Eu vivo com HIV/AIDS desde 1997. A minha história com o vírus você jamais verá nas mídias ditas e pseudo profissionais. Até porque as mesmas não se interessam por pessoas que, "como eu, fazem parte da maioria absoluta que não distorce a realidade", para lacrar, influenciar, ganhar notoriedade, likes e monetizar. Eu sou um vencedor!

TODA SEMANA 5 MIL MULHERES JOVENS DE 15 A 24 ANOS DE IDADE SÃO INFECTADAS PELO HIV

Toda semana, cerca de 5 mil mulheres jovens com idade entre 15 e 24 anos são infectadas no mundo pelo HIV, de acordo com estatísticas do Unaids Brasil, programa conjunto das Nações Unidas sobre a doença.

No entanto, Gabriel Breier, um influenciador que prega o fitness natural (isto é, sem uso de anabolizante), considera a camisinha uma falta de respeito com o homem, além de antibiológico:  "Tem maluco que namora e tal, e a menina começa a pedir para o cara usar camisinha. Eu acho que é incomum. Porque transar com camisinha é algo antibiológico, porque não é tu que está tocando a menina, é o plástico, declarou ele. Disse ainda que [se] tu está transando com camisinha, tu é besta".

"Especialistas, porém, avaliam que a decisão de abandonar a camisinha deve ser feita em conjunto e acompanhada de exames regulares dos parceiros, além de o casal ter certeza que a relação é monogâmica para ambos".

Com 134 mil seguidores no Youtube, 234 mil no TikTok e 108 mil no Instagram , o influencer tem números pequenos perto do cenário que se dispôs a enfrentar, como o aumento das infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) em mulheres e gestações precoces, problemas graves no Brasil e no mundo.

Nos últimos 15 anos, segundo o Unaids, agência da Nações Unidas, "elas passaram a representar 53% dos casos mundiais de HIV e 30,6% das infectadas pelo vírus no Brasil (87,8% delas via relações heterossexuais)". Hoje, infectados pelo vírus que buscam tratamento logo após a infecção podem não desenvolver a doença, mas sem o diagnóstico, o risco de adoecer cresce. "Além disso, o país tem uma das mais altas taxas de gestação na adolescência, com 400 mil casos por ano, de acordo com dados do Ministério da Saúde".

As críticas em torno da fala do influenciador ganharam corpo na voz de famosos e usuários do Twitter. Com 14,5 milhões de seguidores no Twitter, o youtuber Felipe Neto pediu para mulheres continuarem usando o preservativo, "principalmente se for pra prevenir o mundo de homens que nem esse", escreveu. A usuária Jacy Carvalho, que tem 80 mil seguidores na rede, tuitou indignada: "Usem camisinha estando solteiras ou em relacionamento sério ou casadas".

Para Jamal Suleiman, médico infectologista do Instituto Emílio Ribas, "a relação precisa ser de fato monogâmica e ambos precisam ter testes para ISTs negativos e vacinação em dia contra as doenças para as quais já existe prevenção, como HPV, Hepatite B e Hepatite A. Se um for positivo, e falando especificamente de HIV, a carga viral precisa ser baixa para não usar camisinha. Precisa ver se tem capacidade de infecção ou não. Também tem a opção de fazer a profilaxia pré-exposição", afirmou o médico. O infectologista reforçou que em uma relação aberta o uso da camisinha é recomendado e, embora haja opções de profilaxias, não há porque questionar a eficácia ou necessidade do método.

​A infectologista Karen Mirna Loro Morejón, responsável pelo Serviço de Infecção Hospitalar do Hospital da Unimed, faz coro à fala de Suleiman. Ela afirma que o preservativo faz parte da estratégia de prevenção de doenças infecto-contagiosas."Se há uma decisão, em conjunto, do casal em não usar [camisinha], que isso seja feito de forma consciente e com todos os riscos avaliados. Que se foque em outros métodos de prevenção combinada com testagem regular para ISTs".

A professora defende o diálogo franco e respeitoso com um profissional de saúde, e o autocuidado feminino para que as demandas íntimas sejam acolhidas e as dúvidas sanadas antes de qualquer decisão. "Temos muitas mulheres que foram infectadas pelos parceiros. A maioria, de fato, desconhecia seu diagnóstico, mas alguns sabiam e não haviam revelado às parceiras", diz.

Jose Valdez Madruga, médico infectologista e coordenador do Comitê de Aids da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia), também acredita que a decisão deve ser tomada em conjunto pelo casal, e que é preciso estar claro se a relação é monogâmica para ambos. Caso não tenham o mesmo status sorológico, o positivo deve estar tratamento com carga viral indetectável e o negativo com profilaxia pré-exposição em dia. "Há fatores que precisam ser considerados para tomar a decisão de usar ou não preservativo. Algumas vezes, apenas um é monogâmico e só descobre que o outro não é monogâmico quando aparece uma infecção de transmissão sexual", apontou o médico.

Evalcilene Santos, 45, ativista e militante de direitos humanos, vive com HIV desde os 22 anos. Para ela, o preservativo precisa ser defendido como um dos insumos mais importantes na luta contra a transmissão de ISTs e e pela preservação da vida das mulheres. "Nunca me falaram do preservativo. Quando me descobri, jovem, já tendo filha e amamentando com HIV, foi muito horrível. Será que hoje eu estaria infectada com HIV e tomando medicamento todos os dias, com sequelas no meu organismo? Eu não gostaria de estar com essa infecção e das pessoas ainda não falarem comigo por estigma e discriminação".

A ativista afirma ainda que a educação popular continuada, acesso e autonomia feminina para usar camisinha e outras formas de prevenção são essenciais pois considera que falas machistas como essa do influencer podem matar mulheres. "Nós mulheres temos o direito ao nosso corpo, de [escolher] usar ou não o preservativo. Forçar uma mulher a não usar quando a mesma solicita o uso é uma violência sexual", lembra Evalcilene.

Jenice Pizão, 63, do Movimento Nacional das Cidadãs PositHIVas, chamou a fala do influencer de "sandice irresponsável e afirma que ele deveria sofrer as penalidades legais devido à tamanha falta de sensibilidade e conhecimento do tema". Uma fala preconceituosa, misógina. Como se considera um influencer? "Vivo com HIV há 32 anos, me infectei por total falta de informação na época, achando que o vírus não existia no meu meio. Foi um erro e com isso me infecte", lamenta. Ela cita ainda tecnologias mais recentes, como as profilaxias pré e pós exposição oferecidas pelo SUS (Sistema Único de Saúde).

"Fazendo o tratamento correto, a carga viral fica indetectável e não infecta ninguém. A informação que ele transmite é uma informação que pode levar a danos seríssimos e incentiva comportamento de risco. Por isso ele deveria ser penalizado, declara".

FONTE: AGÊNCIA DE NOTÍCIAS DA AIDS

SE CRIANÇAS COM HIV NÃO FOREM TRATADAS 50% MORRERÃO ANTES DE COMPLETAREM 2 ANOS DE VIDA

No sábado, 7 de maio, foi celebrado o Dia Mundial das Crianças Afetadas e Infectadas pelo HIV/aids. A data foi criada para lembrar a população que ainda temos no mundo crianças vivendo com HIV. É também um dia de reflexão sobre a importância do pré-natal.

Segundo dados do Unaids, atualmente 1,8 milhão de crianças entre 0 e 14 anos vivem com HIV em todo o mundo, e 1,7 milhão destas crianças estão na África. Embora em vários países, incluindo o Brasil, houve um declínio de novas infecções por HIV entre crianças, ainda estão nascendo crianças com HIV. Crianças nascidas de mães vivendo com HIV nem sempre estão sendo testadas. 

"Segundo dados da Unaids, se as crianças que vivem com HIV não forem tratadas, cerca de 50% poderão morrer antes de atingirem o segundo aniversário. É importante que todas as crianças e adolescentes vivendo com HIV tenham acesso à terapia antirretroviral".

Pelo menos 300 mil crianças foram infectadas pelo HIV em 2020, ou seja, "uma criança a cada dois minutos", segundo dados do Unicef. Outras 120 mil crianças morreram de causas relacionadas à aids durante o mesmo período, ou uma criança a cada cinco minutos. O Unicef advertiu que a prolongada pandemia de Covid-19 está aprofundando as desigualdades que há muito impulsionam a epidemia de HIV, colocando crianças, adolescentes, gestantes e lactantes vulneráveis em maior risco de não ter acesso a serviços vitais de prevenção e tratamento do HIV.

"A epidemia de HIV entra em sua quinta década em meio a uma pandemia global que sobrecarregou os sistemas de saúde e restringiu o acesso a serviços vitais. Enquanto isso, o crescimento da pobreza, problemas de saúde mental e abuso estão aumentando o risco de infecção de crianças e mulheres", disse a diretora executiva do Unicef, Henrietta Fore. "A menos que aumentemos os esforços para resolver as desigualdades que impulsionam a epidemia de HIV, que agora são exacerbadas pela covid-19, podemos ver mais crianças infectadas com HIV e mais crianças perdendo sua luta contra a aids".

"De forma alarmante, duas em cada cinco crianças vivendo com HIV em todo o mundo não sabem sua condição, e pouco mais da metade das crianças com HIV está recebendo tratamento antirretroviral (TARV). Algumas barreiras ao acesso adequado aos serviços de HIV são antigas e conhecidas, incluindo discriminação e desigualdades de gênero".

Segundo o Unaids e o Unicef, são três ações mais importantes para a prevenção da infecção pelo HIV em crianças:

* Em primeiro lugar, alcançar as mulheres grávidas com testes e tratamento o mais cedo possível – muitas crianças nasceram com o HIV porque suas mães não receberam nenhum tratamento para o HIV antes ou durante a gravidez ou amamentação.

* Em segundo lugar, assegurar a continuidade do tratamento e supressão viral durante a gravidez, amamentação e por toda a vida – muitas crianças adquiriram a infecção pelo HIV porque suas mães não continuaram os cuidados de saúde durante a gravidez e amamentação. 

* Em terceiro lugar, prevenir novas infecções por HIV entre mulheres grávidas e amamentando – novas infecções entre crianças ocorrem devido ao fato de a mulher ter adquirido a infecção pelo HIV durante a gravidez ou amamentação.

O SUS disponibiliza todas as ferramentas necessárias para a redução da transmissão vertical do HIV. "Apesar do grande progresso desde o início da epidemia, a resposta ao HIV ainda está falhando em relação às crianças".

Fonte: Agência de Notícias da Aids