nutrição e o exercício devem ser adaptados para essa população. "Uma maior compreensão dos determinantes sociais da saúde que estão associados aos fatores de risco aqui identificados é fundamental para adaptar efetivamente os esforços de prevenção do diabetes".

Além disso, "os pesquisadores precisam determinar quais tratamentos médicos e comportamentais são mais eficazes para oferecer em conjunto com o uso do inibidor de integrase para minimizar efeitos metabólicos indesejáveis", continua a Dra.Willig. Uma questão separada, mas relacionada, é a pandemia COVID-19. "Precisamos explorar se a infecção pelo COVID-19 ou os estressores associados da vida durante uma pandemia impactaram a incidência de diabetes e, se isso se mostra ser o caso, se isso muda o manejo médico para diabetes em pessoas com HIV", diz ela.

*Dra. Amanda Willig, é Cientista e professora em doenças infecciosas e ciências nutricionais da Universidade do Alabama em Birmingham.

FONTE/LINK: PHYSICIANS WEEKLY

MEDICAMENTOS CONTRA HIV FALSIFICADOS COLOCAM EM RISCO PESSOAS MAIS VUNERÁVEIS

Medicamentos falsificados geralmente são vendidos por sites criminosos, mas em casos recentes, falsos antirretrovirais eram vendidos no atacado para farmácias legítimas e repassados aos pacientes.

Brandon Macsata precisava urgentemente da medicação. A maioria das pessoas que são diagnosticadas com HIV tem o vírus por vários anos antes de dsenvolver a AIDS, mas Macsata, como uma pequena parte de pessoas, passou de portador de HIV para doente de AIDS em questão de semanas. "Eu estava muito, muito doente, diz Macsata, que foi diagnosticado em 2001. Eu estava desesperado. Eu precisava das drogas".

Macsata estava trabalhando em uma organização de defesa da deficiência na época e ficou chocado ao descobrir que seu plano de seguro tinha um limite de US$ 1.000 em prescrições individuais. A receita dele custava 1.300 dólares por mês. Em 2022, o limite de US$ 1.000 valeria aproximadamente US$ 1.600 e ainda não cobriria o custo mensal de alguns antirretrovirais.

Ele pagou US$ 1.300 do bolso pelo primeiro mês de medicação. Então ele pesquisou online e descobriu que poderia pedir a mesma medicação do Canadá por US$ 450 por mês. Então ele fez isso por cinco meses, até que seu médico descobriu e disse a ele sobre comom podem ser perigosos os pedidos de medicação on-line. Macsata não tinha ideia se os medicamentos eram realmente provenientes do Canadá através de uma farmácia legítima, ou se eram falsificados.

Macsata teve sorte: não teve nenhum efeito adverso causados por esses medicamentos adquiridos online e ele parou de comprálos dessa forma. Seu médico o ajudou a se candidatar no Programa de Assistência à Aids (ADAP) e recebeu ajuda para pagar seus medicamentos por seis meses até conseguir outra apólice de seguro de saúde. Macsata é agora o CEO da ADAP Advocacy Association, uma organização que trabalha para fornecer assistência prescrita a pessoas com HIV/AIDS. Como resultado de sua própria experiência de prescrição, ele agora usa seu blog para alertar os outros sobre o risco de medicamentos falsificados. Ele aconselha as pessoas com HIV/AIDS a se defenderem verificando suas recargas de medicamentos para se certificarem de que são idênticas à prescrição anterior.

"Sou a última linha de defesa contra falsificações, diz ele em um PSA para a ADAP. "Se você detectar diferenças, então faça perguntas ao seu farmacêutico ou ligue para a linha direta de qualidade do fabricante". A medicação que Macsata e as pessoas que ele representa tomam são antirretrovirais, que impedem o vírus HIV de se reproduzir. Eles estão disponíveis como uma combinação de pílulas tomadas diariamente. ou injeções dadas a cada dois meses, e podem custar até US$ 6.000 por mês. Pessoas com HIV/AIDS que pulam doses de medicamentos ou que tentam esticar sua medicação correm o risco de enfraquecer seus sistemas imunológicos e permitir que o vírus se multiplique rapidamente.

Antirretrovirais falsificados são um problema de longa data, e falsificadores são auxiliados, em parte, pela venda de drogas nas ruas, quando pessoas que vivem com HIV vendem seus medicamentos. Os defensores da AIDS dizem que esse é um sintoma de problemas maiores, interconectados e não resolvidos: "uma doença crônica estigmatizada, preços de medicamentos e pobreza". Quando os antirretrovirais são vendidos acabam nas mãos de redes de falsificação Os medicamentos são revendidos, às vezes em combinação com outras drogas ilegais para aumentar seu efeito, a aparência e as marcas dos medicamentos originais são usadas como modelo para falsificação dos mesmos.

Em um estudo de 2016, Antonio Saravia, professor de economia e diretor do Centro de Estudos de Economia e Liberdade da Universidade Mercer, descobriu que homens negros com HIV/AIDS em Atlanta vendiam seus medicamentos para poder paar o aluguel, para comprar comida ou para paar outras despesas pessoais. Em menor medida, diz Saravia, alguns deles venderam seus medicamentos para obter drogas ilegais. "Eu tenho que vender para comer, conseguir comida, higiene pessoal, disse um participante do estudo. E se eu chegar com dinheiro extra, eu compro de volta". Atlanta tem uma das maiores taxas de HIV/AIDS no país. Um relatório publicado pela Universidade Emory em 2018 revelou que alguns CEP em Atlanta têm taxas de infecção pelo HIV que são seis a oito vezes maiores que a média nacional, e rivalizam com as de cidades africanas como Harare no Zimbábue ou Durban na África do Sul, dois países cujas taxas de diagnóstico de HIV estão entre as mais altas do mundo.

Dazon Dixon Diallo fundou a organização de Atlanta SisterLove em 1989 para garantir que as preocupações e vozes das mulheres ficassem na vanguarda da pesquisa, políticas públicas e serviços relacionados à AIDS. SisterLove é a primeira organização de justiça à saúde sexual do HIV, reprodutiva e sexual no sudeste dos Estados Unidos; oferece testes gratuitos de HIV e educação, e faz advocacia política. Diallo acha que as altas taxas de HIV em Atlanta resultam de vários fatores: é uma área urbana em uma parte do país marcada pelo conservadorismo político e social, e o HIV/AIDS ainda são condições estigmatizadas. "Como estamos no Sul, estamos décadas atrasados, diz ela. Estamos atrasados na prestação de serviços. Estamos atrasados na educação, e estamos segregados, no que diz respeito aos serviços de saúde". Diallo diz que sua organização atende "pessoas comuns", cada uma delas com uma relação única com o HIV. Ela diz que a maioria dos clientes da SisterLove estão em relacionamentos monogâmicos e vêm à organização para obter informações ou para serem testados porque seu parceiro se envolveu em sexo com outras pessoas. "São pessoas que precisam de mais informações, diz ela. Eles querem saber como tirar o melhor de sua saúde sexual". 

Obter a medicação adequada na dosagem adequada é vital para qualquer pessoa diagnosticada com HIV, mas é particularmente importante para os negros. "Os antirretrovirais reduzem os níveis do vírus na corrente sanguínea, e podem reduzi-lo ao nível de ser indetectável, momento em que o indivíduo não pode mais transmitir o vírus". No entanto, até um em cada cinco negros não são diagnosticados até desenvolverem a AIDS, o que significa que eles têm o vírus HIV não tratado por vários anos. Mesmo com os medicamentos corretos, às vezes é difícil reduzir a carga viral ou manter a redução de pessoas negras vivendo com HIV/AIDS. "Os estressores de viver em situação de pobreza, que podem incluir cuidados médicos inconsistentes, aumentam o desafio de diminuir a carga viral".

Diallo acredita que o fato de alguns atlantanos com HIV/AIDS venderem seus medicamentos aponta para as escolhas impossíveis que vêm com a pobreza. "Ainda esperamos que as pessoas obtenham cuidados de saúde consistentes que sejam acessíveiss, independentemente de você trabalhar ou não", diz ela. Embora o Programa estatal de Assistência a Medicamentos contra a Aids (ADAP) ajude pessoas de baixa renda a pagar por seus medicamentos, Diallo diz que nem todos se qualificam para o programa. Algumas pessoas ganham muito para se qualificar, mas não têm seguro de saúde e não ganham o suficiente para comprar um seguro que cobriria seus medicamentos. Os requisitos exatos de renda para a ADAP, um programa financiado pelo governo federal, variam de estado para estado, mas os candidatos são obrigados a ter uma renda baixa definida pelo ADAP daquele estado, pouco ou nenhum seguro, e um diagnóstico de HIV. Na maioria dos estados, o diagnóstico de HIV e outras documentações devem ser reconfirmados a cada seis meses. Nos últimos anos, alguns estados adotaram medidas de redução de custos limitando quantas pessoas recebem ADAP. Como resultado, vários estados agora têm listas de espera ADAP.

Os fabricantes de drogas Gilead Sciences e Johnson & Johnson têm ações civis em andamento para interromper a distribuição de versões falsificadas de seus antirretrovirais.O processo da Gilead Sciences nomeia 22 réus supostamente responsáveis pela distribuição de US$ 250 milhões em dois ARVs. Como resultado da investigação da empresa, 85.000 frascos falsificados de medicamentos e documentos falsos de venda de medicamentos foram confiscados antes de serem vendidos ao público. A Johnson & Johnson, em uma ação movida no tribunal federal de Nova York, está pedindo US$ 25 milhões em indenizações de réus que supostamente venderam medicamentos falsificados através de uma farmácia em Nova York. O processo afirma que o anel de falsificação supostamente fez milhões de dólares com a venda de ARVs falsificados e a farmácia fechou abruptamente em janeiro de 2022, quando a operação falsa foi descoberta.

Drogas falsificadas geralmente são vendidas através de sites criminosos, mas em casos recentes, eram vendidos no atacado para farmácias legítimas e repassados aos consumidores. Como Macsata foi avisado, medicamentos falsificados podem ser perigosos por algumas razões: "eles não contêm o ingrediente ativo do medicamento genuíno; eles contêm o ingrediente ativo, mas não uma quantidade adequada; ou a medicação foi trocada inteiramente por outra medicação. A Gilead Sciences foi alertada para um aparente esquema de falsificação quando começou a receber queixas sobre reações incomuns de drogas e relatos de que seus medicamentos de repente deixaram de ser eficazes. O processo da Johnson & Johnson seguiu reclamações semelhantes de clientes.

"De acordo com o processo da Gilead Sciences, um paciente da farmácia comprou um antirretroviral falsificado que tinha sido trocado por um poderoso medicamento antipsicótico. Depois de tomá-lo, o indivíduo não podia falar ou andar."São operações criminosas altamente sofisticadas, diz Jen Laws, CEO da Community Access National Network (CANN), uma organização com sede em Nova Orleans que trabalha para promover e melhorar a saúde e o apoio às pessoas que vivem com HIV/AIDS".

As leis não são uma novata na questão dos antirretrovirais falsificados. A CANN, em conjunto com a Partnership for Safe Medicines, divulgou um alerta altamente divulgado em 2014 alertando que havia irregularidades nas cobranças de seguros com pessoas que não tinham diagnóstico de HIV sendo cobrados por medicamentos para HIV. Esta era uma bandeira vermelha que certos antirretrovirais tinham sido alvo de falsificação. A organização da Laws continua monitorando atividades falsificadas e trabalha para manter farmacêuticos e consumidores informados.

"Os medicamentos para HIV não são os únicos medicamentos que estão sendo falsificados. Falsificadores produziram medicamentos falsos para hepatite C, insulina falsa, e até medicamentos contra o câncer".

Leis, Diallo e Macsata hesitam em aumentar o envolvimento da polícia com pessoas que vendem seus medicamentos. Eles não acreditam que isso resolva um problema que muitas vezes é o resultado da pobreza. "Um dos maiores problemas, especialmente no espaço do HIV, é culpar os pacientes por não terem acesso à saúde", diz Laws. Mas ele também diz que o rastreamento de medicamentos falsificados é largamente deixado para os fabricantes, que estão mal equipados para fazer esse trabalho. "Ele defende um esforço internacional coordenado para rastrear falsificadores, que estão ganhando milhões vendendo medicamentos falsificados nos EUA e em outros países". E tanto As Leis quanto Diallo acreditam que as políticas públicas que tratam das necessidades não atendidas das pessoas que vivem com AIDS ajudarão a resolver o problema. "Em particular, os pagadores da indústria privada ficaram muito, muito criativos em descobrir como negar a cobertura do cuidado", diz Laws sobre as companhias de seguros que às vezes dificultam a realização de cuidados de saúde e medicamentos de que precisam.

Apesar dos processos atuais, é improvável que os antirretrovirais falsificados desapareçam completamente. As leis aconselham as pessoas a tomar os remédios para se protegerem comprando seus medicamentos em farmácias confiáveis e nunca pedindo medicamentos online. Ele também oferece uma garantia para acalmar aqueles que podem acidentalmente adquirir medicamentos falsificados no futuro. "Não há nada que não possa ser consertado. Você tem direito a uma boa assistência médica", diz ele. Você tem direito a medicação segura".

FONTE/LINK: VICE.COM

(Editado e traduzido por Alexandre Gonçaves de Souza)

MONICA DESCOBRIU O HIV NA GRAVIDEZ E FAZ DO DIAGNÓSTICO SUA LUTA

Monica convive com HIV há 31 anos
Arquivo pessoal

“Fiz do HIV uma maneira de ajudar outras pessoas e uma luta de vida”, diz Monica dos Santos Moura, 55 anos, moradora de Santos, litoral de São Paulo. Nem sempre foi assim. Ela conta que levou um susto quando leu o termo reagente no exame de HIV, feito quando estava grávida, em 1991.

“Foi avassalador. Enquanto vivia o momento de maior emoção da minha vida, que era ser mãe, descobri ter uma doença que era fatal. Não estava preparada e, de cara, não caiu minha ficha. Só depois fui entendendo o que se passava. Resolvi não esconder nada de ninguém. Chamei minha família e fui clara com todos, não poderia passar por aquilo sozinha”.

“Na época do diagnóstico, com apenas 24 anos, Monica temeu que o filho nascesse com a doença, o que não aconteceu graças ao tratamento que começou imediatamente após o exame positivo”.

O marido, que até então não sabia estar com o vírus, faleceu pouco tempo depois. “Ele morreu triste, culpado. Eu nunca o culpei. Éramos novos, não havia a informação que existe hoje. Casei-me novamente e fiquei 17 anos com um homem maravilhoso, que também faleceu. Depois disso, preferi seguir minha vida sozinha”.

Volta por cima depois da primeira internação:

Com as armas que contava à época, medicamentos como AZT, DDI e DDC, continuou na batalha contra o HIV, até que, em 1996, caiu doente em decorrência de doenças oportunistas. “Passei três meses internada. Tive toxoplasmose, fiquei sem andar, sem enxergar. Mas queria muito lutar e não me conformei. Até os médicos duvidaram que eu sairia viva. Nem eu sabia ter tanta força”.

O que poderia ter abalado a confiança de Monica se transformou em vontade de ajudar outras pessoas. “Sempre encarei o HIV de frente e deixei de ser apenas uma paciente para virar ativista. Busquei capacitação, informação e virei voluntária no local em que eu era atendida. Tinha muita gente precisando de ajuda e estava disposta a brigar”.

Agente de prevenção, Monica sonha em acabar com os estigmas, preconceitos e até hoje briga pelo coletivo. “Dei minha cara a tapa, apareci na televisão e isso foi importante para mim e para a minha família. Continuo transmitindo minha mensagem e meu objetivo é ajudar, dar força. Muita gente dizia para minha mãe o quanto eu era forte por estar ali lutando por outras pessoas”.

Empoderamento ajuda a diminuir preconceitos:

O infectologista Fabrício Silva Pessoa, do Hospital Universitário da UFMA (Universidade Federal do Maranhão), lembra que este empoderamento é essencial para pessoas vivendo com HIV (PVHIV) nesta faixa etária. “São pacientes que passaram por diversas situações nesses 40 anos. Eles entendem a importância de recorrer às medicações e da adesão ao tratamento. São multiplicadores dessas informações corretamente, inclusive para outros pacientes”. No Brasil, de acordo com Boletim Epidemiológico HIV/Aids 2021, pessoas entre 55 e 59 anos correspondem a 20,1% dos homens e 10,2% das mulheres com HIV.

O infectologista reconhece que, infelizmente, o preconceito ainda ronda a vida desses indivíduos. Por isso, reforça a necessidade de fortalecer esse paciente para lidar da melhor maneira possível com situações hostis. “Além do acompanhamento médico, é preciso um trabalho individualizado para verificar se o paciente está propenso a desencadear uma depressão ou outro transtorno”.

Avanços importantes para os pacientes:

Pessoa ressalta, porém, que há muitos motivos para comemorar e que, desde o primeiro diagnóstico da doença no Brasil, na década de 1980, aconteceram muitos avanços, tanto no que diz respeito aos medicamentos, quanto ao aumento da expectativa de vida. “Antigamente, o esquema do coquetel tinha vários remédios e causava muitos efeitos colaterais. Hoje, conseguimos simplificar o tratamento com um número menor de medicações, com esquemas dois em um, três em um. Os remédios são bem tolerados, além de ter baixo efeito colateral. O resultado são os pacientes convivendo com uma patologia crônica que demanda cuidados”.

Pessoa comenta que, com o envelhecimento, é normal os pacientes desenvolverem problemas de saúde comuns da idade, como hipertensão arterial, diabetes, dislipidemias (colesterol alto). “As medidas de prevenção, com alimentação saudável e prática de exercício físico, são essenciais para qualquer pessoa. E para as pessoas vivendo com HIV não é diferente. O tratamento acaba sendo feito em conjunto, sem grandes impactos justamente pelos avanços da terapia antirretroviral”,

Um dia de cada vez:

Monica, que em 31 anos de diagnóstico já passou por altos e baixos, pensa sempre no futuro e não se esquece de tudo o que conquistou militando por ela e pelos outros pacientes Com a carga viral zerada (indetectável), desabafa que nem todos os dias são bons. Mesmo assim, olha para a frente.

“Às vezes, bate um desânimo. Ainda hoje vejo gente me olhando torto, fazendo comentários e isso me deixa um pouco chateada. Nosso psicológico é a todo momento confrontado, mas tenho uma rede de apoio e estou tentando me reerguer novamente, porque ainda quero concretizar muita coisa. Tenho dois netos e minha luta é por eles, pela minha família e pelo meu cachorro, o Zyon”.

FONTE: VIV A BEM (UOL)

É POSSÍVEL ZERAR A TRANSMISSÃO DO VÍRUS DA AIDS?

Há como zerar a transmissão do vírus da Aids? Sim, é possível controlar a pandemia de HIV/Aids. A cidade de São Paulo mostrou o caminho com crianças nascidas de mães com o HIV!

Das diferentes formas de transmissão do HIV, a sexual é a mais comum, além do compartilhamento de material contaminado, como seringas e agulhas. entretanto, a transmissão do vírus da mãe para o filho, geralmente na hora do parto ou durante a amamentação, constitui um expressivo problema de saúde pública mundial. Esta última é chamada de transmissão vertical.

Antes do advento dos remédios antirretrovirais ) usados no chamado coquetel de tratamento, que bloqueiam a multiplicação viral, ao redor de uma em cada três crianças que nasciam de mães que viviam com o HIV eram infectadas. Um sofrimento sem tamanho para todos os envolvidos. A descoberta de tal diagnóstico trazia impactos para todo o sistema de saúde, para a família e principalmente, para a criança que ficava suscetível a problemas de saúde graves, podendo morrer de doenças oportunistas em grande porcentagem dos casos.

Logo que surgiu, o AZT passou a ser empregado na tentativa de impedir a transmissão materna para as crianças, com resultados significativos. Entretanto, os estudos foram mostrando que era fundamental que a mãe conseguisse controlar a multiplicação do vírus com o coquetel de tratamento, principalmente no momento do parto. A transmissão vertical foi caindo com o tempo. Estavam disponíveis as armas para a prevenção de novos casos em crianças. A tarefa, contudo, não parecia tão fácil.

Como saber onde estão as mulheres grávidas que vivem com o HIV? Como fazer chegar o tratamento a todas? Como fazer com que o tratamento resulte em controle do vírus? E os recém-nascidos, como fazer com que todos nascidos de mães que vivem com HIV tomem o remédio profilático durante o primeiro mês de vida?

Os resultados positivos só seriam possíveis com ações bem coordenadas: vigilância em saúde, disponibilidade de testes para diagnóstico, acesso a serviços de saúde (já que a grande maioria das famílias brasileiras depende exclusivamente do SUS) e seguimento de longo prazo.

Foi isso que o Programa de Infecções Sexualmente Transmissíveis da Secretaria conseguiu!

A primeira metrópole da América Latina a conseguir a certificação da eliminação da transmissão vertical do HIV, em 2019, São Paulo manteve o feito de seu programa de prevenção, atendendo em 2021 a uma série de critérios estabelecidos pela Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) e pela Organização Mundial da Saúde (OMS) Esta é uma conquista extraordinária, diante das dificuldades dos programas de saúde pública durante a pandemia de Covid-19, que dificultou o acesso de gestantes à assistência médica.

Somados a outros, esses resultados nos levam a crer que a eliminação da transmissão do HIV é possível, incluindo a transmissão por via sexual!

As ferramentas estão postas: identificação das pessoas que vivem com HIV, uso de meios de prevenção de barreira ou com medicamentos e, principalmente, tratamento adequado para todos aqueles que vivem com o vírus. Desta forma, quebra-se a cadeia de transmissão e a pandemia tende a regredir. 

É o que já se percebe no estado de São Paulo, com queda no número de novos casos todos os anos!

O controle da pandemia de HIV/Aids passou a ser predominantemente uma questão político-administrativa. Embora todos esperem por novas contribuições da ciência, como medicamentos ainda melhores, vacinas e mesmo a cura, os recursos que temos, aliados à eficiência administrativa, indicam que se pode chegar lá.

O município de São Paulo nos provou que sim!

AUTOR: DR. ESPER KALLÁS

(Médico infectologista e titular de Imunologia Clínica e Alergia de Medicina da USP - Título original do artigo publicado na sua coluna: Há como zerar a transmissão do vírus da Aids?)