Eu vivo com HIV/AIDS desde 1997. A minha história com o vírus você jamais verá nas mídias ditas e pseudo profissionais. Até porque as mesmas não se interessam por pessoas que, "como eu, fazem parte da maioria absoluta que não distorce a realidade", para lacrar, influenciar, ganhar notoriedade, likes e monetizar. Eu sou um vencedor!

10 MIL PESSOAS QUE VIVEM COM HIV CONTROLAM O VÍRUS SEM USO DE MEDICAMENTOS

Mais de 38 milhões de pessoas vivem com HIV hoje, mas apenas cerca de 1% dos infectados do mundo todo consegue controlar a ação do vírus sem usar qualquer droga.

Um estudo inédito publicado nesta terça (02/03/2021) na revista EBioMedicine (que faz parte da prestigiada The Lancet) encontrou um grupo de mais de 10 mil pessoas com HIV indetectável na República do Congo.

Chamadas de "controladores de elite do HIV", essas pessoas têm a carga viral tão baixa ou não detectável que acabam não transmitindo o vírus.

"O mais impressionante é que os homens e mulheres que participaram da pesquisa não fazem uso de qualquer antirretroviral de tratamento".

Esta alta frequência encontrada é incomum e sugere que há algo interessante acontecendo em um nível fisiológico na República Democrática do Congo, comenta Tom Quinn, diretor do Centro de Saúde Global do Hospital Johns Hopkins e um dos autores do estudo.

Por que a descoberta é importante? O estudo, de acordo com os pesquisadores responsáveis, vai estimular pesquisas adicionais que procuram compreender esta resposta imunológica única. Os resultados podem aproximar cientistas do objetivo de acabar com a pandemia de HIV, descobrindo ligações entre esse bloqueio natural do vírus e tratamentos futuros, mais eficientes em suprimir sua ação.

As pessoas que são capazes de controlar naturalmente o HIV têm uma resposta imunológica realmente única, que pode nos dar pistas sobre como melhorar tratamentos. A comunidade de pesquisa global tem mais trabalho a fazer, "mas aproveitar o que aprendemos com este estudo nos coloca mais perto de possivelmente eliminar o HIV", diz Mary Rodgers, cientista que coordena o programa de Vigilância Viral da farmacêutica Abbott Laboratories e uma das autoras do estudo.

Conforme explica o médico Amilcar Tanuri, virologista da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e especialista em HIV, no Brasil, os "controladores de elite são raríssimos". Em um estudo do qual participei como pesquisador no Rio de Janeiro, "em cerca de sete mil pacientes, achamos apenas seis indivíduos nessas condições. Consideramos que são 0,1% da população brasileira". Na Republica do Congo, "agora sabemos que a taxa é 2,4% da população, vinte vezes mais", explica ele, que avalia que a pesquisa foi feita com todos os controles científicos necessários.

O principal mérito do estudo, na análise do virologista, é abrir portas para entender se o fenômeno foi causado pelo vírus ou pela resposta do hospedeiro. "Ou existe uma cepa menos agressiva ou a é a genética do infectado que responde de forma diferente. É nisso que as próximas pesquisas devem focar."

FONTE E REFERÊNCIAS:

EBioMedicine

Viva Bem Saúde

VACINA CONTRA HIV/AIDS: MITO OU REALIDADE?

Enquanto o mundo comemora a chegada de várias vacinas contra a Covid-19 em tempo recorde, uma outra e esperada vacina, chega à terceira fase de testes: "A vacina contra o vírus HIV/AIDS".

Nos últimos 40 anos, o HIV/AIDS matou mais de 40 milhões de pessoas no mundo todo. O número evidencia a letalidade do vírus, responsável por uma das epidemias mais mortais do planeta.

"Só no Brasil, o Boletim Epidemiológico mais recente do Ministério da Saúde mostrou que, desde a década de 1980, o vírus matou mais de 350.000 pessoas."

Apesar de não existir cura, existe o tratamento antirretroviral capaz de reduzir a multiplicação do vírus, evitando que muitas pessoas soropositivas desenvolvam a  DOENÇA AIDS. O Brasil é um dos oito países onde está sendo testada uma vacina para prevenir a infecção pelo HIV. O estudo já está na fase três de testes (é a terceira vez nos últimos 20 anos que uma pesquisa chega a essa etapa), e os pesquisadores estão otimistas.

Esta vacina é feita a partir da combinação de dois imunizantes: Ad26.Mos4.HIV e Bivalent gp140. Ambas são resultado de uma pesquisa chamada Mosaico, realizada ao mesmo tempo nos Estados Unidos, Espanha, Polônia, Peru, México, Brasil, Argentina e Itália. O estudo é coordenado pela Rede de Ensaios de Vacinas contra o HIV (HVTN, na sigla em inglês) e financiado pela farmacêutica Janssen, da Johnson & Johnson. Esses imunizantes, associados, devem estimular uma resposta imunológica ampla o suficiente para reduzir os riscos de infecção pelo vírus.

No Brasil, existem oito centros de pesquisa da Mosaico nas cidades de Belo Horizonte, Curitiba, Manaus, Rio de Janeiro e São Paulo. Desde que o recrutamento de voluntários começou, em dezembro do ano passado, cerca de 40 pessoas já tomaram a primeira dose. No total, 3,8 mil pessoas participarão do estudo. Dessas, 1,2 mil serão voluntários brasileiros. O recrutamento segue aberto até julho deste ano.

Responsável pelo estudo no Brasil, o pesquisador Jorge Andrade Pinto, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), explicou que o HIV é extremamente complexo e por isso a comunidade científica tem se debruçado, há quatro décadas, no desenvolvimento de uma vacina. "Existe uma diversidade de tipos (cepas) do HIV: são 9 subtipos, além das formas recombinantes, que se misturam entre si. Essa variabilidade são obstáculos ao desenvolvimento de vacinas. Passados 40 anos, o fato de ainda não termos uma eficaz até hoje mostra a medida da complexidade do vírus", afirmou.

Apesar das dificuldades, desde o começo dos anos 1990 existem pesquisas para uma vacina capaz de fazer com que o corpo humano combata o vírus. Em 1992, dez anos depois dos primeiros casos identificados na Califórnia, existiam 14 vacinas em vários estágios de experiências clínicas humanas. No entanto, muitas dessas tentativas foram descartadas. 

"Vale lembrar que nas pessoas infectadas pelo HIV, mesmo naquelas que realizam o tratamento corretamente e que não desenvolvam a AIDS, não existe cura, ou seja, o vírus permanece no organismo dessas pessoas para o resto da vida".

Pelo menos cinco grandes pesquisas para desenvolver uma vacina foram realizadas desde que o vírus foi identificado, no começo dos anos 1980. Dessas, duas chegaram à fase três de testes, ambas desenvolvidas na Tailândia: a HVTN 501, no final dos anos 1990, e a Alvac/Aidsvax, realizada entre 2005 e 2009. "A eficácia desta última ficou em cerca de 31%. Não foi brilhantemente eficaz, apesar de ser um número aceitável", avalia o professor Jorge Andrade Pinto, pesquisador responsável pelo estudo na UFMG.

Segundo ele, a vacina que está sendo testada neste momento tem uma estratégia mais avançada em relação às anteriores: "tem mais de uma frente de estímulo imunogênico, ou seja, são duas ao mesmo tempo. São imunizantes de vetor viral, como algumas das que estão sendo utilizadas contra a Covid-19 (a vacina da Janssen e da Astrazeneca)".

Dados mais recentes do Unaids, programa das Nações Unidas para ajudar nações no combate à AIDS, indicam que 32,7 milhões de pessoas morreram em todo o mundo em decorrência de doenças relacionadas à Síndrome da Imunodeficiência Adquirida desde o início da epidemia, até o ano de 2019. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que mais de 38 milhões de pessoas vivem com o HIV atualmente no mundo. A OMS também estimou que cerca de 1,7 milhão de pessoas são infectadas todos os anos pelo vírus.

A fase 3 de testes da vacina contra o HIV no Brasil terá duração de 30 meses. Segundo informações da Faculdade de Medicina da UFMG, responsável pelo recrutamento de 120 voluntários, o estudo duplo cego terá a participação total de 3.800 pessoas em diferentes partes do mundo. Todas serão avaliadas por uma equipe de médicos e passarão por exames físicos e laboratoriais antes de serem aprovadas para participar do programa.

Os participantes serão sorteados e divididos igualmente entre grupo placebo e grupo ativo, e somente um comitê externo saberá quem recebeu placebo e quem recebeu vacina. No total, os voluntários receberão quatro doses da vacina num intervalo de três meses. Segundo Andrade, responsável pela pesquisa no Brasil, as duas primeiras doses serão apenas com o imunizante de vetor viral. As doses restantes serão uma fórmula contendo as duas vacinas, a de vetor viral e a proteica. O acompanhamento será feito de três em três meses e, depois, a cada 6 meses.

No Brasil, os testes estão sendo realizados somente com pessoas do sexo masculino, incluindo mulheres trans, que mantém relações sexuais com outras pessoas do mesmo sexo. Isso ocorre porque, especificamente no Brasil, este grupo é o que está mais exposto à contaminação pelo vírus. A transmissão, aqui, é majoritariamente entre esse grupo. É uma questão pragmática, é preciso verificar a eficácia, e não tem a ver com preconceito, explica o coordenador da pesquisa. Os testes estão sendo realizados, também, em outros países, onde outros grupos demográficos estão sendo testados. Em alguns países da África Subsaariana, a transmissão é basicamente heterossexual. E tem um estudo com esse mesmo imunizante em mulheres desses países, explicou.

FONTES E REFERÊNCIAS:

Estudo Mosaico

Vacina Ad26

Vacina Bivalent gp140

Rede de Ensaios de Vacinas contra o HIV

Agência Lupa