Eu vivo com HIV/AIDS desde 1997. A minha história com o vírus você jamais verá nas mídias ditas e pseudo profissionais. Até porque as mesmas não se interessam por pessoas que, "como eu, fazem parte da maioria absoluta que não distorce a realidade", para lacrar, influenciar, ganhar notoriedade, likes e monetizar. Eu sou um vencedor!

EXPECTATIVA DE VIDA DE PESSOAS QUE VIVEM COM HIV NA AMÉRICA LATINA (QUE RECEBEM MEDICAMENTOS) AUMENTOU EXPRESSIVAMENTE

Um estudo publicado na revista científica The Lancet HIV nesta terça-feira (20) traz boas notícias:

“A expectativa de vida entre adultos que vivem com HIV e recebem medicamentos antirretrovirais (ARV) na América Latina e no Caribe aumentou expressivamente. O avanço, de acordo com os pesquisadores, está ligado à ampliação do acesso a testes e serviços de tratamento para a aids”.

Com dados coletados nas duas últimas décadas, os países contemplados pela pesquisa foram Argentina, Brasil, Chile, Haiti, Honduras, México e Peru. O estudo teve a participação de 30 mil adultos com HIV, dos quais 17 mil (57%) eram do Haiti e os outros 13 mil (43%) pertenciam aos demais países. Todos faziam uso de terapia antirretroviral e, durante o período do estudo, cerca de 2 mil morreram.

A expectativa de vida aos 20 anos foi calculada para três intervalos de tempo (2003-2008, 2009-2012 e 2013-2017) e levando em consideração fatores demográficos e clínicos. A análise das informações revelou que de 2003-2008 a 2013-2017, houve um aumento de 13,9 anos no Haiti e de 31 anos para os outros países. 

“Assim, a expectativa de vida dos soropositivos subiu para 61,2 anos no país caribenho e para 69,5 anos na América Latina”.

Os pesquisadores observam que, seguindo uma tendência já detectada em países de maior renda (como no caso do Canadá, dos Estados Unidos e de nações europeias), as pessoas com HIV que tomam medicamentos antirretrovirais das regiões analisadas estão mais próximas das não portadoras do vírus em termos de longevidade, que vivem, em média, 69,9 anos no Haiti e 78 na América Latina.

O estudo, que é o maior do tipo já feito, indica ainda que esse aumento na expectativa de vida está ligado ao lançamento da campanha Treat All, da Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2016. Com o objetivo de erradicar a aids até 2030, as diretrizes recomendam o tratamento com o auxílio de medicamentos antirretrovirais.

Introduzidas na América Latina na década de 1990, as drogas ARV foram disponibilizadas em maior escala nos anos 2000. Elas têm a capacidade de inibir a multiplicação do HIV e, por isso, conseguem evitar o enfraquecimento do sistema imunológico. A pesquisa observou que, em 2016, apenas 40% dos países de baixa e média renda seguiram a Treat All. Já no fim de 2020, esse número passou para 96%.

“Na nossa análise, os maiores ganhos na expectativa de vida coincidiram com o período depois do lançamento do Treat All”, afirma, em nota, Clauda Cortes, da Universidade do Chile. “Desde o fim do período de estudo em 2017, mais países de rendas baixa e média passaram a adotar as recomendações, então estamos esperançosos de que análises futuras mostrem que o Treat All continua ajudando a transformar a vida de pessoas com HIV”, complementa.

As desigualdades persistem:

Apesar das boas notícias, os pesquisadores também chamam a atenção para o fato de que existem disparidades conforme algumas características das populações. De acordo com a pesquisadora Jessica Castilho, da Universidade Vanderbilt, nos Estados Unidos, é necessário realizar mais pesquisas para que os resultados dos grupos mais vulneráveis possam melhorar.

Uma das desigualdades está relacionada ao número de células CD4, que são responsáveis por combater infecções e representam um marcador importante no grau de severidade da aids. No Haiti, espera-se que pacientes com baixo nível de células CD4 vivam até 48.5 anos contra 71 anos daqueles com alto índice. Nos demais países, os números mudam, respectivamente, para 52,7 e 84,8 anos.

Além disso, a tuberculose, uma das principais causas de morte entre pessoas que vivem com HIV, também interferiu na expectativa de vida. Pacientes com histórico da doença no Haiti apresentaram menor expectativa de vida (44,1 anos) do que aqueles sem o mesmo histórico (66,6 anos). Nos outros países, a diferença também foi registrada: 48 anos e 74,1 anos, respectivamente.

A educação escolar foi outro fator que interferiu na expectativa de vida. No Haiti, estima-se que pessoas soropositivas com instrução acima da educação secundária vivam por 77,7 anos. No caso daquelas que têm instrução abaixo desse patamar, o número cai para 53.3 anos. Nos demais países analisados, os números são 75,5 e 57 anos, respectivamente.

Diante desse cenário, duas pesquisadoras brasileiras que não estavam envolvidas no estudo observam que, no contexto da pandemia de Covid-19, esses ganhos na expectativa de vida de pessoas com HIV podem retroceder. “No final de 2020, a estimativa era de que a pobreza atingisse 231 milhões de pessoas na América Latina, nível que foi visto pela última vez há 15 anos, observam Lara Coelho e Paula Luz, do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas. Prevemos que os efeitos da pandemia na região terão um impacto desproporcional nos grupos mais vulneráveis, incluindo pessoas com HIV”, concluem.

FONTES: THE LANCET - REVISTA GALILEU

VACINA CONTRA HIV PODE SE TORNAR REALIDADE EM BREVE

"Vacina  contra HIV conseguiu gerar anticorpos em 97% dos 48 participantes durante a Fase I dos testes clínicos. Cientistas acreditam que mesma abordagem pode ser usada para combater malária, gripe, Zika e dengue".

O Instituto de Pesquisa Scripps, na Califórnia, em conjunto com a IAVI, organização de pesquisa científica sem fins lucrativos, divulgaram os resultados da fase 1 de testes em humanos de uma vacina contra o HIV.

As descobertas, até então, são extremamente positivas: a vacina conseguiu estimular a produção das células raras e necessárias para gerar anticorpos contra a HIV em 97% dos participantes. Na fase 1 dos testes clínicos, 48 voluntários adultos e saudáveis receberam placebo ou duas doses do imunizante, junto com um adjuvante desenvolvido pela GlaxoSmithKline, empresa farmacêutica britânica.

Vale ressaltar que o ensaio clínico foi pequeno e os resultados ainda não foram publicados em qualquer periódico científico. Ainda em fase 1, muitos mais testes terão que ser realizados até conseguir a vacina final. Mesmo assim, as novidades divulgadas soam promissoras, tanto para o público quanto para os cientistas que participaram do estudo. De acordo com dados da IAVI, em 2019, 38 milhões de pessoas no mundo viviam com HIV ou aids e 1,7 milhão foram contaminadas só naquele ano. "Desse total, 33% não têm acesso ao tratamento necessário e podem, consequentemente, infectar outras pessoas".

Como funciona a vacina do HIV?

Atualmente, existem mais de 20 vacinas contra o HIV em fase teste. A que está na fase 1 dos testes clínicos desencandeia a ativação de células B em sua primeira fase, por meio de um processo chamado direcionamento da linha germinativa. Ao todo, a vacina é um processo de várias etapas para induzir a produção de tipos diferentes de "anticorpos amplamente neutralizantes" (mais conhecidos como bnAbs). "Nós e outros postulamos há muitos anos que, para induzir bnAbs, você deve iniciar o processo ativando as células B certas", diz o Dr. William Schief, um professor e imunologista do Instituto Scripps. As células B têm propriedades especiais que lhes dão potencial para se desenvolverem em células secretoras de bnAb, induzindo-as. Porém, apenas cerca de 1 em um milhão delas irão fazer isso, de acordo com Schief.

A produção de bnAbs é visto como um "Santo Graal" na comunidade científica. A esperança é que essas proteínas sanguíneas irão se ligar às proteínas de superfície do HIV, as chamadas espículas, que permitem a entrada do vírus nas células humanas, assim como no coronavírus, e desativá-las pelas regiões que são difíceis de acessar. "A proteína espicular do HIV é muito mais tortuosa", diz Schief. Como resultado da rápida mutação dos genes que formam a espícula, o HIV tem milhões de cepas diferentes. Devido a isso, é improvável que os anticorpos contra uma cepa neutralizem as outras. "E assim o HIV não é realmente um vírus. São realmente 50 milhões de vírus diferentes em todo o mundo agora".

Descobertas da última década serviram para a vacina:

Quando se fala do combate ao HIV, as abordagens que a comunidade científica tem para "vacinas tradicionais" não podem ser usadas. Existem especialmente três fatores que dificultam a produção de imunizantes para o HIV:

1) Nunca houve alguém que conseguiu eliminar a doença do seu corpo de forma natural; 

2) O vírus tem uma variabilidade genética sem precedentes;

3) Sua infecção é feita de forma rápida e dura para o resto da vida.

De primeira, os cientistas da IAVI buscavam imunógenos capazes de ativar uma resposta imune de anticorpos e das células T. Após uma década de esforços, dois avanços científicos fizeram com que o direcionamento fosse outro. A primeira descoberta foi identificada em 2009. Em 2009, bnAbs potentes foram encontrados em indivíduos infectados pelo HIV e posteriormente isolados. A equipe analisou como os anticorpos interagiam e neutralizavam o vírus em testes e, eventualmente, conseguiram identificar pontos vulneráveis nele. Com esse avanço, os cientistas da IAVI começaram a projetar imunógenos de vacinas, com objetivo de eventualmente refinar e melhorar as vacinas candidatas. O primeiro deles (eOD-GT8 60mer) levou a vacina que está hoje na Fase I dos testes clínicos.

O segundo desenvolvimento científico identificado foi entender mais sobre o alvo de todos os bnAbs: a proteína mais externa do HIV, conhecida como "HIV Envelope". Antes, sua estrutura instável dificultava o estudo dos cientistas, mas, agora, após décadas de avanço, pesquisadores estão desenvolvendo e testando imunógenos de vacinas projetadas para se parecerem com a estrutura real do envelope do HIV.

Qual seu impacto na comunidade científica?

Para o Dr. Schief, o primeiro estudo de sucesso da vacina contra o HIV é a prova de que ele pode futuramente ser aplicado a outros patógenos também. "Com nossos muitos colaboradores na equipe de estudo, mostramos que as vacinas podem ser projetadas para estimular células imunes raras com propriedades específicas e esta estimulação direcionada pode ser muito eficiente em humanos", afirmou.

A equipe de cientistas acredita que "a gripe, dengue, Zika, hepatite C e malária podem ser combatidas com a mesma abordagem". Por enquanto, ensaios clínicos adicionais serão realizados para o desenvolvimento da vacina contra o HIV. "“Este ensaio clínico mostrou que podemos impulsionar as respostas imunológicas de maneiras previsíveis para fazer vacinas novas e melhores, e não apenas para o HIV. Acreditamos que este tipo de engenharia de vacina pode ser aplicado de forma mais ampla, trazendo um novo dia para a vacinologia", disse o Dr. Dennis Burton, professor e presidente do Departamento de Imunologia e Microbiologia da Scripps Research.

No momento, os colaboradores estão firmando uma parceria com a Moderna, responsável por uma das vacinas do coronavírus, para desenvolver e testar uma vacina baseada em RNA mensageiro. De acordo com a equipe, o uso da tecnologia de mRNA poderia acelerar significativamente o ritmo de desenvolvimento da vacina contra o HIV, como aconteceu com as da covid-19.

FONTE: EXAME SAÚDE

CUIDADOS DA PESSOA QUE VIVE COM HIV EM TEMPOS DE COVID

A pandemia causada pela COVID-19 trouxe repercussões globais. Da noite para o dia, pessoas em todo o mundo suspenderam suas rotinas e passaram a adotar o isolamento social, seguindo as recomendações governamentais e sanitárias, como forma de conter a disseminação do vírus. 

No entanto, existem diversos subgrupos com particularidades que precisam de uma atenção especial com essa mudança brusca no estilo de vida. Um exemplo são as pessoas vivendo com HIV (PVHIV), que requerem acompanhamento constante e frequência na retirada de medicações.

De acordo com os dados divulgados até então, não há relatos de que a infecção por HIV tenha sido associada a formas graves de COVID-19 ou a maior chance de morte. Contudo, isso não representa que as PVHIV não precisem se preocupar com as medidas de prevenção. Elas devem seguir exatamente as mesmas recomendações que o restante da população.

Tais medidas incluem o reforço da prevenção individual com a etiqueta respiratória (cobrir a boca e o nariz com o antebraço ou lenço descartável ao tossir e espirrar); isolamento domiciliar de pessoas com sintomas da doença por até 14 dias; evitar aglomerações; prática da higiene frequente lavando as mãos com água e sabão e desinfecção com álcool 70% de objetos e superfícies tocados com frequência. Até mesmo a forma de cumprimentar o outro deve mudar, evitando-se abraços, apertos de mãos e beijos no rosto.

Além disso, as PVHIV assim como os indivíduos considerados do grupo de risco (idosos acima de 60 anos, crianças até seis anos e profissionais da saúde) devem ter preferência na vacinação contra a gripe. Ainda que a vacina não apresente eficácia contra o coronavírus, ela ajuda a reduzir o número de pacientes com sintomas respiratórios. Importante lembrar que não há restrição quanto à quantidade de CD4, por isso qualquer pessoa com HIV pode se vacinar. Porém, se apresentar febre ou sintomas da COVID-19, deve-se aguardar a evolução do quadro.

Como uma das principais recomendações atuais é evitar sair de casa e ir a unidades de saúde apenas quando estritamente necessário, foi divulgado um ofício circular pelo Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis, do Ministério da Saúde, sobre o cuidado das PVHIV no contexto da pandemia da COVID-19. Ele recomenda que, sempre que possível, a dispensação da terapia antirretroviral seja ampliada para até três meses, principalmente para os indivíduos com contagem de linfócitos T-CD4 < 500 cel/mL. Do mesmo modo, as consultas devem ser mais espaçadas, de acordo com as condições clínicas de cada paciente.

Para viabilizar tais medidas, a validade dos formulários de medicamentos antirretrovirais para tratamento foi ampliada automaticamente no Sistema de Controle Logístico de Medicamentos (SICLOM) para mais 90 dias, mantendo a mesma indicação terapêutica, sem a necessidade de novo formulário.

Foco na prevenção sem esquecer da adesão:

Por mais que no momento haja um esforço global focado na prevenção do coronavírus, ao se considerar as PVHIV não se pode menosprezar a atenção específica a seu tratamento antirretroviral. O Ministério da Saúde já tomou as medidas supracitadas para evitar que as pessoas assintomáticas para COVID-19 procurem unidades de saúde. No entanto, não é possível manter suspensos determinados serviços inseridos no sistema de saúde durante a pandemia.

Por exemplo, a redução dos programas de testagem poderia desencadear aumento de PVHIVs não diagnosticadas, além da elevação de novos casos de infecção por HIV e de morte por AIDS. Nesse contexto, deve-se assegurar não somente a distribuição dos antirretrovirais como toda continuidade de prevenção e diagnóstico, a exemplo da distribuição de preservativos e realização de testes rápidos para HIV.

Outro ponto passivo de atenção é manutenção da adesão ao tratamento das PVHIVs nesse período. É importante que elas compreendam as razões do uso dos medicamentos, mesmo quando se encontram em boas condições de saúde. Ou, ainda, que não percam o foco do seu tratamento por conta das preocupações que a cercam neste momento em que se fala 24 horas sobre o coronavírus.

A equipe multidisciplinar, mais uma vez, tem papel fundamental nesse processo. Cabe a esses profissionais, com os recursos disponíveis e no momento em que se recomenda o isolamento, orientar de forma adequada esses pacientes no momento da dispensação. Reforçar junto ao paciente a importância da adesão e dicas que podem facilitar esse processo a fim de garantir um maior engajamento dos pacientes no tratamento durante este período de isolamento social.

Sabe-se que os problemas na adesão podem comprometer futuramente a qualidade de vida do paciente. Portanto, há que se praticar a escuta ativa, em que o profissional estimula e acolhe o paciente. Essa parceria deve ser consolidada e nutrida e ambos devem pensar juntos as soluções para a manutenção da adesão e a superação das barreiras, como as impostas agora por essa pandemia.

É válido lembrar que as demandas em saúde não se limitam às questões de ordem médica. Elas se referem também a necessidades, dúvidas, preocupações, angústias e medos, manifestos ou não, vivenciados durante o atendimento. Desse modo, os aspectos biopsicossociais podem surgir em maior demanda e não devem ser negligenciados neste momento. Por isso, a importância de que em meio a esse cenário a equipe multidisciplinar identifique os recursos disponíveis e os adote para preservar, sempre que possível, a atenção e o acolhimento das PVHIV.

FONTE: PARTICIPATHIVOS