Eu vivo com HIV/AIDS desde 1997. A minha história com o vírus você jamais verá nas mídias ditas e pseudo profissionais. Até porque as mesmas não se interessam por pessoas que, "como eu, fazem parte da maioria absoluta que não distorce a realidade", para lacrar, influenciar, ganhar notoriedade, likes e monetizar. Eu sou um vencedor!

GINECOLOGISTA CRIA 1ª CAMISINHA UNISSEX DO MUNDO

Um ginecologista, na Malásia, criou o que chama de a “primeira camisinha unissex do mundo”, que pode ser utilizada tanto por mulheres, como por homens. O preservativo é feito com um material médico geralmente utilizado para curativos de lesões e ferimentos.

Seu criador espera que a camisinha, chamada de Wondaleaf Unisex Condom, empodere as pessoas a terem um melhor controle de sua saúde sexual, independentemente do seu gênero ou de sua orientação sexual. “É basicamente um preservativo normal com uma cobertura adesiva”, explica o ginecologista da empresa de suprimentos médicos Twin Catalyst, John Tang Ing Chinh, e complementa: “É um preservativo com uma cobertura adesiva que se fixa à vagina ou ao pênis, além de cobrir a área adjacente para proteção extra”. A parte adesiva é aplicada apenas em um lado do preservativo, ressaltou o ginecologista, o que significa que pode ser revertido e usado por qualquer sexo.

Cada caixa do Wondaleaf contém dois preservativos e custará 14,99 ringgit malaio, o equivalente a cerca de 20 reais. O preço médio de uma dúzia de preservativos tradicionais na Malásia varia entre 20 e 40 ringgit. Tang fez os preservativos usando poliuretano, um material usado em curativos transparentes que é fino e flexível, mas também resistente e à prova d’água. “Depois de colocar, muitas vezes você não percebe que está lá”, disse o médico, referindo-se aos curativos feitos com o material.

O ginecologista afirmou ainda que o Wondaleaf passou por diversas rodadas de pesquisas clínicas e testes, e estará disponível comercialmente no site da empresa em dezembro. “Com base no número de testes clínicos que conduzimos, estou bastante otimista de que, com o tempo, será um acréscimo significativo aos muitos métodos anticoncepcionais usados na prevenção de gravidez indesejada e doenças sexualmente transmissíveis”, finalizou Tang.

Fonte: Reuters

DR. ESPER KALLÁS: VIVER COM HIV NÃO É CRIME!

"DR. ESPER KALLÁS É MÉDICO INFECTOLOISTA, PROFESSOR TITULAR DO DEPARTAMENTO DE MOLÉSTIAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS, E PESQUISADOR DA USP"

Há alguns anos, fui consultado sobre um caso de uma pessoa que, supostamente, tentava transmitir sexualmente o HIV. Isso aconteceu pois descobriu-se que vivia com o vírus, depois de terem sido encontradas receitas médicas em sua gaveta, nas quais constavam os remédios do coquetel de tratamento. O delegado responsável por investigar a denúncia, até então, tendia a aceitar a abertura do processo.

Criminalizar alguém por estar infectado pelo HIV ainda é um grave problema em vários países do mundo, incluindo o Brasil. Ao menos 92 países têm leis específicas ou suficientemente vagas que permitem responsabilizar judicialmente uma pessoa que vive com o vírus por manter relações sexuais. A situação torna-se ainda mais grave pois a maioria das pessoas vivendo com HIV pertence a grupos populacionais socialmente mais vulneráveis.

Em relações sexuais consensuais, uma pessoa que vive com HIV precisa, obrigatoriamente, revelar seu status sorológico para o parceiro?

A resposta é NÃO!

Sustentando esta posição, seguem algumas ponderações:

- Em relação à prevenção de infecções sexualmente transmissíveis, "ter uma relação sexual consensual traz responsabilidades para todos que dela tomam parte".

- O tratamento com o coquetel de antirretrovirais é altamente eficaz no controle da multiplicação do HIV, permitindo que as pessoas consigam manter o HIV indetectável no sangue. COMO CONSEQUÊNCIA, DEIXAM DE TRANSMITIR O VÍRUS POR VIA SEXUAL. 

- Em diversos, extensos e repetidos estudos, os resultados são contundentes: "pessoas que compõem casais cujo parceiro sexual vive com HIV e tem vírus indetectável não se infectaram, mesmo com relações sexuais sem proteção por camisinha masculina ou feminina. Como resultado, uma pessoa que vive com o HIV e está indetectável é um parceiro sexual mais seguro em uma relação sexual desprotegida do que alguém que não sabe se tem o vírus. Daí o conceito de INDETECTÁVEL= NÃO TRANSMISSOR".

- A recomendação é partilhada pelo Programa Conjunto das Nações Unidas para HIV/Aids (Unaids), que também sugere aos países respeito à confidencialidade das pessoas que vivem com o vírus, auxiliando no combate ao preconceito e favorecendo o acesso aos serviços de saúde. Continuar criminalizando pessoas somente porque vivem com o HIV trilha o caminho inverso.

- Comparando HIV aos demais agentes de infecções sexualmente transmissíveis, nota-se que estes também podem levar a consequências potencialmente graves. Por exemplo, a sífilis, na forma terciária, pode comprometer órgãos e sistemas, inclusive as funções neurológicas. A gonorréia pode levar à infertilidade. O HPV pode levar a câncer genital, especialmente em mulheres. "Não há, nestas circunstâncias, o mesmo movimento de imputação de culpa por ter ocorrido transmissão por sexo".

Ao contrário de criminalizar as pessoas que vivem com HIV, é preciso fortalecer os serviços de saúde para promoção da prevenção de infecções sexualmente transmissíveis, facilitar acesso a testes para agentes transmissíveis por via sexual e assegurar tratamento com remédios do coquetel antirretroviral aos que vivem com o HIV. Cabe, aqui, discutir uma campanha que esclareça melhor à sociedade o conceito "indetectável = não transmissor".

Já passou da hora de resolver esse problema de saúde pública e, também, de direitos humanos!

Fontes: Folha de São Paulo - Agência de Notícias da Aids

NOVO TRATAMENTO PODE REDUZIR NECESSIDADE DE MEDICAÇÃO DIÁRIA CONTRA O HIV

Uma nova combinação de tratamento para o HIV pode fortalecer a resposta imunológica de um paciente contra o vírus, mesmo após interromper os medicamentos tradicionais, de acordo com um estudo publicado na revista Science Immunology.

Pessoas com HIV tomam uma combinação de medicamentos anti-HIV para reduzir a quantidade de vírus que têm em seu corpo. Quando tomados conforme prescrito, esses medicamentos, chamados coletivamente de terapia antirretroviral, podem reduzir a quantidade de vírus no corpo a níveis indetectáveis. 

Essa terapia antirretroviral "deve ser administrada diariamente para que o vírus tenha menor probabilidade de sofrer mutação e se tornar resistente aos medicamentos".

Embora reduzir a quantidade de vírus no corpo a níveis indetectáveis, "signifique que ele não pode mais ser transmitido, os medicamentos antirretrovirais mais eficazes são incapazes de eliminar completamente o vírus". Isso ocorre porque o HIV se esconde em áreas imunologicamente privilegiadas do corpo, como certas partes do tecido linfóide, que são menos acessíveis ao sistema imunológico para protegê-las de danos. "As células T assassinas, que procuram e eliminam as células infectadas, são incapazes de patrulhar esses reservatórios virais que abrigam o HIV".

A exposição constante ao vírus pode levar as células T assassinas a um estado de exaustão em que não funcionam tão bem. As células T assassinas exauridas exibem mais de uma proteína chamada PD-1, que funciona como um "interruptor para sua atividade de matar". Uma maneira de reverter a exaustão das células T assassinas é bloquear o interruptor de desligamento PD-1, mas isso não eleva a resposta do sistema imunológico ao vírus. Por outro lado, uma vacina contra o HIV pode aumentar significativamente a imunidade contra o vírus.

Então, "testamos se a combinação dessas duas táticas poderia melhorar o controle da infecção pelo HIV". Administramos uma vacina para o SIV, um primo próximo do HIV, com um medicamento que bloqueia a PD-1 em macacos rhesus infectados com SIV e tratados com terapia antirretroviral. Descobrimos que nossa abordagem gerou uma resposta antiviral robusta em várias partes do corpo, "incluindo locais com privilégios imunológicos nos nódulos linfáticos, e permitiu que as células T assassinas se infiltrassem e eliminassem os reservatórios virais. Mais importante ainda, os macacos mantiveram uma forte imunidade contra o vírus mesmo depois de interromperem a terapia antirretroviral, e melhoraram significativamente sua sobrevida".

"Nenhum dos sete macacos no grupo de tratamento combinado desenvolveu aids durante nosso período de acompanhamento de seis meses, em comparação com metade dos macacos que receberam apenas a vacina ou terapia antirretroviral isolada". Por que isso importa?

Cerca de 38 milhões de pessoas em todo o mundo estavam vivendo com o HIV em 2020. Se não for tratado, ele pode paralisar o sistema imunológico e deixar o corpo vulnerável a infecções normalmente inofensivas. "Existem problemas de acessibilidade com o tratamento, que deve ser tomado diligentemente todos os dias para a vida toda". Um estudo de 2015 estimou que o custo vitalício da terapia antirretroviral para alguém que contrai o HIV aos 35 anos é de US$ 358.380. "E muitas pessoas não têm acesso à terapia antirretroviral diária. Cerca de três quartos dos adultos com HIV na África Subsaariana não atingem a supressão viral persistente devido à falta de disponibilidade de tratamento". Além disso, "embora a terapia antirretroviral possa suprimir completamente a infecção pelo HIV, ela não a cura. Sempre existe o risco de o vírus sofrer mutação e se tornar resistente aos medicamentos disponíveis". O que ainda não se sabe?

Eliminar completamente o HIV do corpo é uma forma de acabar com a necessidade de terapia antirretroviral diária. Mas uma estratégia mais viável é colocar as células infectadas sob controle. Atualmente, "apenas 0,5% dos indivíduos HIV positivo são considerados controladores de elite, capazes de suprimir a infecção sem medicação". Embora nosso estudo tenha mostrado um caminho potencial para controlar o HIV, ele ainda está em desenvolvimento e não está pronto para pacientes humanos. Mais pesquisas são necessárias para entender como os reservatórios virais se formam e por que certas células respondem de maneira diferente a certas imunoterapias. 

Próximos passos: Uma única forma de terapia pode não resultar na remissão completa do HIV. Nossa equipe está testando outras combinações de medicamentos para liberar todo o potencial do sistema imunológico e superar as barreiras para a cura.

FONTE: THE CONVERSATION