Eu vivo com HIV/AIDS desde 1997. A minha história com o vírus você jamais verá nas mídias ditas e pseudo profissionais. Até porque as mesmas não se interessam por pessoas que, "como eu, fazem parte da maioria absoluta que não distorce a realidade", para lacrar, influenciar, ganhar notoriedade, likes e monetizar. Eu sou um vencedor!

O DIAGNÓSTICO TARDIO DA AIDS ME FEZ PERDER A VISÃO DO OLHO DIREITO, PARTE DA AUDIÇÃO E LIMITOU MEUS MOVIMENTOS!

Vitor antes (dir.) e depois
do tratamento para Aids
(arquivo pessoal)

Em 2015, Vitor Ramos, na época estudante de administração, começou a sentir sintomas gripais. "Era só uma garganta inflamada e um mal-estar leve. Quem seria capaz de associar isso com HIV?, indaga ele, que só recebeu o diagnóstico três anos depois".

Vitor conta que a hipótese demorou muito a passar pela sua cabeça. "Eu achava que nunca tinha me relacionado sexualmente com alguém portador do vírus, porque na minha cabeça essa pessoa seria acamada e estaria muito fraca", diz.

Dois anos depois do aparecimento dos sinais mais genéricos, em 2017, Vitor teve quadros intensos de diarreia que o fizeram perder cerca de 20 quilos e passar por oito hospitais em busca de um diagnóstico na cidade de Araçariguama, onde morava no interior de São Paulo, e em municípios próximos. "O gastroenterologista pediu uma colonoscopia que voltou inconclusiva para doença de Crohn [uma doença inflamatória do trato gastrointestinal], a principal suspeita do médico. Mesmo assim, ele decidiu me tratar como se eu tivesse o quadro", lembra. Na ocasião, minha mãe chegou a perguntar: Doutor, não pode ser HIV?, e ele respondeu que não era comum em homens. Entendi aquilo como uma suposição equivocada de que eu seria um homem hétero, já que o HIV ainda é muito associado aos homossexuais.

"A infecção pelo vírus, na realidade, pode acontecer com qualquer pessoa, independentemente da sua orientação sexual. O HIV está presente em secreções (fluidos) como sangue, esperma, secreção vaginal e leite materno. Por isso recomenda-se sempre o uso de preservativos no sexo, e que mães soropositivas alimentem seus bebês com fórmula infantil".

Além do diagnóstico incorreto, o médico que atendeu Vitor receitou um medicamento imunossupressor, efetivo para o tratamento de doença de Crohn, mas extremamente nocivo para quem vive com HIV. "Os medicamentos imunossupressores podem atuar enfraquecendo diferentes partes do sistema imune a depender de qual é o remédio receitado. Considerando um paciente que já estava com imunidade celular baixa, se usar medicação que piora a imunidade, há o risco de deixá-lo muito suscetível às infecções oportunistas, que às vezes somente o HIV não seria suficiente para causar", aponta o médico infectologista acreano Dyemison Pinheiro, que não acompanhou o caso de Vitor.

"A partir do dia que comecei a tomar o medicamento, a piora foi muita rápida. Eu digo que fui ladeira abaixo, e uma ladeira bem íngreme. Comecei a andar devagar, as diarreias não paravam, eu só ficava em casa porque poderia precisar do banheiro a qualquer momento. Precisei trancar a faculdade", lembra Vitor. Com o quadro cada vez mais grave, sua família insistia para que ele procurasse um pronto-socorro. Eu tentava disfarçar dizendo que estava bem. Mas um dia, minha irmã chegou decidida a me levar. Eu fui até o carro andando, e quando chegamos no hospital, já não sentia minhas pernas. Precisei ser tirado por um segurança e fiquei na cadeira de rodas. Ali, senti que algo estava muito errado. "Foi neste dia, 8 abril de 2018, que Vitor recebeu o diagnóstico de HIV".

A contagem de das células imunológicas CD4 em seu corpo estava extremamente baixa. Para comparação, o índice em uma pessoa saudável deve ser acima de 500. Quando está abaixo de 350, indica que a pessoa sofre de Aids. A contagem de CD4 de Vitor no momento do diagnóstico era 2. "Com tratamento, é possível melhorar o número, mas o índice não leva em conta a recuperação imunológica. Algumas pessoas apresentam falhas qualitativas importantes nas células de defesa, e por isso, há pesquisadores que advogam que, uma vez que o número esteve abaixo de 350, a pessoa sempre terá Aids", explica Pinheiro.

Na primeira semana de internação, Vitor só lembra de flashes. Algo que o marcou foi uma conversa que ouviu dos médicos, que falaram que não tratariam o HIV no primeiro momento, já que haviam outras doenças oportunistas deixando seu corpo fraco. "Além do vírus da Aids, exames constataram neurotoxoplasmose (infecção no sistema nervoso central), sarcoma de Kaposi (câncer que acomete as camadas mais internas dos vasos sanguíneos) e as infecções sexualmente transmissíveis sífilis e HPV".

"Apesar do HIV ser perigoso, ele pode não ser o quadro principal responsável pelo óbito. Pelo excesso de medicações, em um caso com diferentes infecções oportunistas, é preferível focar no que oferece mais risco", aponta Pinheiro. Ao todo, Vitor passou quatro meses internado, incluindo dois períodos na unidade de tratamento intensivo (UTI).

"Perdi os movimentos das pernas e dos braços e fiquei dependente dos outros para tudo. Meu corpo doía muito, e em uma das noites comecei a enxergar tudo vermelho. Foi quando me levaram para a UTI pela segunda vez. Lá, fiquei sem visitas, olhando para o teto e sem me mexer. Só ouvindo barulhos de gente morrendo ou aparelhos apitando. Foram dias extremamente difíceis, lembra".

A primeira alta aconteceu depois de cerca de três meses, mas, após uma semana em casa tomando remédio para uma suposta conjuntivite, "Vitor perdeu a visão de um olho". De volta ao hospital, uma oftalmologista especialista em Aids diagnosticou a presença de citomegalovírus ocular (infecção causa por vírus da família da herpes) e recomendou internação urgente. "Eu não queria voltar de jeito nenhum, chorei muito, mas fui internado. Também segui fazendo fisioterapia, e, para me ajudar a recuperar os movimentos, minha mãe colocava uma toalha embaixo do prato de comida e me pedia para tentar fazer a refeição sozinho. Eu parecia uma criança sujando tudo, mas, aos poucos, fui conseguindo", diz.

"Nos meses que passei internado, perdi autonomia, liberdade e privacidade. Meu pai me perguntou: Qual é a primeira coisa que você quer fazer quando sair daqui? Viajar, ir ao shopping...eu respondi que queria tomar um banho em pé, sozinho. Ele ficou surpreso".

Vitor conta que toda sua família foi muito carinhosa e essencial no período de tratamento. "Se hoje falo abertamente sobre viver com HIV nas redes sociais e incentivo outras pessoas a fazerem o teste, é só porque tive rede de apoio muito forte". As sessões de fisioterapia para recuperar os movimentos eram dolorosas. "Quando as enfermeiras entravam, fingia estar dormindo para não ter passar pelos exercícios, que, ao meu ver, não ajudavam em nada. Foi só quando me emocionei ao ver meu polegar do pé se movimentar sutilmente que fiquei mais motivado".

Da cadeira de rodas, Vitor passou a usar um andador, depois um par de muletas e, por fim, andava com o auxílio de uma bengala - uma evolução que levou um ano. Quando recebeu alta, o CD4 de Vitor era de 40, um número considerado ainda bastante baixo. Por isso, a condição para voltar para casa foi que ele retornasse ao hospital todos os dias para receber medicamentos na veia. "Diziam que eu não passaria de 200, que meu caso era muito grave. Foram dias muito difíceis. Os medicamentos tiravam minhas forças", Nos últimos dois exames feitos, seu CD4 passava de 470.

Apesar de a taxa não representar que ele está curado, mostra uma boa resposta ao tratamento, que Vitor diz que segue à risca até hoje, com medicamentos que obtém no SUS. Além disso, pouco tempo depois de iniciar o tratamento, Vitor chegou ao estágio de HIV indetectável, "ou seja, ele não transmite o vírus sexualmente (mesmo que sem proteção)".

De acordo com o infectologista Dyemison Pinheiro, é plenamente possível que, mesmo em quadros graves como foi o de Vitor, nos quais as pessoas têm sua imunidade parcialmente comprometida irreversivelmente, ainda se possa chegar ao nível de HIV indetectável conforme o tratamento avança - um fator não está atrelado ao outro. Ele pratica exercícios físicos regularmente, na academia ou jogando vôlei com a família, terminou a faculdade e conseguiu um emprego recentemente.

"Por conta do diagnóstico tardio, que levou quase três anos, a Aids me fez perder a visão do olho direito, parte da audição, e me causou sequelas de um certo atraso de movimento na perna esquerda. Mas me sinto ótimo, considero que minha recuperação foi muito boa, e, hoje, vivo bem. Nas redes sociais, Vitor incentiva outros homens e mulheres a procurar um teste antes que o vírus avance no organismo. Se eu pudesse voltar no tempo, esse seria o conselho que eu daria a mim mesmo. Falaria também para pesquisar sobre o vírus e não ser influenciado pelo que qualquer pessoa fala. Há vida depois do diagnóstico, diz".

Este texto foi publicado originalmente em:

https://www.bbc.com/portuguese/brasil-62443380

E A CURA DA AIDS?

Recentemente foi noticiado mais um caso de cura da Aids. É o quarto caso já documentado após transplante de células-tronco, também conhecido como transplante de medula óssea.

Mas, antes de comemorar é necessário entender que: esses casos são pontos fora da curva, por não serem aplicáveis dentro de uma rotina padrão para todas as pessoas vivendo com HIV.

Esses quatro casos não receberam transplante devido ao HIV, mas por outras condições clínicas, como leucemia. Nesses casos, apesar das complicações relacionadas ao procedimento, há aumento considerável de sobrevida devido à gravidade da doença hematológica de base. Porém, aproveitando o fato de que o procedimento foi indicado por outros motivos, foram buscados doadores que pudessem viabilizar a cura da Aids ao paciente receptor.

Como a cura pode ser atingida após um transplante?

Após um transplante, todas as células sanguíneas que são geradas pela medula óssea passam a apresentar as características das células progenitoras que foram doadas. Sabe-se que em torno 1% da população nórdica tem uma mutação específica que os tornam resistentes à infecção pelo HIV. Essa prevalência é menor em outras regiões do mundo, ou seja, é uma condição rara. É uma relação do gene Delta 32 que altera o receptor celular CCR5 que o vírus utiliza para entrar na célula, então é como se o vírus não tivesse a chave para entrar.

Então por que não buscar para uma pessoa que vive com HIV que vai ser submetido ao transplante, um doador que tenha essa mutação?

Talvez o receptor passe a apresentar esse padrão de resistência ao vírus que dificulta a progressão dele. Isso foi tentado pela 1ª vez em 2009, no caso conhecido como "o paciente de Berlim". E, de forma surpreendente, esse paciente não apresentou mais indícios do vírus após a suspensão do tratamento antirretroviral e foi considerado curado da Aids. Esse mesmo procedimento foi realizado mais 3 vezes, a última na Califórnia em um hospital chamado "Cidade da Esperança".

Os avanços no tratamento de Aids: 

Os 40 e poucos anos de história do HIV, desde o 1º caso descrito em 1981, foram de avanços impressionantes na Medicina. A partir de 1996, os esquemas terapêuticos, antigamente chamados de "coquetéis", devido à grande quantidade de comprimidos, permitiram o controle do vírus, evitando-se a evolução da Aids. De lá para cá, novas opções terapêuticas com menor número de comprimidos e menos efeitos colaterais passaram a estar disponíveis, a ponto de haver atualmente opções de tratamento com um comprimido ao dia. Os avanços terapêuticos são tão significativos que a expectativa de vida de um indivíduo que tem HIV e inicia terapia aos 21 anos em fase precoce, quando a imunidade não está ainda comprometida, é de 78,4 anos versus 85,2 anos de um indivíduo sem HIV. Essa diferença, que nos anos 2000 era acima de 20 anos, está cada vez menor. O grande desafio atual é justamente a detecção precoce do vírus para viabilizar o máximo potencial do tratamento na prevenção da evolução da doença e redução das transmissões.

Mas infelizmente o tratamento atual ainda não é suficiente para a cura!

Apesar de inibir a replicação viral no sangue, as medicações não são capazes de atingir os chamados "reservatórios do HIV", regiões do corpo onde os vírus ficam protegidos. Mesmo muitos anos após uma terapia supressiva, caso seja suspensa, os vírus que ficam nesses reservatórios voltam a se replicar e atacar as células de defesa do organismo.

Por quê não se faz transplante para todos os casos de HIV?

O transplante não é um procedimento simples. Antes do transplante, é feito um tratamento chamado de mieloablativo, com medicações que simplesmente matam as células progenitoras da medula óssea. Isso é necessário para que as células progenitoras do doador se adaptem à nova medula. Obviamente, esse é um percurso perigoso, já que, por um período, o receptor praticamente não apresenta leucócitos, as células que defendem nosso corpo de micro-organismos invasores. Após o transplante, há o risco de as células do doador não se adaptarem à medula do receptor. Mesmo que a medula "pegue", também pode haver problemas como a Doença do Enxerto Contra o Hospedeiro (DECH), condição em que as novas células não reconhecem algumas partes do organismo. Todas essas complicações explicam a alta taxa de mortalidade, em torno de 15%, de um procedimento desses.

Tendo em vista as altas taxas de complicações do transplante, fica claro que mesmo com alguma chance de cura, não é plausível atrelar todo esse risco a um caso que poderia ser mantido controlado por meio de medicações de fácil administração e poucos efeitos colaterais. É por isso que as curas por essa metodologia não devem ser encaradas como a solução para todos os problemas, mas sim um avanço em relação a novas modalidades terapêuticas que podem eventualmente ser aplicadas em escala no futuro. Por não ser um procedimento simples e implicar vários riscos ao paciente, o transplante não deve ser visto como a primeira opção na busca da cura da Aids.

Quais são os potenciais tratamentos para a cura?

Transplante de células-tronco hematopoiéticas: Já vimos que é um esquema capaz de curar a infecção pelo HIV, mas impraticável na maioria dos casos devido ao risco não favorecer essa modalidade.

Shock and kill: Essa é uma opção que foca os reservatórios do vírus. Medicações são usadas para mobilizar esses vírus "escondidos" na corrente sanguínea, deixando-os expostos às medicações antirretrovirais.

Block and lock: Também atua nos reservatórios do vírus, mas, em vez de induzir a mobilização dos reservatórios para a corrente sanguínea, faz que o vírus fique "trancado", ou seja, mesmo com a suspensão do tratamento pelo paciente, os vírus nos reservatórios deixam de se expressar e não se disseminam.

Terapia genética: Com novas modalidades de intervenções genéticas como o zinc finger nuclease (ZFN), transcription activator-like nucleases (TALENS) e clustered regularly interspaced short palindromic repeats-associated protein 9 (CRISPR/Cas9), é possível atuar nos receptores CCR5, alterando-os a ponto de evitar a entrada do vírus.

Intensificação da terapia antirretroviral: Há relatos de crianças que nasceram com o HIV e, após a suspensão da terapia depois de alguns anos, mantiveram-se em remissão. Não está claro se são casos de cura ou "cura funcional", quando ainda há vírus, mas sem repercussões clínicas.

Terapias imunológicas (vacinas): As vacinas são usadas primariamente para potencializar a resposta imune a determinado agente infeccioso. Porém, o HIV tem algumas características que dificultam a produção de vacinas, mas há frentes que têm avançado nesse aspecto. Há a perspectiva de que as vacinas contra o HIV não necessariamente consigam curar, mas sejam usadas de forma complementar às demais modalidades terapêuticas para se atingir a cura funcional ou completa.

Independentemente da modalidade de cura, provavelmente não haverá em curto prazo um esquema que seja aplicável para todo o mundo. Algum tempo será necessário para se avaliar custo, risco, benefício e necessidade de estrutura para aplicação em larga escala!

Se a doença tem controle, por que a cura é tão esperada? Qual foi o último estudo sobre a cura da hipertensão? E da doença pulmonar obstrutiva crônica? Diabetes tem cura? Claro que há linhas de pesquisa para a cura dessas e outras doenças crônicas existentes, mas sem grandes repercussões quando avanços são alcançados. Isso acontece porque há doenças crônicas que são mais aceitas socialmente, outras menos. 

A Aids ainda carrega um grande estigma que gera discriminação, e poucas pessoas que vivem com HIV se sentem totalmente à vontade para manifestar essa condição publicamente!

Essa questão está vinculada à via de transmissão sexual do vírus e ao fato de ter risco maior de transmissão durante relações sexuais anais. Homens que fazem sexo com homens estão em situação mais vulnerável. Isso não deveria ser uma barreira em relação ao reconhecimento e ao enfrentamento do problema, mas é em uma sociedade que não tolera a diversidade em relação à orientação e à prática sexual.

De acordo com a Human Dignity Trust, instituição que defende os direitos legais de pessoas LGBTQIAPN+ globalmente, 70 países criminalizam a atividade sexual privada e consensual de 2 pessoas do mesmo sexo, mesmo que de forma privada.

Além disso, em 11 países, a punição pode ser a morte!

Como tratar de informação sobre prevenção e tratamento de infecções sexualmente transmissíveis em países onde se vive nessas condições jurídicas? Daí, entende-se o porquê da euforia para a cura. Claro que seria algo incrível e fascinante do ponto de vista científico e coletivo, mas não deixa de ser uma espécie de "muleta" para outros problemas estruturais que merecem atenção.

Autor: Dr. Bernardo Almeida - Colunista
Fonte: TecMundo

ITALIANO TESTA POSITIVO PARA HIV, COVID E VARÍOLA DOS MACACOS AO MESMO TEMPO

Imagem: Nolasco et al.,2022
Journal of Infection

Cientistas descobriram o primeiro caso no mundo de co-infecção dos vírus da varíola dos macacos (monkeypox) e da covid-19 em um homem italiano, de 36 anos. Durante a internação, o paciente também testou positivo para o HIV. Até então, ele não sabia que conviva com o vírus da Aids e nunca tratou a condição.

Publicado na revista científica Journal of Infection, o relato de caso sobre o paciente que descobriu estar com varíola dos macacos, covid-19 e HIV ao mesmo tempo foi relatado por pesquisadores e médicos da Universidade de Catania, na Itália.

Como o homem se infectou com varíola dos macacos, HIV e covid?

No mês de junho deste ano, o paciente italiano passou cinco dias na Espanha, o país é o segundo no ranking global de casos da varíola dos macacos, atrás apenas dos Estados Unidos. Durante o período, o homem teve relações sexuais com outros parceiros do sexo masculino. Passados nove dias do retorno da viagem, o paciente começou a sentir alguns sintomas inespecíficos. Segundo a equipe médica, estes foram os primeiros sintomas relatados durante o caso:

Febre;

Dor de garganta;

Dor de cabeça;

Fadiga;

Inchaço dos linfonodos (gânglios).

Quando buscou ajuda médica, o homem descobriu que estava infectado pelo coronavírus SARS-CoV-2. "Na tarde do mesmo dia, uma erupção começou a se desenvolver em seu braço esquerdo", explicam os médicos. Em poucos dias, as erupções cutâneas, no formato de bolhas (pústulas), começaram a surgir também no rosto, nas mãos, nos pés e na região perianal, aquela região que fica entre o ânus e o pênis. Novamente, ele procurou por atendimento médico.

Após exames detalhados, os médicos confirmaram que o paciente estava com a varíola dos macacos. Além disso, a infecção pelo vírus da covid-19 ainda estava ativa e foi identificada a sub-linhagem BA.5.1 da Ômicron como a responsável pelo seu quadro. Neste ponto, a co-infecção estava confirmada. A equipe também descobriu que o paciente tinha sido infectado pelo HIV, mas não foi possível determinar quando.

O que os médicos sabiam sobre o caso?

Na admissão do homem, a equipe médica sabia apenas que ele testou positivo para sífilis em 2019, mas teria tratado a doença. Em setembro de 2021, o paciente testou para a presença do HIV em seu organismo, mas, naquele momento, o resultado foi negativo para o vírus. Além disso, o italiano estava imunizado com duas doses da vacina da Pfizer contra a covid-19. Ele também teria contraído o coronavírus em janeiro deste ano, mas se recuperou bem.

Como está a saúde do paciente?

Segundo os médicos, após cinco dias de internação, quase todos os sintomas da covid-19 e da varíola dos macacos tinham regredido. No entanto, o paciente continuava positivo para os dois vírus e, com isso, ainda podia transmitir as doenças. Dessa forma, foi orientado que se isolasse em sua residência. "Note-se que o swab orofaríngeo da varíola dos macacos ainda foi positivo após 20 dias, sugerindo que esses indivíduos ainda podem ser contagiosos por vários dias após a remissão clínica", explicam os autores do relato de caso. Após este período, o paciente foi finalmente liberado do isolamento. Ele também iniciou o tratamento contra o HIV.

Quem tem HIV corre mais risco com a varíola dos macacos?

Um fator que chama atenção no relato médico é o fato do paciente ser imunossuprimido, ou seja, o sistema imunológico não funciona de forma adequada por causa do HIV, o que pode ter facilitado a co-infecção pela covid e pela varíola dos macacos. Também pode ter permitido que as infecções durassem um tempo maior em seu organismo. Apesar da hipótese, mais casos ainda devem ser investigados. "Como este é o único caso relatado de co-infecção pelo vírus da varíola dos macacos, SARS-CoV-2 e HIV, ainda não há evidências suficientes que apoiem que essa combinação possa agravar a condição do paciente", completam os pesquisadores.

FONTES: JOURNAL OF INFECTION/CANALTECH

A INVISÍVEL INDIFERENÇA DO SER

É insuportável existir tendo a sensação de ser invisível.

São devastadores os efeitos colaterais causados pelo desprezo, pela indiferença daqueles que buscaram a sua atenção, o seu ombro, as suas palavras, a sua ajuda, a sua solidariedade...

Mas que após se sentirem acolhidos, abraçados e aliviados, o ignoram e nem lembram da sua existência.

APENAS 52% DAS CRIANÇAS COM HIV RECEBEM TRATAMENTO ADEQUADO

“Ao redor do mundo, somente pouco mais da metade das crianças com HIV (52%) estão recebendo tratamento adequado. Entre os adultos, essa taxa é de 76%.  Os dados foram levantados pelo último update global do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS)”.

Frente a esse grave problema, o UNAIDS se uniu à Organização Mundial da Saúde (OMS), ao Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e a entidades civis para uma ação, intitulada Aliança Global para Erradicar a AIDS em Crianças até 2030. Foram estabelecidos quatro pilares de ação coletiva:

1) Acabar com a falta de tratamento para meninas e mulheres que vivem com HIV e estejam grávidas ou amamentando, otimizando o tratamento contínuo;

2) Prevenir e detectar novas infecções por HIV entre meninas e mulheres que estejam grávidas ou amamentando;

3) Aumentar a acessibilidade a testes, tratamentos e cuidados para crianças e adolescentes expostos ao HVI ou diagnosticados com o vírus;

4) Dar atenção a direitos, equidade de gênero e às barreiras estruturais que dificultam o acesso a serviços.

Nesta primeira fase, doze países já fazem parte da aliança: Angola, Camarões, Costa do Marfim, República Democrática do Congo, Quênia, Moçambique, Nigéria, África do Sul, Uganda, Tanzânia, Zâmbia e Zimbábue. O lançamento da aliança aconteceu na última Conferência Internacional da AIDS, realizada no Canadá. Na ocasião, a ativista Limpho Nteko, de Lesoto, falou sobre sua atuação no programa mothers2mothers, dedicado a erradicar a AIDS em crianças.

Aos 21 anos, ela estava grávida do primeiro filho quando descobriu que tinha HIV. “Temos que nos unir para acabar com a AIDS em crianças até 2030. Para sermos bem sucedidos, precisamos de uma geração de jovens saudáveis e bem informados que se sintam livres para falar sobre o HIV e para buscar os serviços e o apoio necessários para proteger a eles e a seus filhos contra o HIV. A mothers2mothers conseguiu eliminar a transmissão de HIV entre mãe e bebê dentre as pessoas que atendemos por oito anos consecutivos – mostrando que isso é possível quando nós deixamos as mulheres e as comunidades criarem soluções pensadas para suas realidades”.

FONTE: UNAIDS

ADOLESCENTE INJETA SANGUE DO NAMORADO QUE VIVE COM HIV PARA PROVAR SEU AMÔR

Uma adolescente de 15 anos injetou em sí mesma o sangue do namorado portador do vírus HIV como prova de amor ao companheiro. O caso ocorreu em julho deste ano, na Índia, e teve grande repercussão em todo o país. O rapaz foi preso e a família da adolescente abriu um processo na Justiça contra ela.

De acordo com o site Kalinda TV, o casal teria se conhecido na internet, mais precisamente no Facebook, há três anos. Os familiares da moça relataram que os dois já teriam tentado fugir juntos anteriormente, porém, em todas as tentativas o pai da menina conseguia encontrá-la e levá-la de volta para a casa.

Em uma das últimas vezes de 'revoltar-se' contra a decisão da família, a garota utilizou uma seringa para injetar o sangue do namorado em seu corpo ciente de que ele era portador do vírus. O homem acabou sendo preso e a jovem está sendo acompanhada por médicos.

FONTE: KALINDA TV