Eu vivo com HIV/AIDS desde 1997. A minha história com o vírus você jamais verá nas mídias ditas e pseudo profissionais. Até porque as mesmas não se interessam por pessoas que, "como eu, fazem parte da maioria absoluta que não distorce a realidade", para lacrar, influenciar, ganhar notoriedade, likes e monetizar. Eu sou um vencedor!

INDETECTÁVEL=INTRANSMISSÍVEL - A GRANDE MUDANÇA NA VIDA DE CASAIS COM HIV

"Indetectável = intransmissível - I = I"

Essa abreviação provocou uma verdadeira revolução no âmbito do HIV. E não somente do ponto de vista clínico, mas, especialmente, de uma perspectiva humana: "devido ao estigma da rejeição pelo outro, os soropositivos sempre tiveram que lidar com a angústia e a ansiedade de saber que suas relações sexuais e afetivas estariam marcadas pelo medo de infectar o seu parceiro". E falamos de uma revolução fundamentada tanto na análise clínica, como na evidência científica:

"Que demonstra que uma pessoa soropositiva cuja carga viral é indetectável, isto é, mais de 95% de quem segue corretamente o tratamento antirretroviral, não pode transmitir o vírus".

Essa ideia não é realmente nova, explica o médico associado do Serviço de Medicina Interna Infecciosa do Hospital de La Princesa, em Madrid, na Espanha, e coordenador médico da organização 'Apoyo Positivo', Lucio J. García Fraile: "Havia muitos estudos que sugeriam isso, mas, por precaução, não se falava tão explicitamente. Sempre havia alguma objeção a eles, sempre parecia haver algum preconceito. Até que a evidência científica fosse esmagadora".

García Fraile se refere aos estudos internacionais que demonstraram que, em casais sorodiscordantes, em que apenas um dos indivíduos é soropositivo, não houve transmissão do HIV ao soronegativo quando a carga viral da pessoa com o vírus estava indetectável há seis meses ou mais. A carga viral é considerada indetectável quando o número de partículas de HIV em um mililitro de sangue está abaixo de 50.

"No início, os estudos eram pequenos, mas agora as evidências são muito sólidas, com milhares de pessoas sendo acompanhadas durante anos", explica a chefe de Seção da Unidade de HIV do Hospital Ramón y Cajal, em Madrid, María Jesús Pérez Elías, que acrescenta: "Essas evidências sinalizam que não houve nenhum caso de transmissão do HIV em relações sexuais sem preservativos, inclusive em práticas que consideramos especialmente de risco".

"Já não é possível contestar os resultados. Os estudos foram feitos em vida real, em casais reais, em todos os tipos de relações e com todos os tipos de práticas sexuais. E podemos dizer que indetectável é igual a intransmissível, complementa García Fraile".

No entanto, esta informação ainda não foi ecoada nem difundida socialmente, lamenta a mediadora de Saúde Sexual da 'Apoyo Positivo', Marina Hispán Alonso. E é nesse ponto que entra em jogo a campanha I = I, que começou nos Estados Unidos há cinco anos e se tornou uma comunidade global em crescimento, reunindo ativistas e pesquisadores e estendendo-se a mais de 100 países. "Seu propósito é, baseado na evidência científica, orientar e tranquilizar pessoas com HIV (e, por extensão, seus amigos, parceiros e familiares) sobre poderem viver sem se preocupar em transmitir a infecção. Desde que, evidentemente, estejam em tratamento e tenham uma carga viral indetectável".

"Conscientizar que, graças aos medicamentos, é possível que tenham relações sexuais sem medo da transmissão. É muito importante para a visão alheia, mas também para o olhar interno: um diagnóstico de HIV envolve um processo de luta e de aceitação, no qual causa muito desconforto pensar que você pode ser um perigo para seus parceiros. Por isso, o tratamento antirretroviral não é bom apenas para a saúde física, mas também para a mental e emociona", explica a mediadora.

Marina vive com HIV. Por meio de seu trabalho como ativista e na organização 'Apoyo Positivo', ela logo teve conhecimento sobre os estudos que estavam sendo realizados e que ela, por estar com carga viral indetectável, não poderia transmitir o vírus a seus parceiros. "Vivi muitas situações desagradáveis, mas, quando conheci meu atual parceiro, sabia que havia superado minha luta e tinha a informação correta. Eu lhe informei sobre o que é viver com HIV e o que é ser indetectável. Com carinho e amor, seguimos em frente e nos apoiamos", conta ela.

Porém, o medo, em muitos casos, continua ali. Pedro, por exemplo, é soronegativo e não consegue ter relações sexuais sem proteção, por mais que Miguel, seu parceiro e soropositivo, esteja há anos com carga viral indetectável. "Só me traz estresse e ansiedade, não vale a pena para mim. O preservativo não é algo que me limita, nos dá segurança", explica Pedro. Ele conta ainda que ambos se surpreenderam muito, "quando o médico lhes informou que, se quisessem, poderiam deixar de utilizar a camisinha.Tantos anos ouvindo o contrário… que acabamos internalizando e fica difícil aceitar", reconhece Miguel".

Fica difícil também para aos médicos, reconhece Pérez Elías: "Para nós que estamos há 30 anos explicando a nossos pacientes a importância de se ter relações sexuais com preservativo, mudar a mensagem não tem sido fácil. E para eles ocorre o mesmo: ficam com aquilo queimando no cérebro. Mas é importante admitir que I = I, e tomar um tempo para explicar isso bem".

O médico García Fraile acrescenta: "A mensagem, do ponto de vista biomédico e social, é positiva. Permite que essas pessoas tenham uma vida sexual tranquila, prazerosa e plena. Muitas vezes, elas vivem com o medo do que aconteceria se o preservativo romper. Nós temos na cabeça um perfil da pessoa soropositiva como alguém irresponsável, mas essa é uma minoria. A maior parte da comunidade está muito consciente".

Essa mudança na mensagem acontece, portanto, individualmente, como um casal, e socialmente. O movimento I = I insiste que se trata de uma oportunidade para transformar a vida das pessoas com HIV: transforma sua vida social, sexual e reprodutiva; ataca o estigma e fortalece o empoderamento, além de reduzir a ansiedade e incentivar a continuação do tratamento antirretroviral.

"Esse último ponto, sobre continuar o tratamento, é crucial. Porque, caso não seja devidamente seguido, a carga viral voltará a subir e, em consequência, voltará a ter a capacidade de ser transmitida. Outro aspecto importante é a mensagem de que estar indetectável só diz respeito ao HIV".

"Difundimos uma mensagem que não se conhecia, a de que I = I e que o tratamento antirretroviral nos garante exclusivamente que não transmitiremos o HIV, mas não garante o mesmo para as outras infecções e doenças transmitidas sexualmente, adverte Marina Hispán em referência a ISTs como hepatite C, sífilis, gonorreia, entre outras".

FONTE: AGÊNCIA DE NOTÍCIAS DA AIDS

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