Eu vivo com HIV/AIDS desde 1997. A minha história com o vírus você jamais verá nas mídias ditas e pseudo profissionais. Até porque as mesmas não se interessam por pessoas que, "como eu, fazem parte da maioria absoluta que não distorce a realidade", para lacrar, influenciar, ganhar notoriedade, likes e monetizar. Eu sou um vencedor!

APROVADO REMÉDIO CONTRA COVID PARA PESSOAS COM HIV, CÂNCER E QUE FIZERAM TRANSPLANTE

Anvisa aprovou o uso emergencial de novo medicamento que promete aumentar a resistência contra a Covid-19 em pessoas imunocomprometidas graves em decorrência de outros problemas de saúde.

Produzido pela AstraZeneca do Brasil, o remédio Evusheld, não é um substitutivo à vacinação da população em geral, sendo recomendado apenas para pessoas não infectadas pelo novo coronavírus, cujas defesas imunológicas estejam comprometidas por outras doenças ou que não possam ser vacinadas contra a Covid-19.

Já autorizado em outros países, como os Estados Unidos, o medicamento Evusheld pode ser usado por pessoas a partir dos 12 anos de idade ou com pelo menos 40 kg, que não tenham tido contato recente com pessoas com Covid-19. Profilático, o remédio é composto por dois anticorpos monoclonais IgG1, o cilgavimabe e o tixagevimabe, que serão injetados por via intramuscular, sucessivamente e, a princípio, uma única vez.

Produzidos em laboratório, os dois anticorpos têm a função de imitar a ação de anticorpos naturais, produzidos pelo próprio corpo humano. São programados para agir sobre a proteína do vírus, impedindo que ele se reproduza dentro do organismo humano e, assim, evitar que a infecção pelo novo coronavírus se agrave.

“Estamos falando de dois anticorpos monoclonais IgG1 humanos. Ou seja, anticorpos modificados e utilizados de forma a se ligarem à proteína spike do vírus para impedir que ele se replique, neutralizando-o”, explicou o gerente-geral de Medicamentos e Produtos Biológicos da Anvisa, o farmacêutico Gustavo Mendes Lima Santos. Ele afirmou que ensaios científicos demonstraram que, ao menos nos testes in vitro, o cilgavimabe e o tixagevimabe demonstraram ser capazes de neutralizar as diferentes variantes do Sars-Cov-2, incluindo a variante Ômicron.

“Quanto à segurança [de uso], os principais eventos adversos emergentes de tratamento foram dor de cabeça, fadiga e tosse, mas, comparativamente, não houve uma incidência muito grande”, assegurou Santos. “Além disso, houve uma atenção especial aos eventos adversos graves cardíacos, uma questão especial em todos os aspectos relacionados à Covid-19. Os dados demonstraram um perfil de segurança satisfatório, mas, claro, esta questão demandará um acompanhamento”.

Para a Anvisa, como de costume, será preciso monitorar por algum tempo eventuais reações que podem resultar do uso do medicamento, principalmente entre adolescentes. E, se necessário, reavaliar sua eficácia frente a variações do vírus que possam surgir no futuro. Além disso, estudos clínicos ainda em andamento devem ser concluídos a fim de esclarecer “incertezas” restantes.

Baseado nas informações apresentadas pela Astrazeneca, a Anvisa indica o Evusheld para pessoas que estejam tratando um tumor sólido ou malignidades hematológicas; que estejam em tratamento pós transplante de órgãos ou em terapia imunossupressora; com imunodeficiência primária moderada ou grave (por exemplo, as síndromes de DiGeorge ou de Wiskott-Aldrich); que tenham recebido, nos últimos dois anos, um transplante de células-tronco hematopoiéticas ou que estejam recebendo terapia de imunossupressão.

O medicamento também pode ser aplicado, de forma profilática, em pacientes com infeccção por HIV avançada ou não tratada; que estejam fazendo tratamento ativo com altas doses de corticoides, agentes alquilantes, antimetabólitos, medicamentos imunossupressores relacionados ao transplante ou agentes quimioterápicos do câncer classificados como gravemente imunossupressores, além de medicamentos anti-fator de necrose tumoral e outros agentes biológicos que são imunossupressores ou imunomoduladores.

“Temos, hoje, um adequado arsenal de vacinas com inovações tecnológicas na estratégia da profilaxia da Covid-19. No entanto, nenhum outro produto está disponível no país com esta finalidade preventiva, ficando desassistidas aquelas pessoas que não desenvolvem uma resposta imunológica adequada às vacinas ou que possuem alguma contraindicação à imunização por serem intolerantes a algum componente da vacina”, destacou a diretora-presidente substituta da Anvisa, Meiruze Sousa Freitas, ao votar a favor da autorização do uso do Evusheld. “Considero que, no cenário de uma pandemia, o uso de um novo produto na profilaxia da covid-19 pode proporcionar mais uma estratégia para a proteção da população, sendo uma ferramenta adicional para minimizar os riscos individuais, reduzir surtos e controlar a disseminação do vírus”.

Fonte: Agência Brasil

COVID NÃO TEM MAIOR INCIDÊNCIA EM PESSOAS COM HIV

Um grupo de pacientes com HIV foi acompanhado em estudo no Hospital das Clínicas da USP para identificar o quão vulneráveis estavam para infecções do SARS-CoV-2, internações ou risco de óbito. Um questionário foi feito para avaliar a situação.
De 450 pacientes ativos, entre 260 que responderam ao questionário, 39 pacientes (15%) apresentaram sintomas sugestivos e foram testados para infecção por SARS-CoV-2, e destes, 11 tiveram resultado positivo (32,4%) e um paciente morreu por complicações da covid-19.

O professor Jorge Simão Casseb, da Faculdade Medicina da USP e coordenador do Núcleo de Apoio à Pesquisa (NAP) em retrovírus do Instituto de Medicina Tropical (IMT) da USP, em entrevista ao Jornal da USP no Ar 1ª Edição, explicou que, nesse período de pandemia, “a preocupação maior foi identificar pessoas que estão vivendo com HIV/AIDS, e ver se elas tinham maior incidência da doença [covid], mortalidade e internação”.  

Casseb destaca que “a primeira impressão era que, de fato, os pacientes com HIV teriam um risco maior de óbito. Mas, por surpresa nossa e talvez […] nós tivemos durante esse período pré-vacina apenas um óbito de um senhor, que tinha várias comorbidades”. O professor também explicou que alguns pacientes foram hospitalizados ou ficaram na UTI entubados, mas, pelo que tudo indica, responderam bem. Como o número de pessoas na amostra não era grande, ficou difícil obter maiores conclusões.

Porém, “aparentemente não há um maior risco, mas vale ressaltar que essa nossa coorte não representa os pacientes vivendo com HIV da nossa população em geral”. Isso porque são pacientes com “uma boa adesão ao tratamento. Então, isso, talvez, tenha contribuído para esse desfecho um pouco mais seguro”, afirma Casseb. Para aqueles que não estão em tratamento antiviral, o professor ressalta que é bem provável que a covid cause maior dano do que talvez uma população que esteja sob controle e melhor do ponto de vista imunológico. 

FONTE: JORNAL DA USP - AUTOR: PROFESSOR JORE SIMÃO CASSEB

AMERICANA CURADA DO HIV COM CÉLULAS TRONCO

"Paciente de Nova York pode ser a primeira mulher e a terceira pessoa do mundo curada do vírus. Por enquanto, tratamento inovador é limitado a casos específicos, mas traz esperança para mais curas no futuro".

Uma americana se tornou a terceira pessoa e a primeira mulher possivelmente curada do HIV após passar por um transplante de células-tronco procedentes de um doador com resistência natural ao vírus que causa a aids.

O anúncio foi feito nesta terça-feira (15/02) durante uma conferência realizada em Denver (Colorado, Estados Unidos) pela equipe de especialistas que trataram a paciente, de 64 anos, em Nova York. A pesquisa ainda não foi publicada numa revista científica. Conhecida como "Paciente de Nova York", a mulher primeiro foi diagnosticada com HIV e depois com leucemia mielóide aguda, um tipo de câncer relacionado à diminuição da produção de células sanguíneas normais da medula óssea.

"Como tratamento para a leucemia, ela recebeu um transplante de células-tronco de um cordão umbilical, complementado com células adultas doadas por um parente. Três anos depois do transplante, a paciente parou de usar medicamentos antirretrovirais para controlar o vírus. E 14 meses depois, não apresenta níveis detectáveis de HIV, segundo os cientistas. Portanto, ela é considerada livre do vírus e será considerada curada se não houver alterações".

Os dois casos anteriores de cura do HIV ocorreram em homens que receberam células-tronco adultas, que são usadas com frequência em transplantes de medula. As células transplantadas nos três casos de cura conhecidos vieram de indivíduos que possuem uma mutação genética que os torna resistentes ao vírus. "Este é o terceiro relato de uma cura nesse cenário, e o primeiro de uma mulher vivendo com HIV", afirmou Sharon Lewin, presidente eleita da Sociedade Internacional de Aids.

O caso da "Paciente de Nova York" é parte de um amplo estudo apoiado pelo governo dos EUA, liderado pelas pesquisadoras Yvonne Bryson, da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA), e Deborah Persaud, da Universidade Johns Hopkins, em Baltimore. O objetivo é acompanhar 25 pessoas com HIV submetidas a transplantes com células-tronco retiradas do cordão umbilical para o tratamento de câncer e de outras condições graves.

No âmbito do estudo, os pacientes primeiro passam por quimioterapia e depois recebem o transplante de células-tronco de indivíduos portadores da mutação que faz com eles não tenham os receptores usados pelo HIV para infectar células. Cientistas acreditam que os pacientes então desenvolvam um sistema imunológico resistente ao vírus. Segundo os cientistas, o uso de sangue de cordão umbilical não exige o mesmo nível de compatibilidade entre doador e receptor necessário no caso de células adultas, o que pode tornar esse tipo de tratamento acessível para mais pessoas.

De qualquer forma, os especialistas ressaltam que a cura do HIV por meio de transplantes de células-tronco ainda se limita a casos em que o paciente sofre de câncer ou outra doença grave que justifique um procedimento tão complexo e potencialmente fatal. Por enquanto, a terapia com células-tronco "continua sendo uma estratégia viável para apenas um punhado dos milhões que vivem com HIV", afirmou Persaud à emissora NBC. No entanto, Lewin, da Sociedade Internacional de Aids, disse que o novo caso "confirma que uma cura para o HIV é possível e fortalece o uso de terapia genética como estratégia viável".

FONTES: DW - EFE - REUTERS

AUSTRÁLIA ESTÁ PERTO DE ACABAR COM HIV NO PAÍS

Os novos diagnósticos australianos de HIV atingiram o nível mais baixo de todos os tempos, com o país perto de eliminar as transmissões do vírus, um legado da resposta eficaz da Austrália que começou há décadas.

Durante o surto de HIV na década de 1980, um amigo político do então ministro da Saúde Neal Blewett lhe deu um conselho. "Olha amigo, não há votos a se conquistar ajudando essas [pessoas]", disse. Ele estava se referindo a gays, profissionais do sexo e pessoas que injetam drogas, na época tidos como "grupos de risco" para o contágio.

A excepcional resposta da Austrália ao HIV/Aids deve muito, dizem os especialistas, aos políticos e outros poderosos que dialogaram com todas essas comunidades. Foi um extraordinário "ato de fé", diz o escritor Nick Cook. "A homossexualidade ainda era ilegal em alguns Estados australianos. Todos os três grupos tinham estigma de criminosos; eram os mais odiados da sociedade", diz ele. "E também foi uma estratégia inteligente: o governo não podia ser visto gastando dinheiro dizendo aos gays como fazer sexo e aos usuários de drogas como injetar com segurança, durante uma epidemia. Mas eles poderiam canalizar dinheiro para grupos comunitários confiáveis que pudessem dizer isso."

Um país modelo

À medida que se aproxima o 40º aniversário do primeiro diagnóstico de HIV da Austrália, dois livros recentes detalham a elogiada resposta de saúde pública do país. Fighting for Our Lives (Lutando Por Nossas Vidas, em tradução livre), de Cook, mostra a colaboração mencionada acima, enquanto In The Eye Of The Storm (No Olho da Tempestade, em tradução livre), de três acadêmicos australianos, conta as histórias de indivíduos que se voluntariaram em grande número para aliviar o sofrimento.

No final da década de 1980, a Austrália foi saudada pela Organização Mundial da Saúde como um modelo de prevenção a ser seguido por outros países. A Austrália foi uma das poucas nações que evitou uma epidemia entre usuários de drogas injetáveis, com taxas de cinco a dez vezes menores do que alguns países europeus e partes dos EUA.

As infecções entre as trabalhadoras do sexo australianas foram insignificantes estatisticamente. Cinquenta por cento das pessoas com HIV em todo o mundo são mulheres; na Austrália, esse percentual é de cerca de 10%. "[Na época] a rápida introdução de uma política de troca de seringas pelo primeiro-ministro Bob Hawke esteve muito à frente da maioria dos países", diz Eamonn Murphy, vice-diretor executivo de programas do UNAIDS. "Envolver a população mais afetada, especialmente homens gays, em todos os estágios, desde o projeto e implementação até a avaliação, pesquisa e financiamento, tornou a resposta australiana uma das mais eficazes".

Comunidade mobilizada

Cook diz que a geografia isolada da Austrália tinha uma "vantagem": o vírus chegou mais tarde no continente. Havia também uma comunidade recentemente mobilizada, pronta para agir: em 1978, a primeira marcha Mardi Gras uniu vários grupos da comunidade LGBTQ+ em Sydney. Isso criou as condições para que as pessoas se voluntariassem em números tão altos, diz Shirleene Robinson, autora de In The Eye of The Storm. "A infraestrutura existia: publicações, conexões e organizações que poderiam ser direcionadas para a epidemia".

Voluntários, muitos deles gravemente doentes ou passando por profunda tristeza, forneceram atendimento domiciliar para os doentes, troca de seringas e linhas telefônicas de ajuda, produziram recursos educacionais, serviram em conselhos de administração e forneceram amizade e apoio prático. Eles ajudaram as pessoas com HIV/Aids a navegar em um sistema médico hostil que, nas décadas anteriores, tratava homens gays como doentes mentais, exigindo cura.

O Victorian Aids Council realizou sessões de treinamento sobre como cuidar de pessoas doentes para quem não tinha experiência. "Eles ainda não sabiam como o vírus era transmitido, mas havia uma sensação enorme de que precisavam agir", diz Robinson. Ela menciona, em especial, as lésbicas que se engajaram na causa apesar de serem uma população que sofria pouco com o problema: "Como parte da comunidade LGBTQ+ marginalizada, elas se solidarizaram", diz ela.

Robinson defende que se construa um memorial para os voluntários: "Eles foram desvalorizados quando comparados com imagens heroicas de voluntários australianos icônicos: salva-vidas do surfe e bombeiros voluntários. Eles também salvaram vidas". Alguns obstáculos surgiram no caminho. Havia limites para os conselhos de Aids pressionarem os governos por mais financiamento.

Em 1991, o grupo ACT UP Australia, que representava pacientes em estado terminal, realizou um grande proteto no Departamento de Saúde exigindo maior acesso ao tratamento com medicamento AZT. No Parlamento, alguns chegaram a pular da galeria pública para o plenário, em protesto.

Fim do vírus

Na época, a Grã-Bretanha e os EUA tinham governos cuja posição sobre HIV e igualdade gay era considerada hostil. A Austrália tinha um governo trabalhista comprometido com uma abordagem bipartidária sobre HIV/Aids e uma oposição conservadora que apoiou as ações do governo. Eamonn Murphy diz que esse apoio bipartidário existe até hoje, o que significa que a Austrália continua com uma resposta de ponta. "Seu programa de PrEP [a pílula diária de prevenção do HIV] é um modelo que usamos no UNAIDS para outros países", diz ele.

"A Austrália lançou uma das primeiras implementações do tratamento em grande escala. Eles o colocaram em seu esquema de benefícios farmacêuticos relativamente cedo, tornando-o gratuito. Eles combinaram a experiência dos pesquisadores e da comunidade, em vez de uma abordagem de cima para baixo. Você não vê isso em outras respostas de saúde pública". 

"Os resultados, diz Murphy, falam por si. A Austrália é um dos poucos países que possui os três 90: 90% são diagnosticados; 90% destes estão em tratamento e 90% destes têm carga viral indetectável, o que significa que não podem transmitir o HIV sexualmente".

Em dezembro, o Kirby Institute relatou o menor número registrado de novos diagnósticos de HIV na Austrália em um ano desde 1984. Com 633 casos, uma tendência de queda de seis anos foi mantida, embora especialistas acreditem que a queda substancial de 901 diagnósticos em 2019 se deve às restrições da pandemia de covid-19. O diretor de Saúde Sexual da organização de promoção de saúde ACON, Matthew Vaughan, diz que há uma ótima perspectiva para o futuro. "Estamos perto de acabar com o HIV em New South Wales, o Estado mais populoso da Austrália, até 2030".

FONTE BBC

DESCOBERTA NOVA VARIANTE DO HIV MAIS VIRULENTA, AGRESSIVA E TRANSMISSÍVEL

Uma nova variante do vírus do HIV descrita como "altamente virulenta" foi revelada nesta quinta-feira (3/2) em um artigo na revista científica Science.

Batizada como variante VB, abreviação em inglês para variante virulenta do subtipo B, "ela demonstrou ser capaz de levar a uma maior carga viral no sangue em comparação com outros tipos do vírus; de ser mais transmissível; e de diminuir mais rapidamente as células de defesa T-CD4 do corpo".

Os autores da pesquisa, liderada por uma equipe da Universidade Oxford (Inglaterra), estimam que a variante surgiu na Holanda entre o final dos anos 1980 e a década de 1990, se espalhou nos anos 2000 e passou a perder força a partir de 2010. "Mas esta é a primeira vez que a variante é descrita e mapeada em indivíduos, a infecção pela VB foi confirmada em 109 pessoas analisadas no estudo, a grande maioria na Holanda (os pesquisadores detectaram também um caso na Suíça e outro na Bélgica)".

Um dos autores, o pesquisador Chris Wymant, explicou por e-mail à BBC News Brasil que os resultados não devem preocupar a população, porque a resposta ideal a essa e outras variantes do HIV já existe: "testes e tratamento". Aliás, está aí uma boa notícia do estudo. Em comparação com outros tipos de HIV, "a variante VB mostrou ser mais virulenta, transmissível e agressiva em pessoas que ainda não tinham passado por tratamento. No entanto, depois do tratamento, pessoas com a variante VB passaram a apresentar recuperação de células CD4 e indicadores de mortalidade semelhantes aos daquelas com outros tipos de HIV".

A descoberta dessa variante reforça a importância de orientações que já existem: "que os indivíduos com risco de contrair o HIV tenham acesso a testes regulares, permitindo o diagnóstico precoce, seguido de tratamento imediato", escreveu Wymant, pesquisador sênior da Universidade de Oxford e especialista na evolução dos vírus.

A Unaids (Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids) estima que 37,7 milhões de pessoas viviam com HIV no mundo em 2020, ano em que ocorreram 1,5 milhão de novas infecções. Naquele ano, estima-se que 680 mil pessoas morreram por problemas de saúde relacionados à Aids (contra 1,9 milhão em 2004 e 1,3 milhão em 2010). "Em 2020, 73% das pessoas com HIV tinham acesso a tratamento, hoje feito à base de medicamentos, muitas vezes apenas uma pílula tomada diariamente, e considerado muito eficaz".

O HIV tem alguns subtipos, fortemente relacionados à localidade. Por exemplo, na África, os subtipos mais comuns são A, C e D; na Europa, o subtipo B. Segundo um estudo publicado no ano passado, no Brasil, o subtipo B também é o mais frequente. Wymant explica que, dentro dos subtipos, há a ramificação em variantes. "Encontrar uma nova variante é normal, mas encontrar uma nova variante com propriedades incomuns não é. Especialmente uma com maior virulência", diz o pesquisador.

"O pior cenário seria a emergência de uma variante que combina alta virulência, alta transmissibilidade e resistência ao tratamento. A variante que descobrimos tem apenas as duas primeiras dessas características". No momento do diagnóstico, antes do tratamento, pessoas com a variante VB apresentaram uma carga viral 3,5 a 5,5 vezes maior do que aquelas com outros tipos de HIV; a taxa de declínio das células CD4 foi duas vezes mais veloz, "colocando-as sob risco de desenvolver a Aids muito mais rápido".

Os pesquisadores dizem que, possivelmente, a variante foi resultado de mutações que aconteceram ao longo do tempo e só foi revelada agora por alguns motivos, como o fato de o sequenciamento genético de amostras de pessoas com HIV ser relativamente recente.  A investigação sobre a variante começou porque cientistas envolvidos no projeto BEEHIVE detectaram 17 indivíduos com uma carga viral atipicamente alta. O BEEHIVE foi criado em 2014 com o objetivo de monitorar a influência da genética nas infecções pelo HIV, e faz isso acompanhando a saúde de pacientes em países da Europa e em Uganda. 

Conforme os pesquisadores foram analisando geneticamente as amostras destes e mais pacientes, detectaram uma nova variante. "Consideramos que o vírus (na forma da variante VB) emergiu apesar de um forte programa de tratamento na Holanda, e não por causa dele. O outro lado da moeda é que o excelente monitoramento na Holanda tornou mais provável a detecção de uma variante como essa", aponta Wymant.

FONTE: BBC NEWS BRASIL