Eu vivo com HIV/AIDS desde 1997. A minha história com o vírus você jamais verá nas mídias ditas e pseudo profissionais. Até porque as mesmas não se interessam por pessoas que, "como eu, fazem parte da maioria absoluta que não distorce a realidade", para lacrar, influenciar, ganhar notoriedade, likes e monetizar. Eu sou um vencedor!

CUIDADOS DA PESSOA QUE VIVE COM HIV EM TEMPOS DE COVID

A pandemia causada pela COVID-19 trouxe repercussões globais. Da noite para o dia, pessoas em todo o mundo suspenderam suas rotinas e passaram a adotar o isolamento social, seguindo as recomendações governamentais e sanitárias, como forma de conter a disseminação do vírus. 

No entanto, existem diversos subgrupos com particularidades que precisam de uma atenção especial com essa mudança brusca no estilo de vida. Um exemplo são as pessoas vivendo com HIV (PVHIV), que requerem acompanhamento constante e frequência na retirada de medicações.

De acordo com os dados divulgados até então, não há relatos de que a infecção por HIV tenha sido associada a formas graves de COVID-19 ou a maior chance de morte. Contudo, isso não representa que as PVHIV não precisem se preocupar com as medidas de prevenção. Elas devem seguir exatamente as mesmas recomendações que o restante da população.

Tais medidas incluem o reforço da prevenção individual com a etiqueta respiratória (cobrir a boca e o nariz com o antebraço ou lenço descartável ao tossir e espirrar); isolamento domiciliar de pessoas com sintomas da doença por até 14 dias; evitar aglomerações; prática da higiene frequente lavando as mãos com água e sabão e desinfecção com álcool 70% de objetos e superfícies tocados com frequência. Até mesmo a forma de cumprimentar o outro deve mudar, evitando-se abraços, apertos de mãos e beijos no rosto.

Além disso, as PVHIV assim como os indivíduos considerados do grupo de risco (idosos acima de 60 anos, crianças até seis anos e profissionais da saúde) devem ter preferência na vacinação contra a gripe. Ainda que a vacina não apresente eficácia contra o coronavírus, ela ajuda a reduzir o número de pacientes com sintomas respiratórios. Importante lembrar que não há restrição quanto à quantidade de CD4, por isso qualquer pessoa com HIV pode se vacinar. Porém, se apresentar febre ou sintomas da COVID-19, deve-se aguardar a evolução do quadro.

Como uma das principais recomendações atuais é evitar sair de casa e ir a unidades de saúde apenas quando estritamente necessário, foi divulgado um ofício circular pelo Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis, do Ministério da Saúde, sobre o cuidado das PVHIV no contexto da pandemia da COVID-19. Ele recomenda que, sempre que possível, a dispensação da terapia antirretroviral seja ampliada para até três meses, principalmente para os indivíduos com contagem de linfócitos T-CD4 < 500 cel/mL. Do mesmo modo, as consultas devem ser mais espaçadas, de acordo com as condições clínicas de cada paciente.

Para viabilizar tais medidas, a validade dos formulários de medicamentos antirretrovirais para tratamento foi ampliada automaticamente no Sistema de Controle Logístico de Medicamentos (SICLOM) para mais 90 dias, mantendo a mesma indicação terapêutica, sem a necessidade de novo formulário.

Foco na prevenção sem esquecer da adesão:

Por mais que no momento haja um esforço global focado na prevenção do coronavírus, ao se considerar as PVHIV não se pode menosprezar a atenção específica a seu tratamento antirretroviral. O Ministério da Saúde já tomou as medidas supracitadas para evitar que as pessoas assintomáticas para COVID-19 procurem unidades de saúde. No entanto, não é possível manter suspensos determinados serviços inseridos no sistema de saúde durante a pandemia.

Por exemplo, a redução dos programas de testagem poderia desencadear aumento de PVHIVs não diagnosticadas, além da elevação de novos casos de infecção por HIV e de morte por AIDS. Nesse contexto, deve-se assegurar não somente a distribuição dos antirretrovirais como toda continuidade de prevenção e diagnóstico, a exemplo da distribuição de preservativos e realização de testes rápidos para HIV.

Outro ponto passivo de atenção é manutenção da adesão ao tratamento das PVHIVs nesse período. É importante que elas compreendam as razões do uso dos medicamentos, mesmo quando se encontram em boas condições de saúde. Ou, ainda, que não percam o foco do seu tratamento por conta das preocupações que a cercam neste momento em que se fala 24 horas sobre o coronavírus.

A equipe multidisciplinar, mais uma vez, tem papel fundamental nesse processo. Cabe a esses profissionais, com os recursos disponíveis e no momento em que se recomenda o isolamento, orientar de forma adequada esses pacientes no momento da dispensação. Reforçar junto ao paciente a importância da adesão e dicas que podem facilitar esse processo a fim de garantir um maior engajamento dos pacientes no tratamento durante este período de isolamento social.

Sabe-se que os problemas na adesão podem comprometer futuramente a qualidade de vida do paciente. Portanto, há que se praticar a escuta ativa, em que o profissional estimula e acolhe o paciente. Essa parceria deve ser consolidada e nutrida e ambos devem pensar juntos as soluções para a manutenção da adesão e a superação das barreiras, como as impostas agora por essa pandemia.

É válido lembrar que as demandas em saúde não se limitam às questões de ordem médica. Elas se referem também a necessidades, dúvidas, preocupações, angústias e medos, manifestos ou não, vivenciados durante o atendimento. Desse modo, os aspectos biopsicossociais podem surgir em maior demanda e não devem ser negligenciados neste momento. Por isso, a importância de que em meio a esse cenário a equipe multidisciplinar identifique os recursos disponíveis e os adote para preservar, sempre que possível, a atenção e o acolhimento das PVHIV.

FONTE: PARTICIPATHIVOS

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